Imagine viver em um planeta onde tempestades estelares são constantes, a atmosfera está sempre superaquecida e o céu brilha com rajadas de energia capazes de evaporar o ar, esse é o caso de HIP 67522 b, um exoplaneta localizado a cerca de 400 anos-luz da Terra, em uma relação intensa — e potencialmente destrutiva — com sua estrela.
Descoberto por uma equipe internacional de astrônomos, esse planeta chama a atenção por um comportamento raro: ele pode estar provocando as próprias explosões solares (flares) da estrela que orbita. E isso tem consequências extremas.
☀️ Uma estrela ativa e um planeta em risco
A estrela HIP 67522 b é jovem, com apenas 17 milhões de anos, e pertence a uma classe conhecida por apresentar atividade magnética intensa, principalmente nas fases iniciais da vida. O planeta HIP 67522 b, por sua vez, é um gigante gasoso que completa uma volta ao redor da estrela em apenas sete dias terrestres. Isso significa que ele está extremamente próximo do astro, em uma zona onde a radiação e o calor são brutais.
Diferente da Terra, que está a uma distância segura do Sol, HIP 67522 b sofre o tempo todo com erupções estelares. E pior: ele parece estar envolvido na origem desses flares, como se sua presença ativasse o campo magnético da estrela, disparando explosões de energia que, por sua vez, atingem o próprio planeta.
🌪️ Uma relação magnética e destrutiva
A interação entre o planeta e a estrela é tão intensa que os cientistas acreditam que o campo magnético de HIP 67522 b se conecta diretamente ao da estrela, como se formasse uma ponte invisível. Isso pode explicar por que ocorrem flares com muito mais frequência nesse sistema do que seria esperado.
Essas explosões não apenas lançam radiação no espaço como também aquecem a atmosfera do planeta, fazendo com que ela se expanda. Como resultado, HIP 67522 b — apesar de ter apenas 5% da massa de Júpiter — já apresenta um diâmetro semelhante ao do gigante do nosso sistema solar.
No entanto, essa expansão tem um preço: a atmosfera inflada é mais vulnerável à erosão causada pela radiação estelar. Se o bombardeio continuar, o planeta poderá perder grande parte de sua atmosfera nas próximas centenas de milhões de anos.
Janine Fohlmeister, Instituto Leibniz de Astrofísica de Potsdam
🔮 Um futuro incerto para o Exoplaneta HIP 67522
Os astrônomos estimam que, se o processo continuar nesse ritmo, HIP 67522 b pode encolher e se tornar um “Netuno quente” — um tipo de planeta com menor massa e atmosfera mais fina. Em cenários ainda mais extremos, ele poderia acabar como um sub-Netuno, menor e mais denso, um tipo de planeta comum em nossa galáxia, mas que não existe no Sistema Solar.
Esse caso mostra como o ambiente estelar pode influenciar drasticamente a evolução de um planeta, moldando seu tamanho, atmosfera e até sua sobrevivência.
🛰️ Como os cientistas descobriram isso?
Mesmo estando a 400 anos-luz de distância, os astrônomos conseguiram desvendar esse fenômeno utilizando dois telescópios espaciais:
- TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), da NASA
- CHEOPS (CHaracterising ExOPlanets Satellite), da ESA
Esses instrumentos usam o método de trânsito, que detecta quedas na luz da estrela quando um planeta passa em sua frente. Ao longo de cinco anos de observações, os cientistas não só mediram o tamanho e a órbita do planeta, como também identificaram picos de brilho causados por flares estelares.
Ao cruzar os dados, eles perceberam que os flares aconteciam com seis vezes mais frequência quando o planeta estava conectado magneticamente à estrela. Ou seja, a presença do planeta está diretamente ligada à atividade estelar.
👩🔬 A equipe por trás da descoberta
A astrônoma Ekaterina Ilin, do Instituto Holandês de Radioastronomia, liderou a pesquisa, que contou com cientistas da Holanda, Alemanha, Suécia e Suíça. A equipe publicou o estudo na renomada revista científica Nature, em 2 de julho de 2025, com o título:
“Close-in planet induces flares on its host star”
(Planeta próximo induz explosões em sua estrela hospedeira)
🌌 Conclusão Sobre Exoplaneta HIP 67522 b
Em resumo, o caso de HIP 67522 b revela como a dinâmica entre planetas e suas estrelas pode ser muito mais complexa — e perigosa — do que se imaginava. Além disso, a descoberta de que um exoplaneta pode induzir flares na estrela que orbita reforça a importância de se estudar esses sistemas jovens e ativos.
Por outro lado, o futuro desse planeta permanece incerto. Se as explosões estelares continuarem com a mesma intensidade, é provável que HIP 67522 b perca grande parte de sua atmosfera. Como consequência, ele poderá se transformar em um Netuno quente ou, em um cenário ainda mais extremo, em um sub-Netuno.
Portanto, acompanhar esse sistema nos próximos anos será essencial para entender melhor os efeitos da atividade estelar sobre planetas próximos. Além disso, novas descobertas envolvendo sistemas como o de HIP 67522 b podem lançar luz sobre os desafios enfrentados por planetas de outras galáxias.
Afinal, o universo está repleto de mistérios. E cada planeta descoberto acrescenta mais peças a esse grande quebra-cabeça cósmico.
❓FAQ – Perguntas Frequentes
🔹 O que é HIP 67522 b?
É um exoplaneta HIP 67522 b gigante gasoso, localizado a 400 anos-luz da Terra, que orbita sua estrela a cada 7 dias. Ele é bombardeado por intensas erupções estelares.
🔹 Como ele causa flares na estrela?
Acredita-se que o campo magnético do planeta se conecte ao da estrela, desencadeando flares — explosões de radiação — que depois atingem o próprio planeta.
🔹 O que pode acontecer com o planeta no futuro?
Com a atmosfera sendo constantemente inflada e erodida, o planeta pode encolher e se tornar um “Netuno quente” ou até um sub-Netuno.
🔹 Como essa descoberta foi feita?
Através dos telescópios espaciais TESS (NASA) e CHEOPS (ESA), que observaram o sistema por cinco anos, registrando trânsitos planetários e explosões de luz estelar.
🔹 Isso já foi visto em outros planetas?
Casos como esse são raros e ainda estão sendo estudados. HIP 67522 b é um dos primeiros onde há forte evidência de que o planeta afeta diretamente a atividade da estrela.
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Fonte: Artigo Nasa