O cometa Lemmon está se despedindo do nosso Sistema Solar, e com ele vai embora o espetáculo celeste mais aguardado de 2025. Mais brilhante do que 90% dos cometas que cruzam nossa vizinhança cósmica, ele encantou milhares de entusiastas ao redor do mundo. Agora, enquanto seu brilho diminui gradualmente, resta apenas a lembrança de uma jornada única — e a certeza de que ninguém vivo hoje o verá novamente.
O Que Tornou o Cometa Lemmon Tão Especial
Descoberto em janeiro de 2025 pelo Mount Lemmon Survey, o cometa C/2025 A6 rapidamente se destacou como o candidato a melhor cometa do ano. Além disso, suas características orbitais únicas fizeram dele um verdadeiro presente para os observadores do Hemisfério Norte — algo raro quando se trata de cometas brilhantes.
Com uma órbita inclinada de 143,7°, o cometa Lemmon viaja em movimento retrógrado, ou seja, na direção oposta à maioria dos planetas. Dessa forma, quando atingiu seu periélio (ponto mais próximo do Sol) em 8 de novembro, ele favoreceu especialmente quem observa dos céus setentrionais. Outro detalhe impressionante: seu período orbital é de aproximadamente 1.154 anos, o que significa que a última vez que ele passou por aqui foi há mais de um milênio, provavelmente durante a Idade Média.

Quando Foi Possível Ver o Cometa Lemmon
O período de melhor visibilidade ocorreu entre o final de outubro e o início de novembro de 2025. Nesse intervalo, o cometa atingiu magnitude 4, tornando-se visível a olho nu em locais com céus escuros e sem poluição luminosa. Portanto, observadores em áreas rurais ou afastadas de grandes cidades tiveram a chance de testemunhar esse fenômeno sem equipamentos.
A partir de 20 de outubro, relatos começaram a surgir de diferentes partes do mundo. Algumas estimativas chegaram a indicar magnitude 3,6, embora dados mais confiáveis apontassem algo próximo de 4. De qualquer forma, o cometa se tornou um alvo fácil para binóculos e pequenos telescópios.
Entretanto, após atingir o pico de brilho entre 27 e 28 de outubro, o cometa começou a enfraquecer. Além disso, sua posição no céu ficou cada vez mais baixa no horizonte sudoeste, dificultando a observação. Em meados de novembro, apenas instrumentos ópticos conseguiam capturá-lo, e até o fim do mês, ele estará próximo demais do Sol para ser visto.

Por Que o Cometa Lemmon Não Foi um “Grande” Cometa
Embora tenha sido o melhor cometa de 2025, o Lemmon não alcançou o status de “grande cometa” como o NEOWISE ou o Tsuchinshan-ATLAS. Isso porque, para ser considerado verdadeiramente espetacular, um cometa precisa atingir magnitudes ainda menores (mais brilhantes) e apresentar caudas extremamente longas e visíveis mesmo de áreas urbanas.
Ainda assim, o cometa Lemmon superou a vasta maioria dos visitantes gelados que cruzam o Sistema Solar. Muitos cometas passam despercebidos, exigindo telescópios potentes para serem detectados. Dessa forma, ter um cometa de magnitude 4 visível a olho nu já representa um evento astronômico significativo.
A Jornada Orbital do Cometa Lemmon
A trajetória do cometa Lemmon pelo Sistema Solar é fascinante. Em 21 de outubro, ele passou a apenas 0,60 unidades astronômicas (UA) da Terra — cerca de 90 milhões de quilômetros. Embora pareça uma distância enorme, em termos cósmicos, é bastante próximo.
Posteriormente, em 8 de novembro, o cometa atingiu seu periélio a 0,53 UA do Sol, aproximadamente 79 milhões de quilômetros. Nesse ponto, a radiação solar vaporizou gelo da superfície do núcleo, criando a coma (atmosfera difusa) verde brilhante e as elegantes caudas que tanto encantaram os astrofotógrafos.
Curiosamente, a gravidade de Júpiter afetou a órbita do Lemmon. Em 16 de abril de 2025, o cometa passou a 348,5 milhões de quilômetros do gigante gasoso. Esse encontro gravitacional absorveu parte da energia orbital, encurtando o período de 1.350 anos para aproximadamente 1.154 anos — uma mudança de quase 200 anos.

Como Fotografar o Cometa Lemmon: Dicas Práticas
O cometa Lemmon ofereceu uma excelente oportunidade para praticar astrofotografia. Contudo, capturar um cometa exige atenção a alguns detalhes importantes. Primeiramente, cometas se movem em relação às estrelas de fundo. Portanto, exposições muito longas podem resultar em núcleos ligeiramente borrados.
Além disso, céus escuros são essenciais. A poluição luminosa e o luar reduzem drasticamente o contraste, tornando a cauda quase invisível. Assim, escolher noites de Lua nova e locais afastados de cidades é fundamental.
Fotografando com Smartphone
Mesmo com um celular, é possível registrar o cometa como uma mancha difusa com cauda tênue. Para isso, apoie o dispositivo em um tripé, ative o modo Noturno e ajuste as configurações manualmente, se possível. Use ISO entre 1600 e 3200, exposição de 5 a 10 segundos e zoom de 1× a 2× para melhor nitidez.
Fotografando com Câmera e Tripé
Com uma câmera DSLR ou mirrorless, os resultados melhoram significativamente. Use lentes de 14 a 35 mm para capturar paisagens com o cometa, ou 85 a 135 mm para planos mais fechados. Configure ISO entre 1600 e 3200, abertura máxima (f/2 a f/2.8) e exposições de 10 a 20 segundos.
Fotografando com Rastreador Estelar
Um rastreador estelar compensa a rotação da Terra, permitindo exposições mais longas sem borrar as estrelas. Dessa forma, você pode usar ISO mais baixo (800 a 1600) e capturar detalhes sutis da cauda. Para melhores resultados, crie duas pilhas de imagens — uma alinhada com as estrelas e outra com o cometa — e combine-as no processamento.

