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LIGO, Virgo e KAGRA Encerram Observação Histórica: 250 Ondas Gravitacionais Detectadas

As ondas gravitacionais continuam revelando os segredos mais profundos do universo. A colaboração internacional LIGO-Virgo-KAGRA acaba de completar sua quarta campanha de observação (O4), a mais longa e produtiva da história. Durante mais de dois anos de operação ininterrupta, os detectores captaram aproximadamente 250 novos sinais gravitacionais, expandindo dramaticamente nosso conhecimento sobre buracos negros, estrelas de nêutrons e os eventos cósmicos mais violentos do cosmos.

Ilustração artística de ondas gravitacionais propagando-se pelo espaço-tempo. As ondas são representadas como ondulações vibrantes em uma malha tridimensional, irradiando a partir de uma fonte de grande energia, como a colisão de buracos negros. O fundo escuro do espaço destaca as sutis distorções causadas pelas ondas, simbolizando a ondulação do espaço-tempo conforme previsto pela teoria da relatividade de Einstein
Ilustração artística de ondas gravitacionais propagando-se pelo espaço-tempo. As ondas são representadas como ondulações vibrantes em uma malha tridimensional, irradiando a partir de uma fonte de grande energia, como a colisão de buracos negros. O fundo escuro do espaço destaca as sutis distorções causadas pelas ondas, simbolizando a ondulação do espaço-tempo conforme previsto pela teoria da relatividade de Einstein

A Maior Caça às Ondas Gravitacionais Já Realizada

Iniciada em maio de 2023 e concluída em novembro de 2025, a campanha O4 representa um marco sem precedentes na astronomia de ondas gravitacionais. Assim, esses 250 novos eventos correspondem a mais de dois terços de todas as ondas gravitacionais já detectadas pela humanidade. Além disso, o número total de sinais capturados pelos três observatórios agora ultrapassa 350 eventos confirmados.

A tecnologia por trás dessa façanha é impressionante. Os interferômetros laser LIGO (Estados Unidos), Virgo (Itália) e KAGRA (Japão) funcionam como ouvidos cósmicos ultrassensíveis. Portanto, cada avanço tecnológico aumenta a capacidade de “escutar” colisões de objetos massivos que ocorreram há bilhões de anos-luz de distância.

Segundo Gianluca Gemme, porta-voz da Colaboração Virgo e pesquisador do Instituto Nacional de Física Nuclear da Itália, essa campanha reflete a força da colaboração internacional. Dessa forma, mais de 3.000 cientistas de dezenas de países trabalharam em conjunto para transformar vibrações microscópicas do espaço-tempo em descobertas revolucionárias.

tomada de drone aéreo Observatório LIGO, com seus longos braços em forma de “L”, Créditos: LIGO / Caltech.
Os detectores do Observatório LIGO, responsáveis por algumas das descobertas mais importantes da astrofísica moderna, podem — segundo um novo estudo — ser sensíveis até mesmo a ondas gravitacionais geradas por possíveis naves extraterrestres em movimento avançado. A imagem destaca a infraestrutura do LIGO e simboliza como a tecnologia atual pode alcançar cenários antes considerados pura ficção científica. Créditos: LIGO / Caltech
Vista aérea do interferômetro Virgo, na Itália, mostrando seus longos túneis brancos em formato de “L” em meio a uma área verde aberta. A imagem representa a capacidade do observatório de detectar ondas gravitacionais, incluindo as que poderiam ser produzidas por tecnologia extraterrestre avançada, segundo um novo estudo. Créditos: Virgo Collaboration.
O interferômetro Virgo, localizado na Itália e operado por uma colaboração internacional, é uma das instalações mais sensíveis do mundo para detectar ondas gravitacionais. Segundo um estudo recente, sua precisão extrema poderia até identificar perturbações gravitacionais geradas por naves extraterrestres altamente avançadas — caso existam. A imagem mostra a estrutura imponente do Virgo, símbolo da busca contínua da ciência por sinais além do conhecido. Créditos: Virgo Collaboration
Interior do detector de ondas gravitacionais KAGRA, localizado na mina de Kamioka, em Hida, província de Gifu, no Japão. A imagem mostra túneis subterrâneos iluminados e estruturas metálicas que sustentam o interferômetro criogênico avançado. Créditos: KAGRA Collaboration.
O KAGRA, instalado profundamente na mina de Kamioka, no Japão, é o primeiro detector de ondas gravitacionais subterrâneo e criogênico do mundo. Sua estrutura protegida e seus espelhos resfriados permitem medições extremamente sensíveis, complementando observatórios como LIGO e Virgo na busca por sinais das colisões mais violentas do cosmos. Créditos: KAGRA Collaboration

