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A Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista: 10 Trilhões de Sóis em um Evento Cósmico

Introdução: O Brilho Inesperado de um Buraco Negro

Imagine uma explosão cósmica tão poderosa que seu brilho ofusca 10 trilhões de sóis. Parece ficção científica, mas é a realidade de uma descoberta astronômica que está reescrevendo o que sabemos sobre os buracos negros supermassivos. A maior explosão de buraco negro já vista, um evento de proporções épicas, foi detectada a impressionantes 10 bilhões de anos-luz de distância, no coração de uma galáxia distante.

Este fenômeno extraordinário, catalogado como J2245+3743, não é apenas um recorde de brilho e distância; ele representa um Evento de Ruptura de Maré (TDE), onde uma estrela massiva se aventurou muito perto de um gigante cósmico. A palavra-chave principal, maior explosão de buraco negro já vista, descreve perfeitamente a magnitude desta ocorrência. Além disso, a curiosidade que desperta é imediata: como algo tão destrutivo pode ser tão luminoso?

Este conceito artístico retrata o buraco negro supermassivo no centro da galáxia Via Láctea, conhecido como Sagitário A* (A-estrela). Ele é cercado por um disco de acreção de gás quente em rotação. A gravidade do buraco negro dobra a luz do lado oposto do disco, fazendo com que pareça envolver o buraco negro por cima e por baixo. Vários pontos quentes em erupção, semelhantes a flares solares, mas em uma escala mais energética, podem ser vistos no disco. O Telescópio Espacial James Webb da NASA detectou tanto flares brilhantes quanto piscadas mais tênues provenientes de Sagitário A*. As piscadas são tão rápidas que devem se originar muito próximas ao buraco negro. Ilustração: NASA, ESA, CSA, Ralf Crawford (STScI)
Este conceito artístico retrata o buraco negro supermassivo no centro da galáxia Via Láctea, conhecido como Sagitário A* (A-estrela).Ilustração: NASA, ESA, CSA, Ralf Crawford (STScI)

A Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista: O Mecanismo do TDE

Para entender a maior explosão de buraco negro já vista, é crucial compreender o mecanismo por trás dela: o Evento de Ruptura de Maré (TDE). De acordo com a astronomia, um TDE ocorre quando uma estrela se aproxima demais do horizonte de eventos de um buraco negro supermassivo. A força gravitacional extrema do buraco negro, conhecida como força de maré, é tão intensa que rasga a estrela em pedaços, um processo chamado “espaguetificação”.

A estrela, que neste caso era cerca de 30 vezes mais massiva que o nosso Sol, foi literalmente desmembrada. Seus restos estelares não são engolidos imediatamente. Em vez disso, eles formam um disco de acreção incrivelmente quente e brilhante ao redor do buraco negro. Portanto, é a fricção e o aquecimento desse material enquanto ele espirala em direção ao buraco negro que gera a intensa radiação que observamos. O processo de “espaguetificação” é um dos mais dramáticos do universo, transformando a matéria estelar em um fluxo de plasma que, ao colidir e aquecer, emite o brilho intenso que os astrônomos detectam. Este brilho é a assinatura inconfundível de um TDE, e no caso de J2245+3743, a magnitude desse brilho superou todos os registros anteriores. Além disso, a observação contínua do evento permite aos cientistas estudar a dinâmica de como a matéria é consumida por um buraco negro em tempo real, mesmo que em escala cósmica.

J2245+3743: O Buraco Negro que Gerou a Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista

O TDE J2245+3743 é particularmente notável porque ocorreu no centro de um Núcleo Galáctico Ativo (AGN). AGNs são regiões centrais de galáxias dominadas por buracos negros supermassivos que estão ativamente se alimentando de gás e poeira. O buraco negro em questão possui uma massa estimada em 500 milhões de vezes a do Sol.

A descoberta, feita pelo Zwicky Transient Facility (ZTF) em 2018, mostrou que o brilho do buraco negro aumentou em um fator de 40 em poucos meses. Além disso, no seu pico, a explosão foi 30 vezes mais brilhante do que qualquer TDE anterior. A energia liberada é tão colossal que, segundo os cientistas, se convertêssemos todo o nosso Sol em energia, usando a famosa fórmula de Einstein $E = mc^2$, teríamos uma quantidade comparável à que foi emitida por esta explosão desde o início das observações. Para colocar em perspectiva, o TDE mais poderoso anteriormente registrado era o evento apelidado de “Scary Barbie” (ZTF20abrbeie). Enquanto “Scary Barbie” envolveu uma estrela com apenas 3 a 10 vezes a massa do Sol, J2245+3743 consumiu uma estrela de cerca de 30 massas solares. Portanto, a diferença na massa da estrela e a magnitude da explosão são fatores cruciais que estabelecem J2245+3743 como a maior explosão de buraco negro já vista. Este contraste ressalta a raridade e a intensidade do evento atual.

Exemplo de um o Evento de Ruptura de Maré (TDE). Créditos: NASA

A Distância Cósmica e a Dilatação do Tempo: Olhando para o Passado da Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista

A localização de J2245+3743, a 10 bilhões de anos-luz, adiciona uma camada fascinante à descoberta. Consequentemente, a luz que observamos hoje deixou o buraco negro quando o universo tinha apenas cerca de um terço de sua idade atual. Olhar para este evento é, literalmente, olhar para o passado cósmico.

