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Astronautas da ISS capturam dois cometas dançando sobre auroras

Imagine estar flutuando a mais de 400 quilômetros acima da Terra e testemunhar um espetáculo cósmico raro: dois cometas brilhantes cortando o céu ao mesmo tempo, enquanto auroras multicoloridas dançam logo abaixo. Pois foi exatamente isso que os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) presenciaram recentemente, registrando imagens que parecem saídas de um sonho de ficção científica.

Os tripulantes da Expedição 73 conseguiram fotografar os cometas Lemmon (C/2025 A6) e SWAN (C/2025 R2) durante outubro de 2025, criando um registro visual espetacular que mistura a beleza dos visitantes gelados do espaço profundo com as cortinas luminosas das auroras terrestres. As imagens foram publicadas pela NASA após o fim de uma longa paralisação governamental, revelando momentos únicos capturados do laboratório orbital.

Fotografia de longa exposição feita pela Estação Espacial Internacional mostrando uma aurora brilhante acima da Terra enquanto o cometa Lemmon (C/2025 A6) passa ao fundo, a 57,2 milhões de milhas do planeta. Capturada a 263 milhas de altitude sobre o norte de Minnesota. Crédito: NASA/JSC.
Cometa Lemmon (C/2025 A6) cruza o céu da Terra em uma imagem impressionante feita pela Estação Espacial Internacional.
A fotografia de longa exposição revela uma aurora brilhante iluminando o planeta enquanto o cometa passa a cerca de 57,2 milhões de milhas (92,1 milhões de quilômetros) da Terra. No momento do registro, a ISS orbitava a 263 milhas acima do norte de Minnesota.
Image Credit: NASA / Johnson Space Center (NASA ID: ISS073E0981058)

Dois cometas iluminam o céu simultaneamente

Ver um cometa brilhante já é algo especial. Mas observar dois ao mesmo tempo? Isso é extraordinariamente raro. Tanto o Lemmon quanto o SWAN atingiram seu pico de brilho quase simultaneamente, entre 20 e 21 de outubro, proporcionando aos astronautas uma janela única para registrar esse fenômeno celestial duplo.

Os cometas são essencialmente bolas de gelo sujo — uma mistura de gelo, poeira e rochas que vagam pelo Sistema Solar. Quando se aproximam do Sol, o calor faz com que seus materiais voláteis evaporem, criando aquelas caudas espetaculares que tanto admiramos. Além disso, cada cometa geralmente desenvolve dois tipos distintos de cauda: uma de íons (partículas carregadas eletricamente que brilham em azul) e outra de poeira (que reflete a luz solar em tons amarelados).

Enquanto isso, as auroras terrestres criavam um palco perfeito para esse show cósmico. Essas cortinas luminosas de cores verde, amarela, vermelmelha e roxa acontecem quando partículas carregadas do Sol colidem com nossa atmosfera, interagindo com o campo magnético terrestre. Dessa forma, os astronautas conseguiram capturar uma composição visual única: visitantes cósmicos antigos sobre luzes atmosféricas modernas.

Imagem do Cometa Swan (C/2025 R2) acima do brilho amarelo-esverdeado da atmosfera da Terra, capturado pela Estação Espacial Internacional pouco antes de um nascer do Sol orbital. Foto feita a 264 milhas de altitude sobre o Atlântico, perto de Newfoundland e Labrador. Crédito: NASA/JSC.
O Cometa Swan (C/2025 R2) surge acima do brilho amarelo-esverdeado da atmosfera terrestre instantes antes de um nascer do Sol orbital. A cerca de 27,2 milhões de milhas (43,8 milhões de quilômetros) da Terra, o cometa foi registrado pela Estação Espacial Internacional enquanto orbitava 264 milhas acima do Oceano Atlântico, próximo à costa de Newfoundland e Labrador, no Canadá. Image Credit: NASA / Johnson Space Center (NASA ID: ISS073E0982209)
Fotografia de longa exposição do Cometa Lemmon vista da Estação Espacial Internacional, mostrando sua coma brilhante contra o fundo escuro do espaço. A imagem foi capturada enquanto a estação orbitava sobre o oeste da China, próxima à fronteira com a Mongólia.
Cometa Lemmon (C/2025 A6) registrado a aproximadamente 57,6 milhões de milhas (91,3 milhões de quilômetros) da Terra em uma fotografia de longa exposição feita a partir da Estação Espacial Internacional. No momento do registro, o posto orbital cruzava a 263 milhas de altitude sobre o oeste da China, próximo à fronteira com a Mongólia. Crédito: NASA ID: ISS073-E-098099 Data: 23 de outubro de 2025

O olhar poético do astronauta japonês

Embora a NASA não tenha especificado quem tirou todas as fotos, as imagens são muito similares às publicadas pelo astronauta japonês Kimiya Yui, da JAXA (Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial). Durante a paralisação do governo americano, enquanto os astronautas da NASA estavam restritos apenas a tarefas essenciais, Yui continuou compartilhando suas observações nas redes sociais.

