Você já parou para pensar de onde vem toda a água que existe na Terra? Aquela mesma água que preenche nossos oceanos, rios e até nosso próprio corpo pode ter uma origem muito mais antiga e fascinante do que imaginamos. Segundo novas descobertas científicas publicadas na revista Nature, a água pode surgir naturalmente durante a formação dos planetas, como uma consequência inevitável do nascimento de mundos rochosos pelo universo. Essa revelação muda completamente nossa forma de procurar vida em outros sistemas solares.

A Descoberta que Pode Revolucionar a Busca por Vida Extraterrestre
De acordo com pesquisas lideradas pelas cientistas Francesca Miozzi e Anat Shahar, do Carnegie’s Earth & Planets Laboratory, os planetas mais comuns da nossa galáxia podem estar repletos de água líquida desde seus primeiros dias de existência. Assim, essa água não precisaria vir de cometas ou asteroides gelados, como muitos cientistas acreditavam anteriormente. Em vez disso, ela seria criada naturalmente através de reações químicas entre a atmosfera primitiva e os oceanos de magma que cobrem os planetas recém-formados.
Portanto, mundos distantes podem ter água em abundância simplesmente por existirem. Essa descoberta representa um avanço gigantesco para entendermos quais exoplanetas poderiam abrigar vida como conhecemos.
Sub-Netunos: Os Planetas Mais Abundantes da Via Láctea
Entre os mais de 6.000 exoplanetas conhecidos na Via Láctea, os chamados Sub-Netunos são os mais comuns. Esses mundos são maiores que a Terra, porém menores que Netuno, e possuem características únicas: interiores rochosos cobertos por atmosferas espessas dominadas por hidrogênio molecular.
Dessa forma, esses planetas se tornaram candidatos ideais para testar teorias sobre como mundos rochosos, incluindo o nosso, adquiriram suas reservas de água. Além disso, compreender esse processo nos ajuda a identificar quais planetas distantes poderiam ter condições favoráveis para o desenvolvimento da vida.

Créditos: NASA, ESA, Leah Hustak (STScI), Ralf Crawford (STScI).
O Experimento que Recriou o Nascimento de um Planeta
Para testar suas hipóteses, a equipe internacional de cientistas do Carnegie Science, Institut de Physique du Globe de Paris e UCLA realizou experimentos extraordinários em laboratório. Eles recriaram as condições extremas encontradas durante a formação planetária, comprimindo materiais análogos aos planetários entre duas pontas de diamante.
Consequentemente, as amostras foram submetidas a pressões quase 600.000 vezes maiores que a atmosfera terrestre e aquecidas a temperaturas superiores a 4.000 graus Celsius. Essas condições simulam perfeitamente o ambiente de um planeta jovem coberto por um oceano de magma, envolto em uma atmosfera densa de hidrogênio.
O Que Acontece Quando Hidrogênio Encontra Magma Fundido
Durante esses experimentos revolucionários, os pesquisadores observaram dois processos fundamentais. Primeiro, grandes quantidades de hidrogênio foram dissolvidas no magma derretido. Segundo, a interação entre o hidrogênio atmosférico e os óxidos de ferro presentes no magma produziu quantidades significativas de água através de reações de redução química.
Enquanto isso, essa água recém-formada pode permanecer dissolvida no magma ou escapar para formar oceanos na superfície do planeta. Por outro lado, o hidrogênio armazenado no interior planetário influencia profundamente as propriedades físicas e químicas do planeta em desenvolvimento, afetando inclusive a formação do núcleo e a composição atmosférica.

Como os Planetas Nascem: Uma Jornada do Pó às Gotas d’Água
Para entender completamente como os planetas ficam molhados, precisamos primeiro compreender como eles nascem. Os planetas rochosos se formam a partir do disco de poeira e gás que circunda uma estrela jovem após seu nascimento. Gradualmente, esse material se aglomera em corpos cada vez maiores que colidem entre si, crescendo e aquecendo progressivamente.
Contudo, essas colisões violentas geram tanto calor que o planeta inteiro se derrete, transformando-se em um vasto oceano de magma incandescente. Nesse estágio inicial, muitos planetas jovens ficam envolvidos por uma espessa camada de hidrogênio molecular, funcionando como um “cobertor térmico” que mantém o oceano de magma líquido por bilhões de anos antes de esfriar.
O Papel do Hidrogênio Primordial
Esse envelope de hidrogênio não é apenas uma camada protetora. Na verdade, ele desempenha um papel químico crucial na criação de água. Segundo Francesca Miozzi, “fornecemos a primeira evidência experimental de dois processos críticos da evolução planetária inicial: a dissolução copiosa de hidrogênio no magma derretido e a criação significativa de água pela redução de óxido de ferro pelo hidrogênio molecular”.
Assim, quanto mais tempo esse hidrogênio permanece em contato com o oceano de magma, mais água pode ser produzida naturalmente. Dessa forma, planetas que retêm suas atmosferas de hidrogênio por períodos mais longos podem desenvolver reservatórios de água substancialmente maiores.

