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Curiosity Perfura com Sucesso o Nevado Sajama em Marte

No dia 14 de novembro de 2025 aqui na Terra (Sol 4722 em Marte), o rover Curiosity da NASA celebrou um marco importante: a perfuração bem-sucedida do alvo “Nevado Sajama” nas estruturas de boxwork da Cratera Gale. Entre os sols 4716 e 4722 (dias marcianos de 10 a 16 de novembro de 2025 na Terra), o explorador robótico coletou dados cruciais que podem desvendar os mistérios dessas formações geológicas únicas. Agora, a equipe aguarda ansiosamente os resultados das análises mineralógicas que compararão este alvo de crista com o “Valle de la Luna”, perfurado anteriormente em um vale próximo.

Representação artística do rover Curiosity da NASA em Marte, mostrando o veículo robótico de seis rodas sobre uma superfície rochosa avermelhada, com colinas e o céu marciano em tons alaranjados ao fundo. O rover aparece equipado com seu mastro de câmeras levantado, seus painéis e instrumentos cobertos por poeira marciana, enquanto realiza exploração científica da paisagem ao redor.
Representação artística do rover Curiosity da NASA. Créditos: NASA

Luz Verde Para Perfuração: Dados Confirmam a Escolha

Antes de perfurar qualquer rocha em Marte, o Curiosity precisa ter certeza absoluta de que o alvo escolhido é adequado. Segundo Michelle Minitti, investigadora principal adjunta do instrumento MAHLI da Framework, os dados coletados pelos instrumentos APXS, ChemCam e MAHLI deram à equipe a confiança necessária para prosseguir com a amostragem.

Durante a semana de preparação, dois alvos foram limpos pela ferramenta DRT (Dust Removal Tool) do rover: o próprio Nevado Sajama antes da perfuração e outro local chamado “Tesoro del Pangal”. As análises químicas revelaram que a composição dessa área estava “em família” com muitos outros alvos de crista analisados durante toda a campanha de boxwork. Essa consistência química foi fundamental para a tomada de decisão.

Além disso, as imagens da MAHLI revelaram a presença de veias finas em ambos os alvos. Mais importante ainda, confirmaram a solidez estrutural do Nevado Sajama depois que os engenheiros do rover testaram a resistência da rocha pressionando-a com a ponta da broca. Portanto, quando a perfuração ocorreu no Sol 4718 (13 de novembro de 2025 na Terra), tudo estava meticulosamente planejado.

Imagem do buraco de perfuração “Nevado Sajama” em Marte, registrada pelo rover Curiosity com a Left Navigation Camera em 13 de novembro de 2025.
O rover Curiosity da NASA capturou esta imagem do buraco de perfuração “Nevado Sajama” em Marte usando a Left Navigation Camera, em 13 de novembro de 2025 (Sol 4718 da missão Mars Science Laboratory). (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Veias Misteriosas: Pistas Sobre Fluidos Antigos

Uma das descobertas mais intrigantes desta semana foram as veias observadas nas rochas. A câmera MAHLI detectou veias finas nos alvos limpos, enquanto o ChemCam investigou faces de rochas quebradas que expunham materiais tanto brancos brilhantes quanto cinzas. Os alvos analisados — “Arenas Blancas”, “Camarones” e “Exaltación” — fornecerão informações valiosas sobre os fluidos que penetraram as cristas de boxwork.

Essas veias podem ser a chave para entender por que as cristas resistem à erosão melhor que as áreas circundantes. Contudo, a hipótese principal é que minerais depositados por água antiga preencheram fraturas na rocha, cimentando-a e tornando-a mais resistente. Dessa forma, enquanto o material ao redor foi erodido ao longo de bilhões de anos, as estruturas de boxwork permaneceram como testemunhas silenciosas da história geológica marciana.

Enquanto isso, o instrumento DAN (Dynamic Albedo of Neutrons) coletou dados por longos períodos durante todos os sols dessa semana. O DAN mede o conteúdo de hidrogênio no solo marciano, o que permite aos cientistas extrapolar informações sobre a presença de água — tanto na forma de gelo quanto em minerais hidratados. Esses dados sobre a crista complementam perfeitamente as análises químicas e mineralógicas.

Do Topo da Crista ao Vale: Uma Comparação Crucial

A estratégia de perfuração dupla — uma no vale (Valle de la Luna) e outra na crista (Nevado Sajama) — foi cuidadosamente planejada para responder a perguntas fundamentais. Essas duas áreas, separadas por apenas 10 metros horizontalmente e 2 metros verticalmente, representam ambientes geológicos distintos.

A câmera Mastcam está construindo um grande mosaico fotográfico dessa localização que incluirá tanto o Nevado Sajama quanto o Valle de la Luna. Assim, os cientistas poderão visualizar o contexto geológico completo e entender melhor as relações espaciais entre essas diferentes formações.

Por outro lado, as primeiras porções do material perfurado do Nevado Sajama foram entregues ao instrumento CheMin durante o fim de semana de 16 a 17 de novembro de 2025. O CheMin (Chemistry and Mineralogy) usa difração de raios-X para identificar e quantificar os minerais presentes nas amostras. Portanto, ao comparar a mineralogia do Nevado Sajama com a do Valle de la Luna, a equipe espera obter novas perspectivas sobre como a unidade de boxwork se formou.

