Imagina só: mais de 40 mil pedras espaciais gigantes vagando pelo Sistema Solar, algumas delas passando pertinho da Terra. Parece coisa de filme de ficção científica, mas é realidade! Astrônomos acabam de catalogar o 40.000º asteroide próximo da Terra, um marco que nos faz pensar tanto na nossa fragilidade cósmica quanto nos avanços incríveis da ciência planetária. Essas rochas espaciais variam desde poucos metros até alguns quilômetros de tamanho, todas elas em órbitas que as trazem relativamente perto do nosso planeta. Cada nova descoberta conta uma história fascinante sobre a evolução do nosso Sistema Solar e sobre como estamos aprendendo a nos defender de ameaças vindas do espaço.
O Que São Asteroides Próximos da Terra?
Asteroides são, basicamente, fósseis espaciais. Eles são pedaços rochosos que sobraram da formação do Sistema Solar há mais de quatro bilhões de anos. A maioria deles fica tranquila orbitando o Sol entre Marte e Júpiter, mas alguns resolvem fazer um passeio mais próximo de nós. Quando um asteroide tem uma órbita que o traz a até 45 milhões de quilômetros da órbita terrestre, ele ganha o status especial de “asteroide próximo da Terra” ou NEA, na sigla em inglês.
Dessa forma, esses objetos entram no radar das equipes de defesa planetária ao redor do mundo. Afinal, mesmo que 45 milhões de quilômetros pareçam uma distância enorme, no contexto do espaço isso é praticamente estar na mesma rua. Portanto, cientistas mantêm vigilância constante sobre esses vizinhos cósmicos.

Da Descoberta de Eros aos 40 Mil: Uma Jornada Fascinante
A história dos asteroides próximos da Terra começou em 1898, quando o primeiro deles, chamado Eros, foi descoberto. Contudo, durante décadas, novas descobertas aconteciam bem devagar. Foi só nos anos 1990 e 2000, com telescópios especializados em varreduras do céu, que o número começou a explodir. Hoje, estamos encontrando centenas de novos asteroides todos os anos.
Os números são impressionantes: apenas mil asteroides conhecidos no início dos anos 2000, depois 15 mil em 2016, 30 mil em 2022 e agora, em novembro de 2025, ultrapassamos a marca de 40 mil. Além disso, cerca de 10 mil desses objetos foram descobertos apenas nos últimos três anos. Segundo Luca Conversi, gerente do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra da ESA, esse crescimento é exponencial e deve acelerar ainda mais com os novos telescópios.

A Nova Geração de Caçadores de Asteroides
Enquanto isso, uma nova era de observação espacial está apenas começando. O Observatório Vera C. Rubin, inaugurado este ano no Chile, promete descobrir dezenas de milhares de novos asteroides, mesmo não sendo dedicado exclusivamente a essa tarefa. Por outro lado, a ESA está desenvolvendo os telescópios Flyeye, projetados com uma visão ampla do céu que lembra olhos de inseto, perfeitos para capturar asteroides que escapam das pesquisas atuais.
Assim, a capacidade de detecção está crescendo exponencialmente. Cada novo telescópio que entra em operação multiplica nossa habilidade de enxergar essas rochas espaciais antes que elas possam se tornar uma ameaça.

Apenas a Ponta do Iceberg Espacial
Sempre que um novo asteroide próximo da Terra é descoberto, começa um trabalho meticuloso de previsão. Os astrônomos usam todas as observações disponíveis para calcular a trajetória do objeto anos, décadas e até séculos à frente. Softwares dedicados analisam se há qualquer chance de impacto com a Terra nos próximos cem anos, no mínimo.
Na ESA, esse trabalho é realizado pelo Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra, parte do Escritório de Defesa Planetária. Cada vez que uma nova observação é feita, as previsões e avaliações de risco são atualizadas e refinadas. É um trabalho contínuo que nunca para.
Quanto Devemos Nos Preocupar?
Aqui vai uma informação que pode te deixar um pouco nervoso: quase 2 mil asteroides próximos da Terra têm uma chance não-zero de impactar nosso planeta nos próximos cem anos. Contudo, antes que você entre em pânico, vamos aos detalhes importantes. A maioria desses objetos é muito pequena e suas probabilidades de impacto são geralmente menores que 1%. Portanto, o risco real é mínimo.
Além disso, os maiores asteroides – aqueles com mais de um quilômetro de diâmetro – são também os mais fáceis de detectar. Esses gigantes, que causariam efeitos globais caso atingissem a Terra, já foram em sua grande maioria encontrados. A comunidade científica está confiante de que conhecemos praticamente todos eles.
O Foco Atual: Asteroides de Tamanho Médio
Hoje, o grande desafio está nos asteroides de tamanho médio, entre 100 e 300 metros de largura. Esses objetos são muito mais difíceis de detectar, mas causariam danos regionais sérios se colidissem com nosso planeta. Infelizmente, os modelos atuais sugerem que descobrimos apenas cerca de 30% desses asteroides. Dessa forma, ainda há muito trabalho pela frente.
Hera e a Missão de Deflexão de Asteroides
Felizmente, nenhum dos 40 mil asteroides conhecidos representa motivo de preocupação imediata. No entanto, a ESA não está apenas esperando pelo dia em que detectaremos uma ameaça real. A equipe de Defesa Planetária da agência supervisiona o desenvolvimento das capacidades europeias de mitigação de asteroides através de missões como a Hera.
A missão Hera está atualmente no espaço, a caminho do asteroide Dimorphos. Lá, ela estudará as consequências do impacto realizado pela sonda DART da NASA em 2022. Ao examinar detalhadamente como o impacto da DART mudou a estrutura e a trajetória de Dimorphos, a Hera ajudará a transformar a deflexão de asteroides em uma forma confiável de proteger a Terra.