Implicações para a Busca por Mundos Habitáveis
A presença de água líquida é considerada absolutamente essencial para a habitabilidade planetária. Portanto, essa descoberta demonstra que grandes quantidades de água são criadas como consequência natural da formação dos planetas. Além disso, segundo Anat Shahar, “isso representa um grande passo à frente em como pensamos sobre a busca por mundos distantes capazes de hospedar vida”.
Consequentemente, os astrônomos podem agora ajustar seus critérios de busca por exoplanetas potencialmente habitáveis. Em vez de procurar apenas mundos na zona habitável que possam ter recebido água de fontes externas, podemos considerar que muitos planetas já nascem molhados.
O Projeto AEThER e o Futuro da Pesquisa Planetária
Este trabalho faz parte do projeto interdisciplinar AEThER (Atmospheric Empirical, Theoretical, and Experimental Research), fundado e liderado por Anat Shahar. Financiado pela Fundação Alfred P. Sloan, o projeto combina expertise de diversos campos científicos, incluindo astronomia, cosmoquímica, dinâmica planetária, petrologia e física mineral.
Por outro lado, essa abordagem integrada permite aos cientistas conectar observações de atmosferas planetárias com a evolução e dinâmica de seus corpos rochosos. Enquanto isso, novas descobertas continuam surgindo dessa colaboração inovadora.
O Mistério da Água Terrestre Finalmente Explicado?
Durante décadas, cientistas planetários e terrestres debateram intensamente sobre a origem da água na Terra. Algumas teorias sugeriam que asteroides e cometas gelados trouxeram água para nosso planeta durante bombardeios intensos no início do Sistema Solar. Contudo, essas novas evidências experimentais sugerem que parte significativa da nossa água pode ter sido gerada internamente durante a própria formação da Terra.
Assim, nosso planeta azul pode dever sua abundância de oceanos tanto a processos internos quanto a contribuições externas. Além disso, essa combinação de fontes pode explicar a enorme quantidade de água presente na superfície terrestre.
Um Universo Potencialmente Repleto de Mundos Aquáticos
As descobertas experimentais lideradas por Miozzi e Shahar abrem horizontes completamente novos para nossa compreensão da formação planetária e da distribuição de água pelo universo. Se a criação de água é realmente uma consequência natural do nascimento de planetas rochosos, então mundos habitáveis podem ser muito mais comuns do que imaginávamos anteriormente.
Portanto, cada nova descoberta nos aproxima de responder aquela pergunta ancestral: estamos sozinhos no universo? Com bilhões de Sub-Netunos potencialmente repletos de água espalhados pela Via Láctea, as chances de encontrarmos vida extraterrestre parecem cada vez mais promissoras.
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Perguntas Frequentes (FAQ)
Como os planetas criam água naturalmente?
Durante a formação planetária, o hidrogênio da atmosfera primitiva reage com óxidos de ferro no oceano de magma, produzindo água através de reações químicas de redução.
O que são planetas Sub-Netunos?
São os exoplanetas mais comuns da galáxia, maiores que a Terra porém menores que Netuno, com interiores rochosos e atmosferas espessas de hidrogênio.
Toda a água da Terra veio desse processo?
Provavelmente não. A água terrestre tem múltiplas origens, incluindo tanto processos internos durante a formação quanto contribuições posteriores de cometas e asteroides.
Por que a água é essencial para a vida?
A água líquida permite reações químicas complexas, dissolve nutrientes, regula temperaturas e foi o meio onde a vida surgiu na Terra.
Quantos exoplanetas conhecemos atualmente?
Segundo os dados mais recentes, já identificamos mais de 6.000 exoplanetas confirmados na Via Láctea, com milhares de candidatos aguardando confirmação.
Como os cientistas recriam condições planetárias em laboratório?
Usando células de bigorna de diamante que comprimem amostras a pressões extremas enquanto lasers as aquecem a milhares de graus Celsius.
Essa descoberta aumenta as chances de encontrarmos vida extraterrestre?
Sim, significativamente. Se água é criada naturalmente durante a formação planetária, mundos potencialmente habitáveis podem ser muito mais abundantes do que pensávamos.
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Fonte: Artigo carnegiescience.edu
