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Cometa Interestelar 3I/ATLAS Dispara Jato Rumo ao Sol

O cometa interestelar 3I/ATLAS está dando um verdadeiro show no céu. Novas imagens revelam um jato dramático de gelo e poeira sendo expelido diretamente em direção ao Sol. Esse visitante cósmico, que veio de fora do nosso sistema solar, está se comportando exatamente como os cometas nativos quando se aproximam da nossa estrela. Além disso, ele nos oferece uma oportunidade única de estudar material que se formou em outro sistema estelar.

O Que Torna o 3I/ATLAS Tão Especial

O cometa interestelar 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto conhecido a atravessar nosso sistema solar vindo de outra região da galáxia. Enquanto milhares de cometas já foram observados orbitando o Sol, apenas três deles confirmadamente originaram-se de além das fronteiras do nosso bairro cósmico. Portanto, cada observação desse viajante espacial representa uma chance rara de estudar material que nunca sentiu o calor do nosso Sol até agora.

O cometa está em rota de colisão simbólica com nossa estrela, aproximando-se rapidamente para seu encontro mais próximo em 30 de outubro. Durante essa aproximação, ele chegará a 1,8 unidades astronômicas da Terra – isso significa que estará a uma distância quase duas vezes maior que a distância entre nosso planeta e o Sol. Assim, pequenos telescópios serão suficientes para observá-lo antes que desapareça novamente na escuridão do espaço profundo.

O cometa 3I/ATLAS risca um campo estelar denso nesta imagem capturada pelo Espectrógrafo Multiobjeto Gemini (GMOS) no telescópio Gemini South, localizado em Cerro Pachón, no Chile — uma das metades do Observatório Internacional Gemini, financiado em parte pela National Science Foundation (NSF) dos EUA e operado pelo NSF NOIRLab. A imagem é composta por exposições feitas através de quatro filtros — vermelho, verde, azul e ultravioleta. Durante as exposições, o cometa permanece fixo no centro do campo de visão do telescópio. No entanto, as posições das estrelas de fundo mudam em relação ao cometa, fazendo com que apareçam como rastros coloridos na imagem final. Essas observações do cometa 3I/ATLAS foram realizadas durante o programa Shadow the Scientists, organizado pelo NSF NOIRLab. Crédito: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/Shadow the Scientist Processamento de imagem: J. Miller & M. Rodriguez (International Gemini Observatory/NSF NOIRLab), T.A. Rector (University of Alaska Anchorage/NSF NOIRLab), M. Zamani (NSF NOIRLab).
O cometa 3I/ATLAS risca um campo estelar denso nesta imagem capturada pelo Espectrógrafo Multiobjeto Gemini (GMOS) no telescópio Gemini.
Crédito: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/Shadow the Scientist

Imagens Revelam Jato Espetacular Apontando Para o Sol

As novas imagens compostas do 3I/ATLAS mostram detalhes fascinantes de sua anatomia cósmica. No centro, o núcleo rochoso e gelado aparece como um grande ponto preto. Ao redor dele, um brilho branco forma a coma – uma atmosfera temporária de gases sublimados. Contudo, o destaque vai para o jato marcado em roxo, que dispara violentamente na direção do Sol.

Segundo o astrophysicist Miquel Serra-Ricart, diretor científico da instituição Light Bridges, esse comportamento é absolutamente normal para cometas. De acordo com dados da pesquisa, o jato pode se estender por até 10.000 quilômetros da superfície do cometa – uma distância mais de duas vezes superior à largura dos Estados Unidos.

A descoberta do jato foi anunciada em 15 de outubro através do Astronomer’s Telegram, um serviço de comunicação rápida para a comunidade astronômica. As imagens que capturaram esse fenômeno foram obtidas em 2 de agosto, combinando 159 exposições de 50 segundos cada uma. Dessa forma, os astrônomos conseguiram revelar detalhes invisíveis em exposições individuais.

Como os Jatos se Formam em Cometas

Os jatos cometários surgem por um processo fascinante e violento. Quando um cometa se aproxima do Sol, ele não aquece uniformemente. As áreas voltadas para nossa estrela esquentam primeiro e com maior intensidade. Enquanto isso, as regiões mais frias permanecem congeladas por mais tempo.

Sob a superfície do cometa, gases aprisionados começam a aquecer e sublimar – passando diretamente do estado sólido para o gasoso. Portanto, se existe uma área mais fraca na crosta do cometa, esses gases podem irromper através dela, criando os jatos espetaculares que observamos. Além disso, esses jatos carregam consigo partículas de poeira, criando as plumas visíveis nas imagens.

O jato do 3I/ATLAS aponta diretamente para o Sol, seguindo um padrão típico. Assim como a cauda do cometa sempre aponta para longe do Sol devido à pressão do vento solar, os jatos tendem a se formar nas regiões mais aquecidas pela radiação solar.

