Imagine se o lugar onde você mora determinasse não apenas seu estilo de vida, mas sua própria forma física e velocidade de crescimento. No cosmos, isso é exatamente o que acontece com as galáxias. Um estudo revolucionário chamado DEVILS acaba de revelar que o “endereço cósmico” de uma galáxia influencia drasticamente sua evolução, tamanho e até sua capacidade de formar novas estrelas.

O Que é o Projeto DEVILS?
O Deep Extragalactic Visible Legacy Survey, carinhosamente apelidado de DEVILS, representa uma década inteira de planejamento e observações meticulosas do universo distante. Diferente de pesquisas anteriores que focavam em grandes estruturas cósmicas, essa iniciativa decidiu “dar zoom” nos detalhes mais íntimos da vizinhança galáctica.
De acordo com o professor Luke Davies, da Universidade da Austrália Ocidental, essa abordagem é como examinar montanhas, colinas e vales em vez de apenas mapear oceanos e continentes. Assim, os astrônomos conseguiram identificar padrões fascinantes sobre como as galáxias se comportam dependendo de onde estão localizadas.
O projeto concentrou-se em galáxias que existiam há até cinco bilhões de anos, traçando sua jornada até os dias atuais. Dessa forma, tornou-se possível comparar como eram no passado distante e como se transformaram ao longo do tempo cósmico.

Galáxias Urbanas vs. Galáxias Rurais
Aqui está a descoberta mais intrigante: galáxias que vivem em regiões lotadas do universo verdadeiros centros urbanos cósmicos e crescem mais devagar e desenvolvem estruturas completamente diferentes das galáxias isoladas. Por outro lado, aquelas que habitam regiões mais solitárias tendem a ter ritmos de evolução distintos.
A analogia com nossa experiência humana é perfeita. Alguém que cresceu em uma metrópole agitada provavelmente terá personalidade e hábitos diferentes de quem passou a vida em uma comunidade isolada. Portanto, o ambiente molda não apenas pessoas, mas também estruturas cósmicas gigantescas compostas por bilhões de estrelas.
Nas regiões densamente povoadas do cosmos, as galáxias competem constantemente por recursos. Assim como moradores de grandes cidades disputam espaço e oportunidades, galáxias vizinhas brigam por gás o combustível essencial para formar novas estrelas.
A Competição Cósmica Por Recursos
Essa competição por matéria-prima tem consequências profundas. Quando uma galáxia deixa de receber gás fresco, seja por interações, fusões, compressão ou remoção de gás por pressão no meio intraaglomerado sua habilidade de formar estrelas diminui. Enquanto isso, galáxias isoladas podem alimentar-se tranquilamente, crescendo de forma mais robusta e contínua.
Os dados do DEVILS mostraram que essa dinâmica afeta diversos aspectos da vida galáctica. Além disso, o estudo permitiu aos pesquisadores identificar quantas estrelas cada galáxia possui, entender os processos de formação estelar em andamento e analisar suas estruturas visuais com precisão inédita.
Contudo, há um lado sombrio nessa história. Em alguns casos, a falta de recursos nas regiões superlotadas pode causar algo dramático: a morte prematura de galáxias. Quando a formação de estrelas cessa completamente, dizemos que a galáxia “morreu” — um destino que parece mais comum nos bairros movimentados do universo.
Como os Cientistas Coletaram Esses Dados
O componente principal da pesquisa DEVILS foi coletado usando o Telescópio Anglo-Australiano (AAT), localizado na Austrália. Durante anos, esse instrumento observou meticulosamente milhares de galáxias em diferentes regiões do espaço profundo.
A equipe liderada por Davies desenvolveu técnicas sofisticadas para mapear não apenas as galáxias individuais, mas também suas relações com vizinhas próximas e distantes. Dessa forma, foi possível construir um retrato tridimensional da teia cósmica e de como as estruturas se conectam.
Os resultados iniciais foram publicados na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, trazendo insights que vão muito além do que pesquisas anteriores conseguiram alcançar. Enquanto estudos passados ofereciam uma visão panorâmica da evolução galáctica, o DEVILS mergulha nos detalhes que fazem toda a diferença.