A gravidade intensa ao redor de buracos negros supermassivos causa um fenômeno conhecido como dilatação do tempo cosmológica. De acordo com Matthew Graham, líder da equipe do Caltech e cientista do ZTF, o tempo corre mais devagar perto do horizonte de eventos. Dessa forma, o que para nós na Terra parece um período de sete anos de observação, para o evento em si, são apenas dois anos. Os astrônomos estão, portanto, assistindo ao evento em “câmera lenta”, o que permite um estudo mais detalhado de sua evolução.

Por Que a Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista é Tão Rara e Brilhante?

A maioria dos TDEs observados (cerca de 100 até agora) acontece em galáxias com buracos negros “quietos”, que não estão se alimentando ativamente. No entanto, a atividade natural de um AGN e as emissões de seu disco de acreção podem camuflar um TDE. O que torna J2245+3743 único é o seu tamanho e brilho extremos, que o tornaram conspícuo mesmo em um ambiente já ativo. Contudo, a detecção não foi imediata. Foram necessários cinco anos de análise de dados, até 2023, para que o W. M. Keck Observatory, no Havaí, revelasse a natureza extremamente energética desta explosão. Inicialmente, os astrônomos tiveram que descartar outras possibilidades, como uma supernova massiva, e confirmar que a energia estava sendo emitida em todas as direções, e não apenas direcionada para a Terra, usando dados do Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE) da NASA. Dessa forma, a confirmação de que esta é a maior explosão de buraco negro já vista exigiu um trabalho meticuloso de descarte de hipóteses e análise de dados de múltiplos observatórios.

Os cientistas também descartaram a possibilidade de uma supernova massiva ser a causa da explosão. Portanto, a única explicação plausível é um TDE envolvendo uma estrela excepcionalmente massiva. K. E. Saavik Ford, pesquisadora da City University of New York (CUNY), sugere que estrelas dentro do disco de um AGN podem crescer mais, acumulando matéria do disco e aumentando sua massa, o que explicaria a estrela de 30 massas solares envolvida.

Interpretação artística de dois buracos negros massivos (BNMs) dentro de uma galáxia. Um evento de disrupção tidal ocorre em torno do BNM que está afastado do centro galáctico, e o material de uma estrela destruída gira em um disco de acreção brilhante, lançando um jato energético e resultando em duas intensas flares de rádio.

O Futuro da Observação de Buracos Negros Após a Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista

A descoberta da maior explosão de buraco negro já vista sugere que eventos semelhantes podem estar ocorrendo em todo o cosmos, apenas esperando para serem revelados. A equipe de astrônomos continuará a analisar dados de levantamentos de longo prazo, como o ZTF, em busca de ocorrências similares.

Enquanto isso, a expectativa se volta para o Observatório Vera C. Rubin, que tem o potencial de descobrir TDEs poderosos e incomuns. O trabalho contínuo de monitoramento do céu é essencial. Como conclui Graham, sem o ZTF, este evento raro jamais teria sido encontrado, destacando a importância de observar o céu por longos períodos para capturar a evolução de fenômenos transientes.

O Espetáculo Cósmico Continua

A maior explosão de buraco negro já vista é um lembrete impressionante do poder e da violência do universo. Este TDE não é apenas um recorde; é uma janela para os processos mais extremos do cosmos, nos mostrando como buracos negros supermassivos interagem com as estrelas ao seu redor. A estrela, que ainda está sendo engolida, como um “peixe apenas na metade da garganta da baleia”, continua a alimentar o brilho deste espetáculo cósmico.

Portanto, a próxima vez que você olhar para o céu noturno, lembre-se de que, a 10 bilhões de anos-luz de distância, um buraco negro está realizando o maior show de luzes do universo.

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FAQ: Perguntas Frequentes sobre a Explosão de Buraco Negro

1. O que causou a maior explosão de buraco negro já vista?

A explosão foi causada por um Evento de Ruptura de Maré (TDE), onde um buraco negro supermassivo rasgou uma estrela que se aproximou demais.

2. Qual é a magnitude da energia liberada por J2245+3743?

A energia liberada é equivalente ao brilho de 10 trilhões de sóis no seu pico.

3. O que significa o termo “espaguetificação”?

É o processo pelo qual a força gravitacional de um buraco negro estica e desmembra um objeto, como uma estrela, em filamentos longos e finos, como espaguete.

4. O que é um Núcleo Galáctico Ativo (AGN)?

Um AGN é a região central de uma galáxia onde um buraco negro supermassivo está ativamente se alimentando de gás e poeira.

5. Onde está localizado o buraco negro J2245+3743?

Ele está localizado no centro de uma galáxia a 10 bilhões de anos-luz de distância da Terra.

6. Qual é a importância da dilatação do tempo cosmológica neste estudo?

A dilatação do tempo permite que os astrônomos observem o evento em “câmera lenta”, facilitando o estudo detalhado de sua evolução ao longo de vários anos.

7. Qual foi o observatório crucial para a descoberta?

O evento foi inicialmente detectado pelo Zwicky Transient Facility (ZTF) e confirmado pelo W. M. Keck Observatory.

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Sugestões de Links Externos (Outbound):

Fonte:Graham, M. J. et al. An extreme flare from an active galactic nucleus. Nature (2025). DOI: [10.1038/s41586-025-08522-8]

1 comentário em “A Maior Explosão de Buraco Negro Já Vista: 10 Trilhões de Sóis em um Evento Cósmico”

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