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Curiosity Perfura seu 44º Buraco em Marte: O Mistério das Estruturas em “Caixas” Começa a se Revelar

O rover Curiosity acaba de alcançar um marco impressionante na exploração marciana: sua 44ª perfuração no solo do Planeta Vermelho. Dessa vez, o alvo foi uma região intrigante chamada “Valle de la Luna”, localizada dentro de uma depressão conhecida como “Monte Grande”. Mas o que torna esse buraco tão especial? A resposta pode estar escondida em formações geológicas misteriosas que os cientistas chamam de “unidade boxwork” estruturas que parecem caixas antigas, com cristas resistentes cercando cavidades mais frágeis.

Autorretrato do rover Curiosity em Marte durante uma tempestade de poeira, com o ambiente ao redor escurecido pela baixa visibilidade no Cratera Gale. A imagem foi capturada pela câmera MAHLI no Sol 2082.

Credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS
O rover Curiosity registra um autorretrato no Sol 2082 em meio a uma tempestade de poeira que escureceu o céu marciano e reduziu a visibilidade na Cratera Gale. Imagem capturada pela câmera MAHLI.

Credit: NASA/JPL-Caltech/MSSS

O Que São as Estruturas em “Caixas” de Marte?

Imagine caminhar por uma paisagem marciana e encontrar um padrão geométrico esculpido na rocha, como se alguém tivesse desenhado uma grade gigante no chão. Essas são as estruturas em boxwork, formadas por cristas elevadas e resistentes que cercam depressões rasas, chamadas de “hollows” (ou cavidades). Essas formações são relativamente raras e intrigam os cientistas porque suas origens ainda não foram completamente compreendidas.

De acordo com a equipe da missão Mars Science Laboratory, a perfuração em Valle de la Luna tem como objetivo principal desvendar como essas estruturas se formaram. Até agora, análises químicas realizadas pelos instrumentos APXS e ChemCam revelaram diferenças sutis entre as rochas das cristas e as das cavidades. Contudo, essas diferenças não foram marcantes o suficiente para explicar completamente o fenômeno. Assim, os cientistas apostam que a análise mineralógica mais detalhada pode fornecer as respostas que faltam.

A Missão por Trás da Perfuração: SAM e CheMin em Ação

Após realizar a perfuração no dia 19 de outubro de 2025 (ou Sol 4693, no calendário marciano), o Curiosity transferiu cuidadosamente as amostras de solo para dois de seus instrumentos científicos mais poderosos: o SAM (Sample Analysis at Mars) e o CheMin (Chemistry and Mineralogy). Enquanto isso, a equipe na Terra aguardava ansiosamente os resultados que poderiam revolucionar nossa compreensão sobre a geologia marciana.

O SAM é especialmente fascinante porque consegue “assar” amostras dentro de um miniforno. Durante esse processo, chamado de análise de gás evoluído (EGA), moléculas voláteis como água (H₂O), dióxido de carbono (CO₂) e dióxido de enxofre (SO₂) são liberadas e analisadas. Dessa forma, os cientistas conseguem identificar compostos químicos que revelam a história geológica daquela região.

Por outro lado, o CheMin utiliza difração de raios-X para identificar os minerais presentes na amostra. Portanto, enquanto o SAM revela a química volátil, o CheMin mapeia a estrutura cristalina das rochas. Juntos, esses instrumentos formam uma dupla imbatível na busca por respostas marcianas.

Imagem em preto e branco capturada pela câmera Front Hazcam do rover Curiosity mostrando o início da atividade de perfuração no local “Valle de la Luna”. O braço robótico aparece estendido enquanto o rover realiza o procedimento no Sol 4693.Créditos: NASA/JPL-Caltech
Curiosity inicia a perfuração no local “Valle de la Luna”, registrado pela câmera Front Hazcam no Sol 4693. A imagem em preto e branco mostra o rover “flagrado em ação” em 19 de outubro de 2025. Créditos: NASA/JPL-Caltech

Fotometria: Estudando a Luz em Marte

Além das análises internas, o Curiosity também aproveitou esse período de pausa para realizar estudos de fotometria com sua câmera Mastcam. Mas o que exatamente é fotometria? Basicamente, trata-se de observar como o brilho aparente das rochas e do solo muda conforme a posição do Sol no céu marciano.

Esse tipo de estudo normalmente só é realizado durante campanhas estacionárias prolongadas, como a atual perfuração em Monte Grande. Enquanto o Sol se move pelo horizonte marciano ao longo do dia, o Curiosity tira várias fotos da mesma área em diferentes horários. Assim, os cientistas conseguem entender melhor as propriedades físicas da superfície, incluindo textura, composição e até processos de erosão.

Além disso, essas observações atmosféricas ajudam a monitorar tempestades de poeira, neblinas e outras condições climáticas que podem afetar futuras missões tripuladas a Marte.

