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OSIRIS-APEX: A Nave da NASA que Deu um “Tchauzinho” para a Terra

A sonda OSIRIS-APEX da NASA, uma veterana com uma nova missão, fez um espetacular sobrevoo rasante pela Terra no dia 23 de setembro de 2025. Este “tchauzinho” cósmico não foi apenas um show para a galeria, mas uma manobra crucial de calibração que marcou o início de sua jornada estendida. A nave, que antes era conhecida como OSIRIS-REx e trouxe para casa uma amostra preciosa do asteroide Bennu, agora tem um novo alvo: o temido asteroide Apophis.

A passagem da sonda OSIRIS-APEX a apenas 3.438 quilômetros da superfície terrestre permitiu que a equipe da missão testasse e calibrasse seus instrumentos científicos, capturando imagens impressionantes do nosso planeta e da Lua. Essa proximidade, comparável à altitude de satélites em órbita baixa, transformou a Terra em um laboratório de testes perfeito.

Visualização artística da sonda OSIRIS-REx se aproximando do asteroide Bennu para coletar uma amostra, com o braço robótico estendido durante a descida.
Visualização artística da sonda OSIRIS-REx descendo em direção ao asteroide Bennu durante a fase de coleta de amostras. Créditos: NASA/University of Arizona.

A Manobra de Estilingue Gravitacional: O Impulso para Apophis

A física por trás do sobrevoo da sonda OSIRIS-APEX é fascinante. O que parece um simples desvio de rota é, na verdade, uma complexa manobra de estilingue gravitacional. Ao se aproximar da Terra, a nave usou a gravidade do nosso planeta para ganhar velocidade e alterar sua trajetória, economizando uma quantidade enorme de combustível.

Mas por que a OSIRIS-APEX precisava desse impulso? A resposta está em seu novo destino. Após entregar com sucesso a cápsula com a amostra de Bennu, a missão foi rebatizada para OSIRIS-APEX (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Security – Apophis Explorer) e recebeu a tarefa de interceptar o asteroide Apophis. Este asteroide, que já foi considerado uma ameaça potencial, passará muito perto da Terra em 2029. A missão da nave é chegar lá antes e estudar o asteroide de perto, especialmente após a passagem rasante pela Terra.

A manobra de sobrevoo, realizada com precisão cirúrgica, garantiu que a nave estivesse no caminho certo para seu encontro com Apophis. Portanto, a Terra serviu como um trampolim cósmico, impulsionando a nave para a próxima fase de sua aventura interplanetária.

O Olhar da Sonda: Imagens da Terra e da Lua

Durante sua aproximação e afastamento, a sonda OSIRIS-APEX virou suas câmeras para casa, capturando dados e imagens que são vitais para a calibração de seus instrumentos. Essa é uma prática comum em missões espaciais, pois a Terra e a Lua fornecem alvos de brilho e contraste conhecidos, permitindo que os cientistas ajustem as configurações dos equipamentos.

A câmera MapCam, parte do conjunto OCAMS (OSIRIS-REx Camera Suite), produziu uma composição colorida impressionante da Terra. Cerca de nove horas após a máxima aproximação, a nave, já a 228.000 km de distância, registrou o continente da Austrália em destaque no Hemisfério Sul. Além disso, a câmera StowCam, que durante a missão primária verificou o armazenamento seguro da amostra de Bennu, capturou um vídeo do sobrevoo sobre o Oceano Atlântico, com a América do Sul visível no quadro.

Enquanto isso, a StowCam também registrou uma imagem poética da Terra e da Lua como dois pequenos pontos no vasto negrume do espaço. Essa foto, tirada a 59.600 km de distância, mostra a vastidão do cosmos e a fragilidade do nosso lar. Dessa forma, as imagens não apenas serviram para fins técnicos, mas também nos presentearam com novas perspectivas sobre o nosso lugar no universo.

