Um visitante vindo das estrelas
O cometa 3I/ATLAS, o terceiro visitante interestelar já registrado, está liberando vapor d’água a uma distância surpreendentemente grande do Sol muito além do que os astrônomos esperavam. Essa descoberta oferece uma nova janela para a química de sistemas estelares distantes e reforça a ideia de que a água e, possivelmente, os ingredientes da vida são comuns no cosmos.
No dia 3 de outubro de 2025, a sonda ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO), da ESA, voltou seus instrumentos para o cometa enquanto ele passava próximo a Marte. Mesmo a milhões de quilômetros de distância, o TGO conseguiu captar a tênue nuvem de gás e poeira que envolve o núcleo gelado do 3I/ATLAS.

Um mensageiro cósmico e suas descobertas
Desde sua descoberta, em julho de 2025, pelo ATLAS Survey, no Chile, o cometa 3I/ATLAS tem despertado grande interesse da comunidade científica. Ele foi confirmado como um objeto interestelar por causa de sua trajetória hiperbólica — uma rota aberta, indicando que não está preso gravitacionalmente ao Sol.
Em um estudo publicado na revista The Astrophysical Journal Letters, uma equipe liderada por Zexi Xing, da Universidade de Auburn (EUA), detectou hidroxila (OH) — uma molécula produzida quando a luz solar quebra o vapor d’água. Essa é a primeira detecção de água em um objeto interestelar, marcando um momento histórico na astronomia.
Cada visitante interestelar parece trazer uma nova surpresa:
- ‘Oumuamua (2017) era seco;
- Borisov (2019) era rico em monóxido de carbono;
- e agora 3I/ATLAS revela água a distâncias inesperadas.
Essas descobertas estão mudando completamente o que sabemos sobre a formação de cometas e planetas em outros sistemas estelares.
Como a NASA enxergou o invisível
A detecção da água foi possível graças ao Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA.
Como a atmosfera terrestre bloqueia quase toda a radiação ultravioleta, apenas telescópios espaciais conseguem observar o brilho tênue da molécula de hidroxila (OH).
O Swift registrou esse brilho em julho e agosto de 2025, fornecendo a primeira prova direta de que o 3I/ATLAS estava liberando vapor d’água no espaço. Essa assinatura química é essencial para comparar o comportamento do cometa com os cometas que nasceram dentro do nosso Sistema Solar.
Um jato de água a bilhões de quilômetros
Mais impressionante ainda é a intensidade da liberação de água.
Mesmo estando quase três vezes mais distante do Sol do que a Terra, o cometa estava expelindo cerca de 40 quilos de água por segundo — o equivalente a um jato de incêndio em potência máxima!
Isso sugere que o 3I/ATLAS não está sublimando (evaporando) diretamente de sua superfície, como os cometas comuns, mas lançando grãos de poeira cobertos por gelo, que se aquecem rapidamente e liberam gás. Esse tipo de mecanismo já foi observado em poucos cometas, indicando uma estrutura complexa e inédita para esse visitante interestelar.
“Quando detectamos água — ou mesmo seu eco ultravioleta — em um cometa interestelar, estamos lendo uma mensagem de outro sistema planetário”, disse o físico Dennis Bodewits, da Universidade de Auburn. “Isso mostra que os ingredientes da vida não são exclusivos do nosso canto do universo.”

Um olhar marciano sobre o cometa
A ESA também conseguiu registrar imagens do 3I/ATLAS a partir de Marte.
O ExoMars TGO captou um pequeno ponto branco e difuso — o núcleo do cometa envolto em sua imensa coma de gás e poeira. Mesmo sem detalhes do núcleo, a observação confirmou a atividade do cometa, que estava 100.000 vezes mais tênue do que a superfície marciana normalmente observada pela sonda.
Essas imagens adicionam uma nova peça ao quebra-cabeça sobre a origem e composição desse raro viajante cósmico — um verdadeiro mensageiro de outros mundos, carregando segredos sobre a formação de sistemas planetários muito além do nosso Sol.
Conclusão: Um lembrete cósmico da nossa origem
O cometa 3I/ATLAS é muito mais do que uma curiosidade astronômica — ele é uma ponte entre sistemas estelares.
Cada vez que observamos um visitante interestelar, temos a chance de entender um pouco mais sobre como a água, a matéria orgânica e, possivelmente, a vida, se espalham pelo universo.
No fim das contas, talvez todos sejamos feitos de fragmentos de cometas que cruzaram o espaço interestelar há bilhões de anos.
🔭 FAQ — Perguntas Frequentes sobre o Cometa 3I/ATLAS
O que é o cometa 3I/ATLAS?
É o terceiro cometa interestelar já descoberto, ou seja, um corpo que veio de fora do nosso Sistema Solar.
Como os cientistas descobriram a presença de água?
Através da detecção de hidroxila (OH), uma molécula gerada quando a luz solar quebra o vapor d’água.
Por que essa descoberta é importante?
Porque é a primeira vez que a presença de água é confirmada em um objeto interestelar — um marco para a astronomia moderna.
Qual telescópio fez a detecção?
O Observatório Espacial Neil Gehrels Swift, da NASA, que observa em luz ultravioleta.
Por que o cometa libera água tão longe do Sol?
Cientistas acreditam que partículas de poeira cobertas por gelo são ejetadas do núcleo e aquecidas pela luz solar, liberando vapor.
O que isso nos ensina sobre a vida no universo?
Mostra que a água — um dos ingredientes fundamentais da vida — é comum até mesmo em sistemas estelares distantes.
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