Próximos Passos: Perfurando as Cristas

Com os resultados da perfuração em Valle de la Luna ainda sendo processados, a equipe do Curiosity já está planejando seu próximo movimento. A ideia é encontrar um local adequado em uma das cristas resistentes para realizar outra perfuração. Dessa forma, será possível comparar diretamente as amostras das cavidades (como Valle de la Luna) com as das cristas elevadas.

Essa comparação direta é fundamental porque pode finalmente revelar se as diferenças entre as duas formações são puramente mineralógicas, químicas ou resultado de processos geológicos complexos ao longo de milhões de anos. Segundo William Farrand, pesquisador sênior do Space Science Institute, “determinar como as estruturas em boxwork se formaram depende crucialmente dessas análises mineralógicas detalhadas.”

O Que Essa Descoberta Significa para a Ciência Marciana?

As estruturas em boxwork não são apenas curiosidades geológicas — elas podem conter pistas importantes sobre o passado de Marte. Por exemplo, essas formações podem ter sido criadas por processos hidrotermais, onde água quente circulava através das rochas, depositando minerais ao longo de fraturas. Contudo, outras teorias sugerem erosão diferencial, onde certos materiais são mais resistentes ao vento e à abrasão do que outros.

Além disso, entender essas estruturas pode ajudar os cientistas a identificar locais onde a vida microbiana poderia ter prosperado no passado. Afinal, ambientes hidrotermais na Terra frequentemente abrigam ecossistemas vibrantes, mesmo em condições extremas. Portanto, se Marte teve ambientes semelhantes, eles poderiam ter sido oásis para formas de vida primitivas.

Curiosity: Um Veterano Incansável

Desde seu pouso na Cratera Gale em agosto de 2012, o Curiosity já percorreu mais de 32 quilômetros pela superfície marciana. Com 44 perfurações realizadas até agora, o rover se tornou um verdadeiro geólogo robótico, coletando dados que transformaram nossa compreensão sobre Marte.

Cada perfuração é uma operação delicada que envolve coordenação precisa entre as equipes de engenharia e ciência. Assim, mesmo após mais de 4.600 dias marcianos (ou “sols”), o Curiosity continua surpreendendo os cientistas com descobertas que desafiam teorias estabelecidas.

Grade composta por 36 fotografias em close dos buracos de perfuração feitos pelo rover Curiosity em Marte. Cada quadrado mostra uma cavidade circular escavada na superfície rochosa marciana, variando em textura e tonalidade. As imagens são registradas pela câmera MAHLI, localizada no braço robótico do rover.
Grade mostrando os 36 furos de perfuração já realizados pelo rover Curiosity em Marte, registrados pela câmera MAHLI no braço robótico da missão. Cada imagem revela detalhes únicos das rochas analisadas ao longo da exploração. Créditos: NASA/JPL-Caltech/MSSS

Uma Jornada Que Continua

O trabalho do Curiosity em Monte Grande está longe de terminar. Nas próximas semanas, o rover continuará analisando as amostras de Valle de la Luna com mais experimentos do SAM, enquanto também estuda os detritos deixados pela perfuração. Enquanto isso, a busca por um local ideal nas cristas continua, prometendo mais revelações fascinantes sobre esse planeta misterioso.

Cada dado coletado nos aproxima um pouco mais de responder perguntas fundamentais: Marte já foi habitável? Que processos moldaram sua superfície ao longo de bilhões de anos? E o mais intrigante: ainda existem segredos escondidos sob aquelas estruturas enigmáticas em forma de caixas?


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Perguntas Frequentes (FAQ)

Quantas perfurações o Curiosity já fez em Marte? O rover Curiosity completou sua 44ª perfuração na superfície marciana em outubro de 2025, no local chamado Valle de la Luna.
O que são as estruturas em boxwork em Marte? São formações geológicas caracterizadas por cristas resistentes que cercam depressões ou cavidades de rocha menos resistente, criando padrões semelhantes a caixas ou grades.
Quais instrumentos analisam as amostras perfuradas pelo Curiosity? Os principais instrumentos são o SAM (Sample Analysis at Mars) e o CheMin (Chemistry and Mineralogy), que analisam composição química e mineralógica respectivamente.
O que é fotometria e por que o Curiosity está fazendo esse estudo? Fotometria é o estudo de como o brilho das rochas muda conforme a posição do Sol. Ajuda a entender propriedades físicas da superfície marciana.
Por que perfurar tanto as cavidades quanto as cristas é importante? Comparar amostras de ambas as formações pode revelar as diferenças químicas e mineralógicas que explicam como essas estruturas únicas se formaram.
Onde o Curiosity está explorando atualmente? O rover está na região chamada Monte Grande, parte da unidade boxwork na Cratera Gale, investigando formações geológicas misteriosas.
Essas descobertas podem ajudar a encontrar vida em Marte? Sim, entender processos hidrotermais e ambientes antigos pode identificar locais onde vida microbiana poderia ter existido no passado marciano.

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Todos os créditos de imagem Reservados à NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: Artigo “Curiosity Blog, Sols 4702-4708: It’s Only Spooky Here on Earth Today!” Publico em nasa.gov

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