Imagem da Terra capturada pela sonda OSIRIS-APEX cerca de nove horas após sua maior aproximação, a aproximadamente 142 mil milhas (228 mil quilômetros) de distância. A Austrália é visível no hemisfério sul. A composição em cores combina seis imagens registradas pela câmera MapCam usando filtros vermelho, verde e azul.
Esta visão da Terra foi registrada cerca de nove horas após a maior aproximação da sonda OSIRIS-APEX, quando ela estava a aproximadamente 142 mil milhas (228 mil quilômetros) de distância e se afastando do planeta. A Austrália aparece em destaque no hemisfério sul. A imagem é uma composição em cores criada a partir de seis capturas da câmera MapCam, parte do conjunto OSIRIS-REx Camera Suite (OCAMS), operado pela Universidade do Arizona. Créditos: NASA/Goddard/University of Arizona.
A câmera StowCam da missão OSIRIS-APEX registra imagens estáticas e vídeos para verificar se a amostra do asteroide está armazenada com segurança durante a missão primária. Equipamentos e estruturas da espaçonave aparecem em primeiro plano.
A StowCam, parte dos instrumentos da missão OSIRIS-APEX, registra imagens e vídeos utilizados para confirmar que a amostra coletada do asteroide permanece armazenada com segurança durante a missão primária. Créditos: NASA/Goddard/University of Arizona/Lockheed Martin.
Imagem capturada pela StowCam da missão OSIRIS-APEX mostrando a Lua à esquerda e a Terra à direita, com reflexos dos instrumentos da espaçonave no primeiro plano. A foto foi feita quando a nave estava a cerca de 370 mil milhas de distância da Terra.
A StowCam também registrou imagens durante a aproximação e a partida da OSIRIS-APEX da Terra. Nesta composição, duas exposições revelam a Lua à esquerda e a Terra à direita, com reflexos dos instrumentos da espaçonave em primeiro plano. A visão foi capturada quando a sonda estava a aproximadamente 370 mil milhas (59.600 km) da Terra, em 24 de setembro de 2025. Créditos: NASA/Goddard/University of Arizona/Lockheed Martin.
A missão OSIRIS-APEX registrou a Terra enquanto passava a aproximadamente 2.100 milhas acima da superfície, uma altitude superior à de satélites típicos de órbita baixa. O vídeo, composto por cerca de 424 imagens capturadas pela StowCam, mostra o deck de instrumentos da espaçonave em primeiro plano enquanto a sonda sobrevoa o Oceano Atlântico, com a América do Sul visível à esquerda. Créditos: NASA/Goddard/University of Arizona/Lockheed Martin.

De Bennu a Apophis: A Evolução da Missão

A história da sonda OSIRIS-APEX é uma saga de sucesso e adaptação. Originalmente, a missão OSIRIS-REx (Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Regolith Explorer) tinha como objetivo coletar uma amostra do asteroide Bennu e trazê-la de volta à Terra. A entrega bem-sucedida da cápsula em setembro de 2023 foi um marco histórico, fornecendo aos cientistas o maior tesouro de material de asteroide já coletado pelos Estados Unidos.

Cápsula de retorno da missão OSIRIS-REx logo após aterrissar no deserto do Utah Test and Training Range, com solo arenoso ao redor e a estrutura da cápsula ainda intacta após trazer amostras do asteroide Bennu.
A cápsula de retorno da missão OSIRIS-REx é vista instantes após tocar o solo no deserto do Utah Test and Training Range, no dia 24 de setembro de 2023. Dentro dela estão as amostras do asteroide Bennu, coletadas pela espaçonave OSIRIS-REx em outubro de 2020. Créditos: NASA/Keegan Barber.

Com a nave ainda em excelente estado de funcionamento e com combustível suficiente, a NASA decidiu estender sua vida útil e dar-lhe um novo propósito. A nova missão, OSIRIS-APEX, concentra-se no asteroide Apophis, um objeto de cerca de 370 metros de diâmetro que fará uma passagem extremamente próxima da Terra em 2029.

Contudo, a nova missão não é apenas uma repetição da anterior. O foco agora é em identificação de recursos e segurança. Apophis é um asteroide do tipo S, diferente do tipo B de Bennu, e seu estudo fornecerá dados cruciais sobre a composição e as propriedades físicas de asteroides que cruzam a órbita terrestre. A nave irá orbitar Apophis por 18 meses, realizando estudos detalhados de sua superfície e subsuperfície.

Técnicos da equipe de curadoria da missão OSIRIS-REx posicionam o mecanismo TAGSAM dentro da glovebox do laboratório, manipulando cuidadosamente o coletor de amostras do asteroide Bennu para processamento seguro.
A processadora de astromateriais Mari Montoya e membros da equipe de curadoria da missão OSIRIS-REx posicionam o mecanismo TAGSAM na glovebox do canister após removê-lo da base e virá-lo para iniciar o processamento da amostra de Bennu. Crédito: NASA.

O Legado da OSIRIS-APEX e o Futuro da Exploração Espacial

A jornada da sonda OSIRIS-APEX é um testemunho da engenhosidade humana e da nossa incessante busca por conhecimento. A missão, gerenciada pelo Goddard Space Flight Center da NASA, com a Universidade do Arizona liderando a equipe científica, e a Lockheed Martin Space responsável pela construção e operações, é um esforço colaborativo que transcende fronteiras.