A Descoberta do Cometa C/2025 A6
O Mount Lemmon Survey detectou o objeto pela primeira vez em 3 de janeiro de 2025, com magnitude 21,5 — tão fraco que inicialmente pareceu um asteroide. Posteriormente, imagens anteriores do Pan-STARRS, datadas de 12 de novembro de 2024, foram identificadas e confirmaram observações prévias.
Somente após análises mais detalhadas, observadores notaram uma coma condensada e uma cauda curta, confirmando a natureza cometária. Assim, cerca de um mês e meio após a descoberta, o objeto recebeu a designação oficial C/2025 A6 (Lemmon). Trata-se de um cometa dinamicamente antigo, indicando que já havia passado pelo Sol anteriormente.

O Que Vem Depois: Outros Cometas em 2025
Enquanto o cometa Lemmon se afasta, outro visitante chama atenção: o 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar confirmado. Embora não seja tão brilhante quanto o Lemmon, ele tem gerado especulações intrigantes — alguns até questionam se poderia ser algo além de um simples cometa.
Objetos interestelares são raros e fascinantes porque não pertencem ao nosso Sistema Solar. Eles vêm de outras estrelas, cruzam nossa vizinhança cósmica e seguem viagem pelo espaço interestelar. Dessa forma, cada detecção representa uma oportunidade única de estudar material de outros sistemas planetários.

Por Que Você Deveria Acompanhar Cometas
Observar cometas nos conecta com algo maior. Esses visitantes gelados carregam material primitivo do nascimento do Sistema Solar, preservado por bilhões de anos. Além disso, cometas trouxeram água e moléculas orgânicas para a Terra primitiva, possivelmente ajudando a criar condições para o surgimento da vida.
Cada aparição cometária é efêmera e única. Ao contrário de planetas que podemos observar regularmente, cometas brilhantes são eventos raros. Portanto, quando surge a oportunidade de ver um, vale a pena aproveitar — seja com equipamentos sofisticados ou simplesmente apreciando a olho nu sob um céu estrelado.

Aplicativos para Localizar Cometas no Céu
Localizar um cometa pode parecer desafiador, mas aplicativos de astronomia facilitam muito essa tarefa. O Star Walk 2 e o Sky Tonight são opções gratuitas que mostram a posição exata de qualquer objeto celeste de acordo com sua localização.
Basta apontar o celular para o céu, e o aplicativo identifica estrelas, constelações, planetas, cometas e satélites em tempo real. Dessa forma, mesmo observadores iniciantes conseguem encontrar o cometa Lemmon rapidamente. Além disso, esses apps indicam os melhores horários de observação, quando o céu está mais escuro e o objeto mais alto no horizonte.

O cometa Lemmon nos presenteou com um espetáculo celeste inesquecível em 2025. Agora, enquanto ele segue sua jornada solitária pelo espaço profundo, resta a nós guardar as memórias e fotografias desse visitante extraordinário. Afinal, a próxima geração que o verá ainda não nasceu — e nem nascerão os bisavós dessa geração.
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FAQ: Perguntas Frequentes sobre o Cometa Lemmon
Por quanto tempo o cometa Lemmon será visível?
O cometa Lemmon permanecerá visível com binóculos ou telescópio até meados de novembro de 2025. Entretanto, após 10 de novembro, seu brilho diminui rapidamente, tornando a observação cada vez mais difícil.
O cometa Lemmon é perigoso para a Terra?
Não. O cometa passou a 90 milhões de quilômetros do nosso planeta, uma distância totalmente segura. Cometas só representariam risco se colidissem com a Terra, algo extremamente raro e monitorado constantemente pelos astrônomos.
Por que o cometa Lemmon tem uma cauda verde?
A cor verde vem de moléculas de carbono diatômico (C₂), formadas quando a luz solar quebra moléculas orgânicas do núcleo cometário. Esse gás emite luz verde quando é excitado pela radiação do Sol.
Quando o cometa Lemmon voltará?
O cometa Lemmon não retornará por aproximadamente 1.154 anos. Isso significa que ninguém vivo hoje poderá vê-lo novamente — uma verdadeira oportunidade única na vida.
Preciso de equipamentos caros para ver cometas?
Não. Cometas relativamente brilhantes podem ser vistos a olho nu em locais com pouca poluição luminosa. Binóculos simples já revelam detalhes interessantes, e aplicativos gratuitos ajudam a localizar esses objetos no céu.
Como os cometas são nomeados?
Cometas recebem designações técnicas que indicam o ano de descoberta e uma letra correspondente ao período da descoberta (A para janeiro, B para fevereiro, etc.). O nome entre parênteses geralmente se refere ao observatório ou ao descobridor — neste caso, o Mount Lemmon Survey.
Existe diferença entre cometas e asteroides?
Sim. Cometas são compostos de gelo, poeira e rocha, formando caudas quando se aproximam do Sol. Asteroides são principalmente rochosos ou metálicos e não apresentam caudas. Alguns objetos intermediários, porém, podem apresentar características de ambos.
Indicação de Leitura
Gostou do nosso artigo? Então continue explorando o fascinante universo dos cometas. Descubra como eles se formam, por que surgem de repente no céu, quais foram os mais marcantes da história e como missões da ESA e da NASA estudam esses viajantes cósmicos para revelar segredos da origem do Sistema Solar.
Sugestões de Links Internos (Inbound)
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