O Viajante Cósmico e o Mistério do Criovulcanismo
O universo não para de nos surpreender, e o Cometa Interestelar 3I/ATLAS é a prova mais recente de que a ficção científica muitas vezes se torna realidade. Desde sua descoberta em julho de 2025, este objeto, o terceiro visitante de fora do nosso Sistema Solar, tem desafiado as expectativas. Mas a mais nova revelação é de tirar o fôlego: novas observações sugerem que o 3I/ATLAS pode estar coberto por vulcões de gelo em erupção, um fenômeno conhecido como criovulcanismo.
A ideia de vulcões em um cometa interestelar soa como algo saído de um filme, mas a ciência por trás disso é fascinante. Não estamos falando de magma incandescente como na Terra, mas sim de um processo onde voláteis congelados como água, dióxido de carbono e monóxido de carbono — são ejetados da superfície. Essa atividade, que se intensifica à medida que o cometa se aproxima do Sol, é o que cria a cabeleira (coma) e a cauda do cometa. No entanto, a forma como o 3I/ATLAS está liberando esse material sugere algo mais violento e localizado: o criovulcanismo.
Além disso, a descoberta do criovulcanismo no Cometa Interestelar 3I/ATLAS é um marco. Ela sugere que, apesar de ter se formado em outro sistema estelar, o cometa compartilha características surpreendentes com objetos do nosso próprio quintal cósmico, como os objetos transnetunianos (OTNs) que orbitam além de Netuno. O estudo, ainda em fase de pré-publicação, aponta que o 3I/ATLAS pode ser um objeto carbonáceo primitivo, rico em carbono, gelo e até mesmo metais nativos, como ferro e níquel.

Créditos: Satoru Murata
A Química Secreta: Carbono, Gelo e Metais Nativos
A análise espectroscópica, que estuda como a matéria interage com a luz, é a chave para desvendar a composição do Cometa Interestelar 3I/ATLAS. Os pesquisadores compararam o espectro do cometa com amostras de meteoritos carbonáceos primitivos, coletados pela NASA na Antártica. A coincidência espectral é notável, sugerindo que o 3I/ATLAS é rico em carbono e, surpreendentemente, contém grãos metálicos de ferro e níquel.
Essa composição é intrigante. Cometas tradicionais do nosso Sistema Solar geralmente não apresentam uma quantidade tão significativa de metais nativos. Dessa forma, o 3I/ATLAS se revela como uma “cápsula espacial” que carrega informações valiosas sobre a química e as condições de formação de outro sistema estelar. O fato de ele ter sobrevivido por bilhões de anos no meio interestelar, sem se aproximar de nenhuma estrela, e ainda preservar esses materiais primitivos, o torna um objeto de estudo inestimável.
Contudo, a presença desses materiais está diretamente ligada ao fenômeno do criovulcanismo. Os cientistas acreditam que o calor do Sol, ao aquecer o cometa, ultrapassou o limiar de sublimação do dióxido de carbono (gelo seco) preso em seu interior. Isso permitiu que líquidos voláteis oxidantes fluísse reagissem com os grãos metálicos. Essa reação química, combinada com a pressão do gás sublimado, pode estar impulsionando as erupções de vulcões de gelo na superfície do Cometa Interestelar 3I/ATLAS.

Créditos: Josep M. Trigo-Rodríguez et al., Spectrophotometric evidence for a metal-bearing, carbonaceous, and pristine interstellar comet 3I/ATLAS, arXiv (2025). DOI: 10.48550/arxiv.2511.19112.
Criovulcões: Erupções Silenciosas e Poderosas
O criovulcanismo não é uma novidade no Sistema Solar. Ele já foi observado em luas geladas como Encélado, de Saturno, onde plumas gigantescas de água salgada são ejetadas, e em Plutão, onde montanhas de gelo podem expelir materiais pastosos e gelados. Nesses corpos, a energia para a erupção vem do calor interno, do atrito ou da pressão acumulada.
No caso do Cometa Interestelar 3I/ATLAS, o mecanismo é ligeiramente diferente, mas igualmente dramático. O cometa, que passou milhões de anos no frio extremo do espaço interestelar, acumulou bolsões de voláteis. Ao reencontrar a radiação solar, esses bolsões se tornaram explosivos. As imagens com detalhes capturadas por telescópios na Espanha mostram jatos de gás e poeira em espiral saindo da superfície, que os pesquisadores interpretam como sinais claros de criovulcanismo.
Portanto, o que vemos são erupções silenciosas, mas poderosas, de gelo e poeira. Essa atividade violenta e imprevisível não apenas cria a cabeleira e a cauda do cometa, mas também torna difícil estimar sua massa e tamanho exatos. As erupções e os vulcões de gelo escondem a verdadeira natureza do núcleo, que é estimado em algo entre 440 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro.