Imagem em preto e branco capturada pela câmera Front Hazcam do rover Curiosity mostrando o início da atividade de perfuração no local “Valle de la Luna”. O braço robótico aparece estendido enquanto o rover realiza o procedimento no Sol 4693.Créditos: NASA/JPL-Caltech
Curiosity inicia a perfuração no local “Valle de la Luna”, registrado pela câmera Front Hazcam no Sol 4693. A imagem em preto e branco mostra o rover “flagrado em ação” em 19 de outubro de 2025. Créditos: NASA/JPL-Caltech

Monitoramento Ambiental: 13 Anos de Dados Sistemáticos

Além de estudar a geologia local, o Curiosity continua sua missão de caracterizar o ambiente marciano. Durante esta semana de 10 a 16 de novembro de 2025, os instrumentos REMS (Rover Environmental Monitoring Station) e RAD (Radiation Assessment Detector) registraram regularmente o clima marciano e a radiação espacial, respectivamente.

As câmeras Mastcam e Navcam mediram a carga de poeira na atmosfera, procurando nuvens e redemoinhos de poeira (dust devils). Dessa forma, o Curiosity contribui para um registro climático marciano que agora se estende por mais de 13 anos terrestres. Esses dados são essenciais para planejar futuras missões tripuladas, pois ajudam a entender os desafios que astronautas enfrentarão na superfície do Planeta Vermelho.

Além disso, o ChemCam e o APXS se revezaram medindo diferentes componentes químicos na atmosfera marciana. Essas medições atmosféricas complementam as observações de superfície, fornecendo um quadro completo do ambiente marciano.

A Ansiedade da Espera: Resultados Que Podem Mudar Tudo

No final de novembro de 2025, toda a equipe do Curiosity aguarda ansiosamente os resultados completos do CheMin. A análise mineralógica do Nevado Sajama será comparada diretamente com a do Valle de la Luna, perfurado anteriormente no vale adjacente. Essa comparação pode revelar diferenças fundamentais na composição mineral entre as cristas e os vales.

Se as cristas contiverem minerais diferentes ou em proporções distintas, isso indicaria que processos geológicos específicos atuaram preferencialmente nessas áreas elevadas. Por exemplo, as cristas podem ter sido cimentadas por minerais depositados por fluidos hidrotermais, enquanto os vales podem ter sofrido mais lixiviação ou dissolução de minerais ao longo do tempo.

Contudo, se a composição mineral for similar, isso sugeriria que as diferenças topográficas resultam principalmente de variações na resistência estrutural da rocha original, e não de alterações químicas posteriores. Portanto, os resultados do CheMin não são apenas números — são pistas que nos ajudarão a reconstruir bilhões de anos de história geológica marciana.

Imagem capturada pelo rover Curiosity mostrando a área de perfuração “Nevado Sajama” em uma crista rochosa de Marte, registrada pela Left Navigation Camera no Sol 4709 da missão Mars Science Laboratory.
Curiosity registra o local de perfuração “Nevado Sajama” em Marte utilizando sua câmera de navegação esquerda no Sol 4709. A área, formada por uma crista rochosa mais resistente, é essencial para investigar a história geológica da Cratera Gale. Créditos: NASA/JPL-Caltech.

Nevado Sajama: Uma Janela Para o Passado de Marte

A perfuração bem-sucedida do Nevado Sajama em 13 de novembro de 2025 representa mais do que uma conquista técnica. É um testemunho da engenhosidade humana e da nossa capacidade de explorar mundos distantes com precisão cirúrgica. Cada dado coletado, cada imagem capturada e cada análise química realizada adiciona uma peça ao quebra-cabeça complexo que é a história de Marte.

Enquanto isso, do seu poleiro no topo da crista entre as estruturas de boxwork, o Curiosity continua sua missão incansável de desvendar os segredos do Planeta Vermelho. As próximas semanas trarão revelações emocionantes à medida que os dados do CheMin forem analisados e comparados. Essas descobertas não apenas nos ajudarão a entender como as boxworks se formaram, mas também lançarão luz sobre a história da água em Marte e, consequentemente, sobre a habitabilidade passada do planeta.

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FAQ: A Perfuração do Nevado Sajama

Quando ocorreu a perfuração do Nevado Sajama? A perfuração foi concluída no Sol 4718, que corresponde a 13 de novembro de 2025 aqui na Terra. O planejamento e análises ocorreram entre 10 e 16 de novembro de 2025.
O que é o instrumento CheMin? CheMin (Chemistry and Mineralogy) é um difratômetro de raios-X que identifica e quantifica os minerais presentes nas amostras de rocha pulverizada coletadas pelo Curiosity.
Por que as veias nas rochas são importantes? Veias rochosas geralmente se formam quando minerais são depositados por fluidos que circulam através de fraturas. Estudá-las pode revelar informações sobre a química da água antiga em Marte.
O que é o instrumento DAN e o que ele mede? O DAN (Dynamic Albedo of Neutrons) mede o conteúdo de hidrogênio no solo marciano, permitindo aos cientistas inferir a presença de água, seja como gelo ou em minerais hidratados.
Quanto tempo leva para os dados chegarem da Terra a Marte? Os sinais de rádio viajam à velocidade da luz, levando entre 5 e 20 minutos para chegar a Marte, dependendo da distância entre os planetas em suas órbitas.
O que torna as estruturas de boxwork tão especiais? Boxworks são formações em relevo que podem preservar evidências de sistemas hidrotermais antigos e condições que poderiam ter sido favoráveis à vida microbiana.
Há quanto tempo o Curiosity está operando em Marte? O Curiosity pousou em agosto de 2012 e, em novembro de 2025, já completou mais de 13 anos de operação contínua, superando amplamente sua missão planejada de dois anos terrestres.

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Todos os créditos de imagem Reservados à NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: Artigo “Curiosity Blog, Sols 4716-4722: Drilling Success at Nevado Sajama” Publicado em nasa.gov

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