Comprovando a Teoria de Stephen Hawking com Buracos Negros

Entre os eventos mais fascinantes está o GW250114, que permitiu aos cientistas testemunharem a fusão de dois buracos negros com uma precisão sem precedentes. Contudo, o mais impressionante foi a confirmação experimental de um teorema proposto por Stephen Hawking em 1971: a superfície total dos buracos negros nunca pode diminuir.

Os dados revelaram que os dois buracos negros iniciais possuíam uma área de superfície combinada de 240.000 quilômetros quadrados. Enquanto isso, o buraco negro final resultante da colisão apresentava cerca de 400.000 quilômetros quadrados. Portanto, houve um aumento claro e mensurável, exatamente como Hawking havia previsto décadas atrás.

Essa descoberta não apenas valida uma das previsões mais elegantes da física teórica, mas também demonstra como as ondas gravitacionais se tornaram ferramentas indispensáveis para testar os limites da relatividade geral.

Ilustração artística de dois buracos negros colidindo, liberando ondas gravitacionais no espaço.
Ilustração artística de dois buracos negros colidindo, liberando ondas gravitacionais no espaço. Crédito:ESA

Buracos Negros de Segunda Geração: Filhos de Colisões Antigas

Outro resultado extraordinário veio da detecção dos eventos GW241011 e GW241110, que apresentam características incomuns. Assim, os pesquisadores identificaram esses objetos como buracos negros de “segunda geração” — formados não diretamente do colapso de estrelas, mas de fusões anteriores entre buracos negros.

As propriedades desses sistemas são reveladoras. Por outro lado, seus tamanhos e orientações rotacionais sugerem histórias violentas em ambientes cósmicos extremamente densos e caóticos, como aglomerados estelares. Nesses ambientes, buracos negros podem colidir e se fundir repetidamente, criando gerações sucessivas de objetos cada vez mais massivos.

Essa descoberta abre uma janela fascinante para entender a evolução dos buracos negros ao longo de bilhões de anos. Além disso, confirma que o universo possui “berçários” onde esses gigantes cósmicos interagem constantemente, como em uma dança gravitacional sem fim.

O Buraco Negro Mais Massivo Já Observado em Fusão

O evento GW231123 estabeleceu um novo recorde impressionante. A fusão observada produziu um buraco negro final com mais de 225 vezes a massa do Sol, tornando-se a colisão mais massiva já detectada por ondas gravitacionais.

Contudo, essa descoberta levanta questões fundamentais sobre como buracos negros tão gigantescos podem se formar. Os modelos atuais de evolução estelar têm dificuldade para explicar a existência de sistemas binários tão massivos. Portanto, os astrofísicos agora precisam revisar suas teorias sobre formação e crescimento de buracos negros supermassivos.

Enquanto isso, esse evento demonstra que ainda há muito a aprender sobre os limites extremos da física gravitacional. Assim, cada nova detecção desafia nosso entendimento e nos força a expandir os horizontes teóricos.

Imagem ilustrativa de um buraco negro no centro de uma galáxia, mostrando o disco de acreção brilhante ao redor e jatos de energia sendo emitidos para o espaço.
Imagem ilustrativa de um buraco negro no centro de uma galáxia, mostrando o disco de acreção brilhante ao redor e jatos de energia sendo emitidos para o espaço.

O Que Vem Por Aí: Melhorias e Nova Campanha em 2026

Os três observatórios agora entram em uma fase de atualizações tecnológicas significativas. Dessa forma, os cientistas planejam aumentar ainda mais a sensibilidade dos detectores, permitindo captar ondas gravitacionais de eventos ainda mais distantes e sutis.

As melhorias serão implementadas em etapas, com períodos de coleta de dados entre as atualizações. Por fim, uma nova campanha de observação está prevista para começar no final do verão ou início do outono de 2026, com duração aproximada de seis meses.

Além disso, centenas de eventos detectados durante a O4 ainda estão sendo analisados cuidadosamente. Portanto, nos próximos meses, os pesquisadores publicarão um catálogo detalhado com todas as ondas gravitacionais capturadas, prometendo mais descobertas revolucionárias.

