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Planeta Mercúrio: Extremo, Veloz e Rumo a 2026 com BepiColombo

O Planeta Mercúrio é, sem dúvida, um dos vizinhos mais fascinantes e extremos do nosso Sistema Solar. Ele carrega os títulos de menor, mais veloz e mais próximo do Sol, o que já o coloca na categoria de recordista cósmico. Contudo, não se engane pela sua proximidade com a nossa estrela: este pequeno gigante rochoso guarda mistérios que desafiam a lógica, como a possível existência de gelo em suas crateras.

Apesar de ser tão brilhante no céu, Mercúrio é difícil de observar, pois passa a maior parte do tempo ofuscado pelo brilho solar. Por isso, a ciência moderna não se contenta em apenas espiar de longe. A missão BepiColombo, uma colaboração épica entre a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), está em uma jornada de sete anos para desvendar os segredos deste mundo escaldante.

planeta Mercúrio e detalhes da superfície, com destaque para as variações químicas, mineralógicas e físicas presentes nas rochas. A paisagem rochosa apresenta crateras e formações geológicas, revelando a composição do planeta, incluindo minerais e características estruturais que foram modificadas por impactos e condições extremas.

O Planeta dos Extremos: Tamanho, Velocidade e Temperatura

Quando falamos sobre o Planeta Mercúrio, falamos sobre extremos. Para começar, ele é o menor planeta do Sistema Solar, com um diâmetro que mal chega a dois quintos do tamanho da Terra. Para você ter uma ideia, ele é apenas um terço maior que a nossa Lua. Além disso, a ciência descobriu que Mercúrio encolheu ao longo do tempo. O resfriamento do seu núcleo de ferro fez com que todo o planeta se contraísse, reduzindo seu volume em cerca de 5 a 10 km de raio.

O que realmente impressiona em Mercúrio é a sua velocidade. Ele viaja em torno do Sol mais rápido que qualquer outro planeta, atingindo incríveis 47 quilômetros por segundo. Dessa forma, essa velocidade vertiginosa garante que ele complete uma volta ao Sol em apenas 88 dias terrestres. Pense nisso: um ano em Mercúrio é incrivelmente curto!

Diagrama da estrutura interna do planeta Mercúrio, mostrando crosta, manto e núcleo. A crosta tem cerca de 100 a 300 km de espessura, o manto aproximadamente 600 km e o núcleo um raio de cerca de 1.800 km.
Representação da estrutura interna de Mercúrio, destacando três camadas principais:
Crosta: 100–300 km de espessura
Manto: cerca de 600 km
Núcleo: raio aproximado de 1.800 km
Crédito: Jcpag2012 – obra do próprio.

Por que Mercúrio é Tão Quente e Tão Frio ao Mesmo Tempo?

A temperatura de Mercúrio varia mais do que em qualquer outro planeta. Durante o dia, a superfície pode atingir escaldantes 427 °C, o suficiente para derreter chumbo. Por outro lado, durante a noite, a temperatura despenca para frios -173 °C. Essa variação brutal de mais de 600 °C acontece porque o Planeta Mercúrio quase não tem atmosfera. Sem uma camada gasosa significativa para reter o calor, a energia recebida do Sol se perde rapidamente no espaço.

Assim, embora Mercúrio seja o planeta mais próximo do Sol, ele não é o mais quente. Esse título pertence a Vênus, cuja espessa atmosfera de dióxido de carbono cria um efeito estufa sufocante, retendo o calor de forma muito mais eficiente.

Ilustração comparando os tamanhos dos planetas rochosos — Mercúrio, Vênus, Terra e Marte — alinhados lado a lado, evidenciando suas proporções relativas.
Comparação dos tamanhos dos planetas rochosos Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, alinhados lado a lado para mostrar suas diferenças de diâmetro. Crédito: Scooter20, obra própria baseada em múltiplas fontes.

O Mistério do Gelo e a Cauda de Sódio

A composição de Mercúrio é majoritariamente rochosa, com uma estrutura interna surpreendente. Ele possui um núcleo de ferro gigantesco, que constitui cerca de 61% do seu volume. Portanto, o núcleo de Mercúrio tem aproximadamente o mesmo tamanho da nossa Lua! A superfície, por sua vez, é seca, rochosa e cheia de crateras, muito parecida com a Lua, indicando que é um mundo geologicamente muito antigo.