Instrumentos como o altímetro a laser OSIRIS-REx, fornecido pela Agência Espacial Canadense (CSA), continuam a ser peças-chave na nova fase da missão. A capacidade da nave de se adaptar e embarcar em uma nova jornada demonstra a robustez e o valor a longo prazo das missões de exploração espacial.

O estudo de Apophis é de vital importância para a segurança planetária. Ao entender melhor a composição e o comportamento de asteroides próximos à Terra, a ciência pode desenvolver estratégias mais eficazes para desviar ou mitigar qualquer ameaça futura. Portanto, a OSIRIS-APEX não está apenas explorando o espaço; ela está ajudando a proteger o nosso planeta.

A passagem da nave pela Terra foi um lembrete de que o cosmos está sempre em movimento e que a exploração espacial é uma jornada contínua. É uma história de ciência, tecnologia e a eterna curiosidade que nos impulsiona a olhar para as estrelas.

A Próxima Parada: O Encontro com o Asteroide Apophis

O sobrevoo da Terra foi apenas o prelúdio. O grande evento será o encontro da sonda OSIRIS-APEX com Apophis. A nave chegará ao asteroide logo após sua passagem rasante pela Terra em 2029, quando a gravidade do nosso planeta terá alterado a superfície de Apophis.

Os cientistas esperam que essa passagem próxima cause “terremotos de asteroide” e até mesmo deslizamentos de terra na superfície de Apophis. A OSIRIS-APEX estará lá para testemunhar e registrar essas mudanças em tempo real, fornecendo dados inéditos sobre como a gravidade de um planeta pode afetar um asteroide.

Essa é a beleza da ciência: cada missão, cada manobra, cada imagem capturada nos leva um passo adiante na compreensão do nosso universo. A sonda OSIRIS-APEX continua sua jornada, levando consigo a esperança e a curiosidade de toda a humanidade.

E você, já parou para pensar na complexidade e na beleza dessas manobras espaciais? O universo está repleto de histórias incríveis esperando para serem contadas.

Para continuar acompanhando as maiores aventuras do cosmos e descobrir mais sobre a missão OSIRIS-APEX, visite www.rolenoespaco.com.br e siga @role_no_espaco no Instagram.

A espaçonave OSIRIS-REx, da NASA, estendeu seu braço robótico em 20 de outubro de 2020 para tocar a superfície do asteroide Bennu e coletar poeira e fragmentos rochosos, marcando a primeira vez que a agência realizou esse tipo de operação em um asteroide. Bennu, localizado a mais de 200 milhões de milhas da Terra, preserva materiais formados nos primórdios do Sistema Solar e oferece pistas valiosas sobre os ingredientes que podem ter contribuído para o surgimento da vida em nosso planeta. Crédito: NASA.

Perguntas Frequentes (FAQ) sobre a Sonda OSIRIS-APEX

O que é a sonda OSIRIS-APEX?

A sonda OSIRIS-APEX é a missão estendida da antiga OSIRIS-REx da NASA. Seu nome significa Origins, Spectral Interpretation, Resource Identification, and Security – Apophis Explorer.

Qual é o novo alvo da missão OSIRIS-APEX?

O novo alvo da missão é o asteroide Apophis, que fará uma passagem muito próxima da Terra em 2029. A nave irá estudá-lo por 18 meses.

Por que a sonda OSIRIS-APEX sobrevoou a Terra?

A nave sobrevoou a Terra para realizar uma manobra de estilingue gravitacional, ganhando velocidade e alterando sua trajetória para se posicionar para o encontro com o asteroide Apophis. O sobrevoo também serviu para calibrar seus instrumentos.

A OSIRIS-APEX trouxe alguma amostra para a Terra?

Sim, a missão original (OSIRIS-REx) trouxe com sucesso uma amostra do asteroide Bennu para a Terra em setembro de 2023. A nave continua sua jornada sem a cápsula de amostra.

Quando a OSIRIS-APEX irá encontrar o asteroide Apophis?

A nave está programada para encontrar o asteroide Apophis logo após sua passagem rasante pela Terra em 2029, permitindo que os cientistas observem os efeitos gravitacionais do nosso planeta no asteroide.

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Todos os créditos de imagem Reservados à  | NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: Artigo “NASA’s OSIRIS-APEX Spacecraft Slingshots Past Earth” Publicado em nasa.gov

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