Ouvindo o Universo Invisível

As ondas gravitacionais representam uma forma completamente nova de estudar o cosmos. Enquanto telescópios tradicionais captam luz, rádio ou raios-X, os detectores gravitacionais “escutam” as próprias vibrações do espaço-tempo provocadas por eventos cataclísmicos.

Cada colisão de buracos negros ou estrelas de nêutrons gera ondulações que viajam à velocidade da luz por todo o universo. Assim, quando essas ondas finalmente alcançam a Terra, causam distorções minúsculas no tecido do espaço — mudanças menores que o núcleo de um átomo.

Contudo, a precisão dos interferômetros modernos é tão extraordinária que consegue detectar essas vibrações microscópicas. Dessa forma, estamos literalmente ouvindo a trilha sonora do universo violento e dinâmico.

Uma Nova Era da Astronomia Multi-Mensageira

A astronomia de ondas gravitacionais não trabalha isolada. Por outro lado, ela se integra perfeitamente com observações eletromagnéticas, criando o que chamamos de astronomia multi-mensageira.

Quando um evento gravitacional é detectado, telescópios ao redor do mundo rapidamente apontam para a região do céu de onde veio o sinal. Portanto, os cientistas podem estudar o mesmo fenômeno através de múltiplos “sentidos” cósmicos simultaneamente, obtendo uma compreensão muito mais completa.

Além disso, essa abordagem já revelou a origem de elementos pesados como ouro e platina, que são forjados em colisões de estrelas de nêutrons. Assim, cada nova campanha de observação nos aproxima de desvendar os processos fundamentais que moldaram o universo.


A campanha O4 consolidou as ondas gravitacionais como uma das ferramentas mais poderosas da astrofísica moderna. Com mais de 250 novos eventos detectados, estamos apenas começando a compreender a riqueza de informações que o universo invisível tem a oferecer. Enquanto aguardamos as próximas descobertas do catálogo completo e a campanha de 2026, uma pergunta permanece: quantos segredos cósmicos ainda aguardam para serem “ouvidos”?

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Perguntas Frequentes sobre Ondas Gravitacionais

O que são ondas gravitacionais? Ondas gravitacionais são ondulações no tecido do espaço-tempo causadas por eventos cósmicos violentos, como colisões de buracos negros. Elas viajam à velocidade da luz através do universo.
Como os detectores captam ondas gravitacionais? Interferômetros laser como LIGO, Virgo e KAGRA detectam mudanças minúsculas na distância entre espelhos causadas pela passagem das ondas gravitacionais, distorções menores que o núcleo de um átomo.
Por que a campanha O4 foi tão importante? A O4 durou mais de dois anos e detectou 250 novos sinais gravitacionais, mais que dobrando o número total de eventos já observados e permitindo descobertas sem precedentes sobre buracos negros.
O que são buracos negros de segunda geração? São buracos negros formados pela fusão de outros buracos negros, não diretamente do colapso de estrelas. Eles indicam ambientes cósmicos densos onde colisões acontecem repetidamente.
Quando começa a próxima campanha de observação? A próxima campanha está prevista para iniciar no final do verão ou início do outono de 2026, após atualizações tecnológicas que aumentarão a sensibilidade dos detectores.
Qual foi o buraco negro mais massivo detectado? O evento GW231123 produziu um buraco negro final com mais de 225 vezes a massa do Sol, estabelecendo um novo recorde de fusão mais massiva já observada.
Como as ondas gravitacionais provaram a teoria de Hawking? O evento GW250114 mostrou que a área de superfície dos buracos negros aumentou de 240.000 para 400.000 km² após a fusão, confirmando o teorema de Hawking de 1971 que dizia que essa área nunca pode diminuir.

Indicação de Leitura

Gostou do nosso artigo? Então continue mergulhando nos mistérios dos buracos negros e nos avanços que eles proporcionam para a astronomia moderna. Explore como essas regiões extremas do espaço moldam galáxias inteiras, revelam nova física e desafiam tudo o que sabemos sobre o universo. Descubra também como observatórios ao redor do mundo estão desvendando esses gigantes invisíveis e inspire-se com as fronteiras mais profundas do cosmos!

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Fonte: Artigo “LIGO, Virgo and KAGRA complete the richest observation run to date” Publicado em ego-gw.it

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