Pular para o conteúdo
Home » Blog » Novo estudo desafia teoria sobre a origem do núcleo de Júpiter

Novo estudo desafia teoria sobre a origem do núcleo de Júpiter

Pesquisadores sugerem que o núcleo do maior planeta do Sistema Solar pode ter se formado de forma gradual — e não por um impacto colossal.

Por décadas, cientistas acreditaram que o misterioso núcleo de Júpiter teria sido moldado por uma colisão gigantesca nos primórdios do Sistema Solar. A hipótese era de que um planeta em formação, contendo cerca de metade do material do núcleo joviano, teria colidido com o gigante gasoso, misturando suas camadas internas.

No entanto, um novo estudo publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society oferece uma explicação bem diferente — e surpreendente.

De acordo com os pesquisadores da Durham University, em colaboração com cientistas da NASA, SETI e da Universidade de Oslo, o núcleo diluído de Júpiter — uma região que não possui um limite definido, mas se mistura gradualmente com as camadas externas de hidrogênio e hélio — pode ter se formado naturalmente ao longo de sua evolução, sem a necessidade de uma colisão extrema.

Juno se aproximando do gigante gasoso, simbolizando sua destruição planejada para evitar a contaminação de luas como Europa, que são alvos de futuras missões em busca de vida
Juno se aproximando do gigante gasoso,

Simulações desafiam o impacto catastrófico

Usando supercomputadores de ponta no centro DiRAC COSMA, a equipe realizou simulações de alta precisão com o software SWIFT, analisando como um impacto massivo afetaria o interior de Júpiter.

Os resultados foram claros: nenhum dos cenários simulados conseguiu reproduzir a estrutura estável e diluída observada hoje no planeta. Mesmo sob condições extremas, o material rochoso e gelado do núcleo tendia a se reacomodar rapidamente, recriando uma fronteira nítida entre o centro e as camadas gasosas superiores.

O pesquisador principal, Dr. Thomas Sandnes, comentou:

“É fascinante ver como um planeta gigante reagiria a um dos eventos mais violentos que podem ocorrer durante sua formação. Nossas simulações mostram que uma colisão desse tipo realmente sacudiria Júpiter até o centro — mas não da maneira necessária para explicar o interior que observamos hoje.”

Um planeta em colisão atinge o núcleo de Júpiter nas simulações, gerando ondas de choque e mistura turbulenta dos materiais.
📸 Crédito: Thomas Sandnes/Durham University
Um planeta em colisão atinge o núcleo de Júpiter nas simulações, gerando ondas de choque e mistura turbulenta dos materiais. 📸 Crédito: Thomas Sandnes/Durham University
Esta imagem das simulações mostra como a colisão do impactor com o núcleo de Júpiter produz padrões impressionantes de instabilidades nos fluidos, à medida que os materiais se misturam.
📸 Crédito: Jacob Kegerreis / Thomas Sandnes / Durham University
Esta imagem das simulações mostra como a colisão do impactor com o núcleo de Júpiter produz padrões impressionantes de instabilidades nos fluidos, à medida que os materiais se misturam. 📸 Crédito: Jacob Kegerreis / Thomas Sandnes / Durham University
O material do núcleo se reacomoda rapidamente nas simulações, formando um núcleo com uma fronteira bem definida.
O material do núcleo se reacomoda rapidamente nas simulações, formando um núcleo com uma fronteira bem definida.

Um padrão que se repete em Saturno

A descoberta também se conecta a outro gigante do Sistema Solar. Observações recentes sugerem que Saturno apresenta um núcleo diluído semelhante ao de Júpiter.

Segundo Dr. Luis Teodoro, da Universidade de Oslo, “o fato de Saturno também ter um núcleo difuso reforça a ideia de que essas estruturas se formam de maneira gradual, durante o longo processo de crescimento planetário”.

Isso significa que o mesmo fenômeno pode estar ocorrendo em exoplanetas do tipo Júpiter e Saturno espalhados pela galáxia — mundos massivos com interiores muito mais complexos do que se imaginava.


Reescrevendo a história dos gigantes gasosos

Os resultados não apenas desafiam uma hipótese antiga, mas também ajudam a refinar os modelos usados para compreender como planetas massivos se formam e evoluem.

Como destacou o coautor Dr. Jacob Kegerreis:

“Impactos gigantes certamente são parte da história de muitos planetas, mas não explicam tudo. Esse projeto também nos permitiu desenvolver novas formas de simular esses eventos com mais detalhes, aproximando-nos cada vez mais de entender a incrível diversidade de mundos no Sistema Solar e além.”


🌌 FAQ — Perguntas Frequentes

1. O que é um núcleo diluído?

É uma estrutura interna sem fronteira definida entre o núcleo rochoso e as camadas gasosas, com os materiais se misturando gradualmente.

2. Por que antes se acreditava em uma colisão?

Modelos anteriores sugeriam que apenas uma colisão colossal poderia misturar os elementos pesados do núcleo com o hidrogênio e o hélio ao redor.

3. Qual a importância dessa descoberta?

Ela muda a forma como entendemos a formação dos gigantes gasosos e pode explicar a estrutura interna de exoplanetas semelhantes.

4. Saturno também tem um núcleo diluído?

Sim. Evidências recentes indicam que Saturno apresenta um núcleo difuso semelhante, reforçando a ideia de uma origem gradual.

5. Que missão ajudou a revelar o núcleo de Júpiter?

A sonda Juno, da NASA, foi essencial ao detectar variações gravitacionais que sugeriram a existência de um núcleo diluído.

Indicação de Leitura

Gostou do nosso artigo? Então, continue conhecendo as missões da ESA / NASA que mudaram a astronomia. Dando sequência à sua jornada pelo espaço, explore as diversas missões da ESA / NASA, descubra as tecnologias inovadoras envolvidas e entenda como a exploração espacial está transformando a ciência e impactando diretamente o nosso cotidiano. Muitas dessas inovações, sem dúvida, têm suas raízes na astronomia!

Sugestões de Links Internos (Inbound)

Sugestões de Links Externos (Outbound):

Fonte: Royal Astronomical Society

Marcações:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *