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Brasil e ESA: Satélite Biomass Revoluciona Monitoramento de Carbono

Você já imaginou um satélite capaz de enxergar através das copas das árvores e medir o carbono invisível escondido nas florestas tropicais? Pois é exatamente isso que o satélite Biomass da ESA está fazendo desde seu lançamento em abril de 2025. E o Brasil acaba de se tornar protagonista nessa revolução científica, estabelecendo uma parceria pioneira com a Agência Espacial Europeia para desvendar os segredos da Amazônia e combater as mudanças climáticas com dados de precisão inédita.

Brasil e ESA Firmam Parceria Estratégica para Ciência Florestal

De 30 de setembro a 2 de outubro de 2025, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) sediou em Belém um marco histórico: o primeiro evento nacional dedicado à Missão Biomass da ESA. Segundo informações divulgadas pela Agência Espacial Brasileira, o encontro reuniu cerca de 80 especialistas de diversas regiões do Brasil e de países como Bélgica, Portugal, França e Chile, demonstrando o alcance internacional desta colaboração.

Dessa forma, a parceria entre a Agência Espacial Europeia e o Brasil, representado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e o INPE, nasce com objetivos ambiciosos. Além disso, o evento contou com participação de instituições fundamentais como EMBRAPA, IBAMA, IBGE, IMAZON, MPEG e Visiona, criando uma rede robusta de conhecimento científico.

Portanto, essa união de forças não é apenas simbólica. Ela representa uma estratégia concreta para capacitar pesquisadores brasileiros, fomentar a cooperação em observação da Terra e, principalmente, promover o uso das informações geradas pelo satélite Biomass. Enquanto isso, o Brasil se posiciona na vanguarda do monitoramento florestal global, aproveitando sua posição privilegiada como guardião da maior floresta tropical do planeta.

Encontro no INPE reúne representantes do Brasil e da Agência Espacial Europeia (ESA) para discutir a colaboração e o uso do satélite Biomass. Na imagem, da esquerda para a direita: Fernando Carvalho (UFPA), Veraldo Liesenberg (UESC), Inge Jonckheere (ESA), Rémi d’Annunzio (FAO), Sara Neri (SEMA/AP) e Pedro Walfir (UFPA).
Encontro no INPE reúne representantes do Brasil e da Agência Espacial Europeia (ESA) para discutir a colaboração e o uso do satélite Biomass. Na imagem, da esquerda para a direita: Fernando Carvalho (UFPA), Veraldo Liesenberg (UESC), Inge Jonckheere (ESA), Rémi d’Annunzio (FAO), Sara Neri (SEMA/AP) e Pedro Walfir (UFPA).
Créditos: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

O Que Torna o Satélite Biomass da ESA Revolucionário

Lançado em 29 de abril de 2025, o satélite Biomass representa um salto tecnológico sem precedentes. Contudo, o que realmente o diferencia de outras missões espaciais é seu equipamento: o primeiro radar de abertura sintética (SAR) em banda P no espaço. Essa tecnologia utiliza ondas de longo comprimento capazes de penetrar copas densas de florestas, algo que sensores tradicionais simplesmente não conseguem fazer.

Por outro lado, missões anteriores enfrentavam limitações significativas. De acordo com dados da ESA, detectar áreas com mais de 400 toneladas de biomassa por hectare sempre foi um desafio técnico para radares convencionais. Assim, o Biomass supera essa barreira, permitindo medições precisas mesmo nas florestas mais densas da Amazônia, África Central e Sudeste Asiático.

Durante seus cinco anos de operação, a missão gerará os primeiros mapas globais detalhados da biomassa florestal. Além disso, o satélite consegue medir a estrutura tridimensional das florestas, possibilitando análises aprofundadas sobre estoques de carbono e mudanças na vegetação ao longo do tempo. Dessa maneira, cientistas podem finalmente quantificar com precisão quanto carbono as florestas estão armazenando ou liberando na atmosfera.

Ilustração do satélite Biomass em órbita ao redor da Terra, com seu radar de grande alcance rastreando a superfície do planeta para mapear a biomassa florestal e medir o carbono armazenado nas florestas ao redor do mundo.
Ilustração do satélite Biomass em órbita ao redor da Terra, com seu radar de grande alcance rastreando a superfície do planeta para mapear a biomassa florestal e medir o carbono armazenado nas florestas ao redor do mundo.

Banco de Dados Histórico: 15 Anos de Informações Sobre Florestas

Junto ao lançamento do satélite, a ESA divulgou o maior conjunto de dados satelitais sobre biomassa florestal já produzido. A versão 6 do banco de dados abrange os anos de 2007 a 2022, integrando informações de múltiplas missões espaciais, incluindo Sentinel-1, Envisat, ALOS PALSAR, ICESat e GEDI.

Esses dados estão organizados com resoluções variando de 100 metros a 50 quilômetros, portanto possibilitam tanto análises locais detalhadas quanto avaliações globais amplas. Além disso, segundo a Agência Espacial Europeia, o banco de dados é compatível com as diretrizes do Acordo de Paris, tornando-se uma ferramenta essencial para relatórios nacionais de emissões e estratégias de gestão florestal.

Contudo, a verdadeira revolução está na continuidade temporal desses dados. Enquanto medições pontuais oferecem apenas instantâneos, essa série histórica permite observar tendências, identificar áreas de degradação acelerada e medir o impacto de políticas de conservação. Assim, governos e pesquisadores ganham ferramentas concretas para tomada de decisões baseadas em evidências científicas sólidas.

Mapa-múndi em tons de cinza, destacando áreas de florestas em verde. A imagem mostra a distribuição global da biomassa florestal acima do solo em 2022, destacando as regiões com maior concentração de vegetação, como as florestas tropicais.
Mapa-múndi em tons de cinza, destacando áreas de florestas em verde. A imagem mostra a distribuição global da biomassa florestal acima do solo em 2022, destacando as regiões com maior concentração de vegetação, como as florestas tropicais.

Como o Radar de Banda P Enxerga Através das Florestas

A tecnologia por trás do satélite Biomass é fascinante. O radar de banda P utiliza comprimentos de onda entre 30 e 100 centímetros, muito maiores que os radares convencionais. Dessa forma, essas ondas conseguem penetrar através das folhas, galhos e até da copa superior das árvores, refletindo-se nos troncos e estruturas principais.

Por outro lado, radares de banda C e banda X, usados por outras missões, funcionam bem para detectar mudanças na superfície florestal, mas não conseguem medir a estrutura vertical das árvores. Portanto, o Biomass preenche uma lacuna crítica, oferecendo dados tridimensionais sobre a arquitetura das florestas.

Além disso, essa capacidade de “ver através” da vegetação densa é particularmente importante para a Amazônia. Segundo especialistas presentes no evento do INPE, a floresta amazônica possui áreas com biomassa extremamente elevada, onde métodos tradicionais de sensoriamento remoto simplesmente não funcionam. Assim, o satélite Biomass se torna uma ferramenta indispensável para monitorar essa região vital para o clima global.

Ilustração do satélite Biomass em órbita da Terra, com seu formato característico semelhante a um guarda-chuva. Abaixo, é possível ver a superfície terrestre com florestas densas visíveis, representando as regiões que o satélite monitora.
Ilustração do satélite Biomass em órbita da Terra, com seu formato característico semelhante a um guarda-chuva. Abaixo, é possível ver a superfície terrestre com florestas densas visíveis, representando as regiões que o satélite monitora.

Por Que Medir Carbono Florestal É Vital Para o Clima

As florestas funcionam como gigantescos reservatórios de carbono. Durante a fotossíntese, as árvores absorvem dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera e o transformam em matéria orgânica: troncos, galhos, folhas e raízes. Dessa forma, cada árvore age como um sequestrador natural de carbono, ajudando a regular a temperatura do planeta.

Contudo, quando ocorrem desmatamento, degradação ou incêndios florestais, todo esse carbono armazenado é liberado de volta para a atmosfera, intensificando o efeito estufa. De acordo com estudos científicos, as florestas tropicais sozinhas armazenam aproximadamente 250 bilhões de toneladas de carbono apenas na biomassa acima do solo.

Por outro lado, a incerteza sobre esses números sempre foi um problema. Sem medições precisas, os cientistas não conseguiam determinar com exatidão se uma floresta estava funcionando como absorvedora ou emissora líquida de carbono. Portanto, os dados do Biomass eliminam essas incertezas, permitindo que governos estabeleçam metas realistas de redução de emissões e monitorem o cumprimento de compromissos ambientais internacionais.

Aplicações Práticas dos Dados do Biomass no Brasil

A parceria entre Brasil e ESA abre portas para aplicações concretas dos dados do Biomass. Além disso, durante o evento em Belém, especialistas discutiram sinergias com outros sistemas, como o programa CBERS, parceria sino-brasileira na área de satélites.

Dessa maneira, o Brasil pode integrar os dados do Biomass com sistemas nacionais de monitoramento, como o DETER e o PRODES, utilizados pelo INPE para detectar desmatamento em tempo quase real. Assim, surgem possibilidades de criar alertas mais precisos sobre áreas de degradação florestal, mesmo antes que o desmatamento completo ocorra.

Por outro lado, instituições como IBAMA e órgãos ambientais estaduais podem utilizar essas informações para fiscalização e planejamento territorial. Enquanto isso, centros de pesquisa como EMBRAPA e IMAZON ganham ferramentas para estudar recuperação de áreas degradadas e eficácia de projetos de restauração florestal.

Além disso, os dados são fundamentais para o mercado de créditos de carbono. Segundo especialistas, medições precisas de biomassa permitem certificar projetos de conservação e quantificar com credibilidade quanto carbono está sendo preservado ou sequestrado. Portanto, o satélite Biomass pode impulsionar a economia verde brasileira, gerando recursos para comunidades que protegem florestas.

Primeira imagem capturada pelo satélite Biomass da ESA, mostrando a Floresta Amazônica no norte do Brasil. Tons de verde indicam floresta densa, enquanto áreas vermelhas e rosas revelam planícies alagadas e regiões de várzea detectadas sob a copa das árvores.
Por fim, esta primeira imagem do satélite Biomass revela a Floresta Amazônica no Brasil, destacando áreas alagadas e relevo sob a densa vegetação. Tons de verde indicam floresta densa, enquanto áreas vermelhas e rosas revelam planícies alagadas e regiões de várzea detectadas sob a copa das árvores. Crédito: ESA.

Desafios Superados e Próximos Passos da Missão

Apesar dos avanços impressionantes, a missão Biomass ainda enfrenta desafios técnicos. Contudo, segundo a ESA, a equipe continua refinando algoritmos de processamento para melhorar a precisão das estimativas em florestas extremamente densas. Além disso, a validação dos dados requer campanhas de campo extensivas, medindo manualmente árvores para comparar com as medições satelitais.

Por outro lado, o evento em Belém demonstrou forte engajamento da comunidade científica brasileira. Dessa forma, pesquisadores de instituições como UFPA, UESC e outras universidades estão se capacitando para utilizar os dados da missão. Assim, o Brasil se prepara para ser não apenas usuário, mas também contribuinte ativo no desenvolvimento de metodologias e aplicações inovadoras.

Enquanto isso, a missão continua coletando dados diariamente. Portanto, nos próximos anos, veremos um fluxo crescente de informações sobre a saúde das florestas tropicais. Além disso, a ESA planeja disponibilizar esses dados gratuitamente para a comunidade científica global, democratizando o acesso à informação de ponta sobre biomassa florestal.

Conclusão: Uma Nova Era Para Ciência Florestal e Clima

A parceria entre Brasil e ESA, materializada através da Missão Biomass, representa muito mais que um acordo técnico entre agências espaciais. Ela simboliza o reconhecimento de que combater as mudanças climáticas exige cooperação internacional, tecnologia de ponta e compromisso com ciência baseada em evidências.

O satélite Biomass nos oferece, pela primeira vez na história, a capacidade de medir com precisão o carbono invisível armazenado nas florestas do planeta. Dessa forma, saímos do reino das estimativas incertas e entramos na era dos dados confiáveis, permitindo ações concretas e mensuráveis contra o aquecimento global.

E você, como imagina que essas informações podem transformar a conservação da Amazônia e das florestas tropicais nos próximos anos? Quer acompanhar mais novidades sobre exploração espacial, satélites e ciência que está mudando nosso planeta? Visite nosso site www.rolenoespaco.com.br e siga @role_no_espaco no Instagram para não perder nenhuma descoberta espacial!


Perguntas Frequentes Sobre o Satélite Biomass

O que é o satélite Biomass da ESA?

O Biomass é um satélite europeu lançado em abril de 2025, equipado com o primeiro radar de banda P no espaço. Ele mede a biomassa florestal e estoques de carbono, penetrando através de copas densas de árvores em florestas tropicais.

Por que o Brasil participa da Missão Biomass?

O Brasil abriga a maior floresta tropical do mundo e tem interesse estratégico em monitorar precisamente os estoques de carbono da Amazônia. A parceria com a ESA capacita pesquisadores brasileiros e integra o país na vanguarda do monitoramento florestal global.

Como os dados do Biomass ajudam a combater mudanças climáticas?

Os dados permitem medir com precisão quanto carbono as florestas armazenam ou liberam, possibilitando que governos estabeleçam metas realistas de redução de emissões, monitorem desmatamento e certifiquem projetos de conservação.

Qual a diferença entre o radar do Biomass e outros satélites?

O radar de banda P usa ondas longas que penetram através das copas das árvores, medindo a estrutura vertical das florestas. Radares tradicionais só detectam a superfície, sem conseguir quantificar a biomassa total.

Os dados do satélite Biomass são públicos?

Sim, a ESA disponibiliza os dados gratuitamente para a comunidade científica global. Isso democratiza o acesso à informação de ponta sobre florestas e permite que pesquisadores de todo mundo desenvolvam aplicações inovadoras.

Quanto tempo durará a Missão Biomass?

A missão está programada para durar inicialmente cinco anos, mas os dados coletados serão úteis por décadas, permitindo análises de longo prazo sobre mudanças nas florestas tropicais.

Como o satélite Biomass se relaciona com sistemas brasileiros como DETER e PRODES?

Os dados do Biomass podem ser integrados com sistemas nacionais de monitoramento, criando alertas mais precisos sobre degradação florestal e complementando as informações sobre desmatamento já fornecidas pelos programas brasileiros.

Indicação de Leitura

Gostou do nosso artigo? Então, continue conhecendo as missões da ESA que mudaram a astronomia. Dando sequência à sua jornada pelo espaço, explore as diversas missões da ESA, descubra as tecnologias inovadoras envolvidas e entenda como a exploração espacial está transformando a ciência e impactando diretamente o nosso cotidiano. Muitas dessas inovações, sem dúvida, têm suas raízes na astronomia!

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Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESA | INPE e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

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