Foto do Planeta Mercúrio tirada pela sonda MESSENGER da NASA, mostrando a superfície do planeta com detalhes impressionantes. A imagem revela características geológicas do planeta, como crateras e vastas planícies, proporcionando uma visão única do planeta mais próximo do Sol."
Antes de colidir com a superfície de Mercúrio, a sonda MESSENGER enviou um glorioso arquivo visual de volta à Terra. Aqui está o que a sonda nos ensinou sobre Mercúrio antes de morrer.

Crateras Sombrias e a Busca por Gelo

O que parece ser uma contradição cósmica é a possível existência de gelo de água em Mercúrio. Como isso é possível em um planeta tão próximo do Sol? A resposta está nas crateras localizadas perto dos polos. Enquanto isso, a inclinação do eixo de Mercúrio é quase nula, o que significa que o fundo dessas crateras nunca recebe a luz solar direta. Elas estão em sombra permanente, atuando como armadilhas de frio onde o gelo pode se preservar por bilhões de anos.

Outra característica intrigante é a cauda de Mercúrio. Além disso, o planeta possui uma cauda semelhante à de um cometa, invisível a olho nu. Essa cauda é formada por ventos solares que empurram átomos de sódio da superfície do planeta para o espaço. Para observá-la, os astrônomos precisam de fotos de longa exposição com filtros especiais, mas ela é uma prova fascinante da interação constante entre o Planeta Mercúrio e o Sol.

Imagem em preto e branco de Mercúrio mostrando o polo sul e crateras próximas, com o planeta se afastando. No primeiro plano aparecem a antena de médio ganho e o magnetômetro da BepiColombo. Norte está no canto inferior esquerdo.
A missão ESA/JAXA BepiColombo se despede de Mercúrio durante seu quarto sobrevoo para assistência gravitacional em 5 de setembro de 2024. A imagem destaca o polo sul do planeta, onde alguns crateras permanecem permanentemente sombreadas, sugerindo a presença de gelo de água. Também aparecem a antena de médio ganho e o magnetômetro do Mercury Planetary Orbiter. Crédito: ESA/BepiColombo/MTM

BepiColombo: A Missão que Vai Desvendar Mercúrio em 2026

A missão BepiColombo, nomeada em homenagem ao cientista italiano Giuseppe “Bepi” Colombo, é a mais complexa já enviada para estudar Mercúrio. Lançada em 2018, ela está em uma jornada longa e desafiadora, usando múltiplos sobrevoos gravitacionais para frear e se posicionar corretamente contra a atração massiva do Sol.

O Sexto Sobrevoo e as Descobertas de 2025

A BepiColombo é composta por dois orbitadores: o Mercury Planetary Orbiter (MPO), da ESA, e o Mercury Magnetospheric Orbiter (MMO), da JAXA. Eles viajaram juntos, mas se separarão para estudar o planeta de diferentes ângulos.

Em 8 de janeiro de 2025, a missão realizou seu sexto e penúltimo sobrevoo de assistência gravitacional, passando a apenas 295 km da superfície. As imagens detalhadas capturadas neste sobrevoo revelaram as misteriosas crateras sombreadas, reforçando a hipótese do gelo de água, e trouxeram vestígios de vulcanismo antigo. Portanto, mesmo antes de entrar em órbita, a BepiColombo já está reescrevendo o que sabemos sobre o Planeta Mercúrio.

A chegada da BepiColombo à órbita de Mercúrio está prevista para Novembro de 2026. A partir daí, os dois orbitadores começarão a estudar a composição da superfície, a geologia, a exosfera (a tênue “atmosfera”) e o campo magnético do planeta, fornecendo dados cruciais para entendermos a formação e a evolução dos planetas rochosos.

Imagem em preto e branco da superfície de Mercúrio capturada pela sonda BepiColombo durante um sobrevoo em 23 de junho de 2022. A cena mostra crateras, escarpas e terrenos de diferentes texturas, com o braço do magnetômetro da espaçonave atravessando o quadro diagonalmente.
A sonda BepiColombo registrou esta visão detalhada da superfície de Mercúrio durante seu sobrevoo em 23 de junho de 2022, quando passou a cerca de 920 km do planeta. A imagem, capturada pela Monitoring Camera 2 do módulo de transferência, revela escarpas, crateras recentes e grandes bacias de impacto, além de estruturas da própria espaçonave visíveis no enquadramento. Os diferentes ângulos de iluminação destacam contrastes geológicos que ajudarão a missão a investigar a história tectônica e a diversidade de terrenos mercurianos. Créditos: ESA/BepiColombo/MTM
Imagem em preto e branco de Mercúrio mostrando o polo sul e crateras próximas, com o planeta se afastando. No primeiro plano aparecem a antena de médio ganho e o magnetômetro da BepiColombo. Norte está no canto inferior esquerdo.
A missão ESA/JAXA BepiColombo se despede de Mercúrio durante seu quarto sobrevoo para assistência gravitacional em 5 de setembro de 2024. A imagem destaca o polo sul do planeta, onde alguns crateras permanecem permanentemente sombreadas, sugerindo a presença de gelo de água. Também aparecem a antena de médio ganho e o magnetômetro do Mercury Planetary Orbiter. Crédito: ESA/BepiColombo/MTM

Como Observar Mercúrio em 2025: Um Guia Rápido

Para os entusiastas da astronomia, observar o Planeta Mercúrio é um desafio gratificante. Como ele está sempre perto do Sol, ele só é visível por curtos períodos, logo após o pôr do sol (alongamento leste) ou pouco antes do nascer do sol (alongamento oeste).

Em 2025, o planeta proporcionou alguns espetáculos celestes. Assim, em agosto, ele participou de um raro alinhamento de seis planetas. Para quem acompanha a astrologia, o fenômeno do “Mercúrio retrógrado” ocorreu três vezes no ano (março, julho e o último em novembro), embora, cientificamente, isso seja apenas uma ilusão de ótica causada pela diferença de velocidade entre as órbitas da Terra e de Mercúrio.

Para encontrar Mercúrio no céu, o melhor é usar aplicativos de astronomia que mostram sua posição exata. Lembre-se sempre: nunca aponte telescópios ou binóculos para objetos próximos ao Sol sem filtros adequados, pois isso pode causar danos permanentes à visão.

O Futuro da Exploração

O Planeta Mercúrio continua a ser um mundo de contrastes e enigmas. Ele é um planeta que nos ensina sobre a resiliência cósmica, existindo em condições extremas, e nos lembra que mesmo os mundos mais próximos podem guardar grandes segredos. A chegada da BepiColombo em 2026 promete abrir um novo capítulo na exploração deste vizinho veloz.

Qual será o próximo grande mistério que a BepiColombo vai desvendar sobre o núcleo de ferro e a superfície escaldante de Mercúrio?

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FAQ – Perguntas Frequentes sobre Mercúrio

Mercúrio é o planeta mais quente do Sistema Solar?

Não. Embora seja o mais próximo do Sol, Vênus é o mais quente devido ao seu forte efeito estufa.

Mercúrio tem atmosfera?

Ele possui apenas uma exosfera extremamente fina, formada por átomos arrancados da superfície pelo vento solar.

É verdade que existe gelo em Mercúrio?

Sim. O gelo se mantém estável em crateras permanentemente sombreadas nos polos.

Mercúrio já teve atividade vulcânica?

Evidências da missão MESSENGER e da BepiColombo indicam que sim, especialmente em sua formação inicial.

Mercúrio está encolhendo?

Sim. O núcleo está resfriando, fazendo a crosta se contrair lentamente ao longo de bilhões de anos.

Quando a BepiColombo chegará a Mercúrio?

A chegada está prevista para novembro de 2026.

Como posso observar Mercúrio no céu?

Ele é visível apenas próximo ao horizonte, durante o crepúsculo. Aplicativos de astronomia ajudam a localizar sua posição com precisão.

Indicação de Leitura

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Fonte:
Artigo “Mercury” Publicado em nasa.gov
Artigo “Mercúrio (planeta)” Publicado em wikipedia.org

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