Créditos: Pau Montplet / Adaptado de Josep M. Trigo-Rodríguez et al., Spectrophotometric evidence for a metal-bearing, carbonaceous, and pristine interstellar comet 3I/ATLAS, arXiv (2025). DOI: 10.48550/arxiv.2511.19112.
O Legado do 3I/ATLAS: Uma Janela para Outros Mundos
O Cometa Interestelar 3I/ATLAS é mais do que um objeto curioso; ele é uma peça fundamental no quebra-cabeça da formação planetária. Sua composição, que se assemelha a objetos primitivos do nosso Sistema Solar, mas com a adição de metais nativos e um comportamento criovulcânico, sugere que os processos de formação de planetas em outros sistemas podem ter semelhanças e diferenças cruciais com o nosso.
Assim, cada jato de gás e poeira ejetado pelo 3I/ATLAS é uma amostra da química de outro sistema estelar. Os cientistas estão correndo contra o tempo para estudar o cometa antes que ele deixe nosso Sistema Solar para sempre no próximo ano.
O que o 3I/ATLAS nos ensina é que o cosmos está repleto de objetos extraordinários. Eles são “cápsulas espaciais” que contêm informações valiosas sobre a química em andamento em outras partes da nossa galáxia. A possibilidade de vulcões de gelo no Cometa Interestelar 3I/ATLAS não apenas confirma a natureza dinâmica e surpreendente dos cometas, mas também nos força a expandir nossa imaginação sobre o que mais está à espreita no espaço profundo.
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FAQ: Perguntas Rápidas sobre Vulcão de Gelo no cometa 3I/ATLAS
O que é criovulcanismo no Cometa Interestelar 3I/ATLAS?
Criovulcanismo, ou “vulcões de gelo”, é o processo de erupção de materiais voláteis congelados (como água e dióxido de carbono) e poeira da superfície do cometa, impulsionado pela pressão do gás sublimado.
O 3I/ATLAS tem vulcões de magma como na Terra?
Não. Os “vulcões” no 3I/ATLAS são criovulcões, que ejetam gelo e gases, e não magma incandescente.
O que sugere a composição do 3I/ATLAS?
A análise espectroscópica sugere que o cometa é um objeto carbonáceo primitivo, rico em carbono, gelo e, surpreendentemente, metais nativos como ferro e níquel.
O que causa a erupção dos vulcões de gelo no 3I/ATLAS?
A erupção é causada pelo aquecimento solar, que faz com que o gelo seco (dióxido de carbono) preso no interior do cometa sublime, gerando pressão e permitindo que um líquido oxidante reaja com os metais.
Onde mais o criovulcanismo é observado no Sistema Solar?
O criovulcanismo já foi observado em luas geladas como Encélado (Saturno) e em Plutão.
O 3I/ATLAS é perigoso para a Terra?
Não, o 3I/ATLAS está em uma trajetória hiperbólica que o levará para fora do Sistema Solar, sem risco de colisão com a Terra.
Onde posso acompanhar mais sobre o Cometa Interestelar 3I/ATLAS?
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Indicação de Leitura
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Fonte: Referências
Pester, P. (2025). Interstellar comet 3I/ATLAS is erupting in ‘ice volcanoes’, new images suggest. Live Science. [URL: https://www.livescience.com/space/interstellar-comet-3i-atlas-is-erupting-in-ice-volcanoes-new-images-suggest]
Trigo-Rodríguez, J. M. et al. (2025). Preprint: The Cryovolcanic Activity of Interstellar Comet 3I/ATLAS. (Referência ao estudo científico que sugere o criovulcanismo).