 Uma imagem recente do cometa 3I/ATLAS, capturada pelo telescópio Gemini North, no Havaí (ao fundo), é mostrada ao lado de uma nova imagem obtida pelo telescópio gêmeo de 2 metros, revelando um jato de material sendo expelido na direção do Sol (inserção).

Crédito da imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/K. Meech (IfA/Universidade do Havaí)
Uma imagem recente do cometa 3I/ATLAS, capturada pelo telescópio Gemini North, no Havaí (ao fundo), é mostrada ao lado de uma nova imagem obtida pelo telescópio gêmeo de 2 metros, revelando um jato de material sendo expelido na direção do Sol (inserção).
Crédito da imagem: International Gemini Observatory/NOIRLab/NSF/AURA/K. Meech (IfA/Universidade do Havaí)

Composição Química do Visitante Interestelar

De acordo com observações do Telescópio Espacial James Webb realizadas em agosto, o jato provavelmente contém dióxido de carbono e partículas de poeira. Essa composição química oferece pistas valiosas sobre as condições em que o cometa se formou, bilhões de anos atrás, em outro sistema estelar.

O dióxido de carbono é altamente volátil, sublimando mesmo a temperaturas relativamente baixas. Por outro lado, outros materiais como água congelada requerem mais calor para evaporar. Dessa forma, os cientistas podem usar a composição dos jatos para entender a estrutura interna e a história térmica do cometa.

Enquanto o núcleo do cometa gira, os jatos começam a se espalhar em forma de leque. Parte do material permanece na coma, mas o restante é eventualmente empurrado para a cauda pela pressão constante do vento solar – um fluxo de partículas carregadas que emana continuamente do Sol.

Comparações com Cometas do Sistema Solar

O comportamento do 3I/ATLAS é notavelmente similar ao de cometas nativos do nosso sistema solar. Por exemplo, o cometa C/2020 F3 NEOWISE, visível a olho nu em 2020, exibiu padrões de jatos praticamente idênticos em imagens capturadas pelo Telescópio Espacial Hubble.

Essa semelhança sugere que os processos de formação de cometas podem ser universais em toda a galáxia. Além disso, indica que as condições no sistema estelar de origem do 3I/ATLAS não eram drasticamente diferentes das que prevaleciam na nebulosa solar primitiva que deu origem ao nosso próprio sistema.

Contudo, estudos mais detalhados podem revelar diferenças sutis na composição química ou na estrutura interna que distinguem cometas interestelares de seus primos locais. Portanto, cada observação adiciona peças valiosas ao quebra-cabeça da formação planetária em escala galáctica.

Técnicas de Observação Revelam Detalhes Ocultos

O jato do 3I/ATLAS foi detectado usando o Telescópio Gêmeo de Dois Metros no Observatório de Teide, localizado em Tenerife, nas Ilhas Canárias. As imagens foram obtidas na banda g, um filtro específico que captura luz verde-azulada, ideal para revelar estruturas na coma cometária.

Após combinar as 159 exposições individuais, os astrônomos aplicaram um filtro de Laplace à imagem resultante. Essa técnica matemática realça bordas e estruturas sutis, revelando detalhes que permaneceriam invisíveis na imagem bruta. Assim, o jato tênue emergiu da névoa difusa da coma.

O ângulo de posição do jato foi medido com precisão: 286,9 graus, com margem de erro de apenas 0,9 graus. Dessa forma, os cientistas puderam confirmar que ele coincide com a pluma mais ampla detectada anteriormente em outros comprimentos de onda, validando as observações independentes.

A Rara Oportunidade de Estudar Material Interestelar

Objetos interestelares são extremamente raros. Antes de 2017, nenhum havia sido detectado atravessando nosso sistema solar. O primeiro foi ‘Oumuamua, um objeto misterioso que passou rapidamente demais para estudos detalhados. Enquanto isso, o segundo visitante, o cometa 2I/Borisov, ofereceu mais oportunidades de observação.

Agora, o 3I/ATLAS representa a terceira chance de estudar material que se formou em outro sistema estelar. Por outro lado, diferentemente de meteoritos ou amostras de asteroides, esse material nunca foi processado pelo calor e radiação do Sol ao longo de bilhões de anos. Portanto, ele preserva informações sobre as condições primordiais em sua região de origem.

Além disso, cometas interestelares podem transportar compostos orgânicos complexos entre sistemas estelares, potencialmente semeando os ingredientes da vida através da galáxia. Essa possibilidade torna cada observação ainda mais emocionante do ponto de vista astrobiológico.

Observando o 3I/ATLAS Antes de Sua Partida

Astrônomos amadores com pequenos telescópios ainda têm uma janela de oportunidade para observar o cometa interestelar 3I/ATLAS antes de seu encontro mais próximo com o Sol. Contudo, após 30 de outubro, ele começará sua jornada de volta ao espaço profundo, eventualmente deixando nosso sistema solar para sempre.