Ramses e Apophis: Um Encontro Próximo em 2029
Por outro lado, a ESA também está planejando ativamente a missão Ramses para o asteroide Apophis, que tem 375 metros de diâmetro. A missão acompanhará Apophis durante uma aproximação segura, mas excepcionalmente próxima da Terra em 2029. Esse será um evento astronômico único, permitindo estudos detalhados de um asteroide de grande porte a uma distância sem precedentes.
NEOMIR: Fechando os Pontos Cegos
Enquanto isso, a ESA está desenvolvendo a missão NEOMIR, que caçará asteroides no infravermelho. Com lançamento previsto para meados da década de 2030, a NEOMIR nos permitirá detectar com antecedência ameaças de impacto semelhantes ao evento de Chelyabinsk. A missão fechará uma grande lacuna na nossa vigilância: o hemisfério diurno da Terra, onde a luz solar intensa impede a detecção de asteroides com telescópios ópticos terrestres.

Um Esforço Global para Proteger o Planeta
O que começou com a descoberta de Eros em 1898 se transformou em um esforço global que identificou com sucesso dezenas de milhares de asteroides próximos da Terra. Cada nova adição à lista – e certamente haverá muitos milhares nos próximos anos – melhora nossa compreensão da história do Sistema Solar e fortalece nossa capacidade de manter nosso planeta seguro.
Assim, a defesa planetária deixou de ser ficção científica para se tornar uma ciência real, com missões espaciais, telescópios dedicados e sistemas de monitoramento operando 24 horas por dia. Somos a primeira geração da humanidade capaz não apenas de detectar essas ameaças cósmicas, mas também de fazer algo a respeito delas.
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Perguntas Frequentes sobre Asteroides Próximos da Terra
Quantos asteroides próximos da Terra existem?
Atualmente conhecemos mais de 40 mil asteroides próximos da Terra, mas estima-se que existam muitos outros ainda não detectados, especialmente aqueles de tamanho médio entre 100 e 300 metros.
Algum asteroide vai colidir com a Terra em breve?
Não. Nenhum dos asteroides conhecidos representa risco significativo no futuro próximo. Cerca de 2 mil têm chance não-zero de impacto nos próximos cem anos, mas essas probabilidades são extremamente baixas, geralmente inferiores a 1%.
O que é a missão Hera?
A Hera é uma missão da ESA que está viajando para o asteroide Dimorphos para investigar os efeitos do impacto da sonda DART, realizado pela NASA em 2022. A missão vai ajudar a aprimorar métodos de deflexão de asteroides.
Por que asteroides de tamanho médio são mais perigosos?
Asteroides entre 100 e 300 metros são mais difíceis de detectar do que os grandes, mas podem causar devastação regional se atingirem a Terra. Atualmente, apenas cerca de 30% desse tipo foi identificado.
Como os cientistas detectam novos asteroides?
Novos asteroides são encontrados por telescópios que monitoram constantemente o céu, como o Observatório Vera C. Rubin e os futuros telescópios Flyeye da ESA. Missões de infravermelho, como a NEOMIR, também serão fundamentais para identificar objetos que vêm da direção do Sol.
O que aconteceu em Chelyabinsk?
Em 2013, um asteroide de aproximadamente 20 metros explodiu sobre Chelyabinsk, na Rússia. A onda de choque danificou milhares de edifícios e feriu mais de mil pessoas. Futuras missões como a NEOMIR poderão detectar objetos desse tipo com antecedência.
É possível desviar um asteroide?
Sim. Em 2022, a missão DART da NASA provou ser possível alterar a órbita de um asteroide usando o impacto cinético. A missão Hera está analisando em detalhes o resultado para melhorar essa técnica.
Indicação de Leitura
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Fonte: Artigo “40 000 near-Earth asteroids discovered!” publicado em esa.int
Todos os créditos de imagem Reservados à ESA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.