O Futuro da Pesquisa: Projeto WAVES
A história não termina aqui. A equipe do DEVILS já prepara o projeto WAVES (Wide Area VISTA Extragalactic Survey), que expandirá enormemente o número de galáxias estudadas. Ele permitirá comparar ambientes ainda mais diversos e aprofundar nossa compreensão sobre a evolução do universo.
O WAVES expandirá significativamente o número de galáxias estudadas e explorará ambientes cósmicos ainda mais diversos. Assim, os astrônomos poderão construir um panorama completo de como o universo evoluiu para se tornar o que vemos hoje.
Além disso, os dados do DEVILS foram disponibilizados publicamente para a comunidade científica internacional. Dessa forma, pesquisadores de todo o mundo podem utilizar essas informações para desenvolver suas próprias investigações e teorias sobre a evolução cósmica.
Por Que Isso Importa Para Nós?
Você pode estar se perguntando: por que devemos nos importar com o que aconteceu com galáxias há bilhões de anos? A resposta é simples: entender a história do universo é entender nossa própria história.
Nossa galáxia, a Via Láctea, também foi moldada por seu ambiente ao longo de bilhões de anos. Contudo, ela teve a sorte de se desenvolver em uma região relativamente tranquila do cosmos, o que permitiu que formasse estrelas continuamente — incluindo nosso próprio Sol.
Por outro lado, se a Via Láctea tivesse nascido em um aglomerado denso de galáxias, talvez não tivéssemos as condições necessárias para a existência da vida como a conhecemos. Assim, estudar outras galáxias é como estudar versões alternativas do nosso próprio lar cósmico.
Lições do Cosmos
O projeto DEVILS nos ensina que contexto é tudo — tanto na Terra quanto no universo. As circunstâncias do nosso nascimento e crescimento moldam profundamente quem nos tornamos. Da mesma forma, as galáxias carregam em suas estruturas as marcas de suas jornadas únicas através do cosmos.
Enquanto observamos essas gigantes cósmicas competindo por recursos, crescendo e até morrendo, estamos testemunhando uma dança evolutiva que começou logo após o Big Bang. Portanto, cada nova descoberta não apenas expande nosso conhecimento científico, mas também nos conecta de forma mais profunda com o universo que habitamos.
O cosmos continua revelando seus segredos mais profundos, e projetos como o DEVILS são janelas fascinantes para mundos distantes que influenciaram o universo que conhecemos hoje. Ficou curioso para saber mais sobre as últimas descobertas astronômicas? Visite www.rolenoespaco.com.br e acompanhe nosso Instagram @role_no_espaco para embarcar em mais aventuras pelo universo!
FAQ: Perguntas Frequentes Sobre a Evolução das galáxias
O que é o projeto DEVILS?
O DEVILS (Deep Extragalactic Visible Legacy Survey) é uma pesquisa astronômica dedicada a entender como o ambiente cósmico influencia a evolução das galáxias ao longo de bilhões de anos.
Por que galáxias em regiões densas crescem mais devagar?
Porque elas competem por gás com galáxias próximas. Como esse gás é essencial para formar novas estrelas, sua falta desacelera o crescimento galáctico.
O que significa uma galáxia “morrer”?
Uma galáxia é considerada “morta” quando deixa de formar novas estrelas, geralmente por perder ou consumir todo o gás necessário para esse processo.
Quanto tempo durou a pesquisa DEVILS?
O DEVILS levou cerca de uma década entre planejamento, observações e análise antes da divulgação de seus resultados iniciais.
Qual é a próxima etapa após o DEVILS?
A próxima fase será o projeto WAVES, que ampliará o estudo para um número muito maior de galáxias em ambientes cósmicos ainda mais diversificados.
Como isso afeta nosso entendimento da Via Láctea?
Os resultados mostram que a Via Láctea foi moldada por um ambiente relativamente isolado, permitindo um crescimento estável que acabou favorecendo o surgimento da vida.
Onde foram feitas essas observações?
As observações foram realizadas principalmente com o Telescópio Anglo-Australiano (AAT), na Austrália, ao longo de vários anos.
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Fonte: Artigo “DEVILS in the details: How cosmic landscape impacts galaxy lifecycle” publicado em ras.ac.uk