As melhores observações podem ser feitas em locais com céus escuros, longe da poluição luminosa urbana. Enquanto o cometa não é visível a olho nu, telescópios modestos de 15 a 20 centímetros de abertura devem revelar sua coma difusa e possivelmente até indícios de sua cauda.

Dessa forma, observadores do céu em todo o mundo podem testemunhar um viajante que cruzou a galáxia para visitar nosso bairro cósmico. Além disso, contribuir com observações amadoras pode ajudar os cientistas profissionais a monitorar mudanças no brilho e na atividade do cometa.

Descrição da imagem: Imagem infravermelha em três painéis do cometa 3I/ATLAS capturada pelo telescópio Webb em 6 de agosto de 2025. O painel esquerdo mostra a imagem geral no infravermelho, com um núcleo branco brilhante que se desvanece em tons de vermelho, laranja e azul. Os painéis central e direito exibem mapas de fluxo destacando o CO₂ em 4,3 μm e o H₂O em 2,7 μm, respectivamente, com inserções mostrando os perfis das linhas espectrais que confirmam as assinaturas moleculares.
Descrição da imagem: Imagem infravermelha em três painéis do cometa 3I/ATLAS capturada pelo telescópio Webb em 6 de agosto de 2025. O painel esquerdo mostra a imagem geral no infravermelho, com um núcleo branco brilhante que se desvanece em tons de vermelho, laranja e azul. Os painéis central e direito exibem mapas de fluxo destacando o CO₂ em 4,3 μm e o H₂O em 2,7 μm, respectivamente, com inserções mostrando os perfis das linhas espectrais que confirmam as assinaturas moleculares.

Conclusão: Uma Janela Para Outros Mundos

O cometa interestelar 3I/ATLAS nos oferece mais do que um espetáculo visual fascinante. Ele representa uma janela rara para entender como outros sistemas estelares formam e evoluem. Portanto, cada jato observado, cada medição espectroscópica e cada imagem capturada adiciona peças valiosas ao nosso conhecimento sobre a diversidade de ambientes planetários na galáxia.

Enquanto o 3I/ATLAS continua sua jornada em direção ao Sol, astrônomos profissionais e amadores permanecerão atentos, documentando cada mudança em sua atividade. Assim, quando ele finalmente desaparecer nas profundezas do espaço, teremos acumulado um tesouro de dados sobre esse mensageiro cósmico de outro sistema estelar.

Que outros segredos os cometas interestelares ainda guardam sobre a formação de mundos distantes? A resposta pode estar viajando em nossa direção neste exato momento.

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Perguntas Frequentes Sobre o Cometa 3I/ATLAS

O que é um cometa interestelar?

Um cometa interestelar é um objeto gelado que se formou em outro sistema estelar e está atravessando nosso sistema solar. Diferentemente dos cometas nativos, ele não orbita o Sol permanentemente.

Quando o 3I/ATLAS estará mais próximo do Sol?

O cometa interestelar 3I/ATLAS fará sua aproximação mais próxima do Sol em 30 de outubro de 2025, chegando a 1,8 unidades astronômicas da Terra.

Por que o jato do cometa aponta para o Sol?

O jato aponta para o Sol porque as áreas da superfície voltadas para nossa estrela aquecem primeiro. Gases sublimados sob a superfície irrompem através de pontos fracos, criando jatos na direção da fonte de calor.

É possível ver o 3I/ATLAS com telescópios amadores?

Sim, pequenos telescópios com abertura de 15 a 20 centímetros podem revelar a coma difusa do cometa, especialmente em locais com céus escuros e pouca poluição luminosa.

Quantos objetos interestelares foram detectados até agora?

Apenas três objetos interestelares foram confirmados atravessando nosso sistema solar: ‘Oumuamua (2017), 2I/Borisov (2019) e agora o 3I/ATLAS (2025).

Do que é feito o jato do cometa 3I/ATLAS?

Segundo observações do Telescópio Espacial James Webb, o jato contém principalmente dióxido de carbono e partículas de poeira expelidas da superfície do cometa.

O 3I/ATLAS voltará ao nosso sistema solar?

Não. Após sua passagem próxima ao Sol, o cometa interestelar 3I/ATLAS continuará sua jornada através da galáxia e nunca mais retornará ao nosso sistema solar.

Indicação de Leitura

Gostou do nosso artigo? Então, continue explorando e veja as outras matérias que preparamos sobre esse incrível e misterioso visitante interestelar. Descubra como o 3I/ATLAS está ajudando cientistas da ESA e da NASA a desvendar os segredos dos cometas que vagam entre as estrelas e o que essas descobertas podem revelar sobre a formação dos mundos.

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Todos os créditos de imagem Reservados à ESA | NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESA | NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: astronomerstelegram.org

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