Suas descrições adicionaram uma camada profundamente humana e poética às imagens científicas. “Após um dia agitado chegar ao fim, continuo tirando fotos para acalmar minha fadiga”, escreveu Yui em 22 de outubro. “Ultimamente, minha fonte de cura tem sido Lemmon-chan, suponho? Pego-me pensando coisas como ‘que tipo de expressão você vai me mostrar hoje, me pergunto?’ e caminhando em direção à janela, e esse momento parece tão agradável quanto sair para um encontro.”

Contudo, quando o cometa Lemmon apareceu mergulhando em uma aurora espetacular de luzes verde e amarela em 24 de outubro, Yui sentiu que precisava mudar o tratamento informal. “Era como uma sereia nadando através de um mar de auroras”, descreveu ele. O espetáculo estava tão magnífico que ele decidiu usar o honorífico mais formal “Lemmon-san” em vez do familiar “Lemmon-chan”.

Retrato oficial do astronauta japonês Kimiya Yui em traje azul da JAXA, posando diante das bandeiras do Japão e dos Estados Unidos, em estúdio, olhando diretamente para a câmera.
O astronauta japonês Kimiya Yui posa para sua foto oficial usando o traje azul da JAXA. Ao fundo, aparecem lado a lado as bandeiras do Japão e dos Estados Unidos, simbolizando a cooperação internacional em missões espaciais. Yui, piloto de testes e ex-tenente-coronel da Força Aérea do Japão, foi selecionado pela JAXA em 2009 e tornou-se uma das figuras de destaque do programa espacial japonês.

Cometa Lemmon: descoberto em janeiro de 2025

O cometa Lemmon foi descoberto em janeiro de 2025 pelo astrônomo David Carson Fuls, da Universidade do Arizona, utilizando imagens do Mount Lemmon Survey. O telescópio está localizado próximo a Tucson, no Arizona, e faz parte de um programa dedicado à busca de objetos próximos à Terra.

Nas fotografias tiradas da ISS em outubro, Lemmon estava a aproximadamente 57,2 milhões de quilômetros de distância da Terra. Apesar dessa distância considerável, o cometa era suficientemente brilhante para ser capturado em exposições longas, criando um rastro branco distintivo contra o fundo escuro do espaço ou o brilho colorido das auroras.

Yui notou mudanças fascinantes no brilho e na cauda do Lemmon ao longo dos dias, assim como alterações na atmosfera terrestre. Essas variações são comuns em cometas, pois a quantidade de material que evapora pode flutuar à medida que diferentes partes do núcleo gelado ficam expostas ao Sol. Portanto, cada foto representa um momento único na vida desse viajante cósmico.

Cometa SWAN: encontrado por astrônomo amador

Por outro lado, o cometa SWAN tem uma história de descoberta diferente. Ele foi identificado em setembro por Vladimir Bezugly, um astrônomo amador ucraniano, usando imagens do instrumento SWAN (Solar Wind Anisotropies) a bordo do observatório espacial SOHO, da Agência Espacial Europeia.

Quando fotografado da ISS em 24 de outubro, SWAN estava consideravelmente mais próximo da Terra do que Lemmon — cerca de 27,2 milhões de quilômetros. A imagem mostra o cometa flutuando acima de faixas verde-amareladas de airglow (uma luminescência atmosférica causada por reações químicas em alta altitude), próximo à costa de Terra Nova e Labrador, no Canadá.

“À medida que o cometa se aproxima do Sol, as oportunidades de fotografá-lo da ISS tornaram-se muito curtas”, observou Yui. De fato, cometas seguem órbitas elípticas, e suas posições relativas à Terra e ao Sol mudam constantemente, criando janelas limitadas para observação de qualquer local específico.

A perspectiva única do espaço

Fotografar cometas da ISS oferece vantagens únicas. Primeiro, a estação orbital está acima da maior parte da atmosfera terrestre, eliminando a turbulência e a poluição luminosa que afetam observações terrestres. Além disso, a ISS completa uma órbita ao redor da Terra a cada 90 minutos, proporcionando múltiplas oportunidades de capturar diferentes ângulos e condições de iluminação.

A combinação de cometas, auroras e airglow nas mesmas imagens cria composições visuais que seriam impossíveis de obter do solo. As auroras ocorrem tipicamente entre 100 e 300 quilômetros de altitude, enquanto a ISS orbita a cerca de 420 quilômetros. Dessa forma, os astronautas conseguem literalmente olhar “de cima” para as cortinas luminosas.

Auroras e airglow: luzes terrestres no teatro cósmico

Enquanto os cometas roubavam a cena principal, as auroras e o airglow criavam um cenário deslumbrante. As auroras boreais (no hemisfério norte) e austrais (no sul) são causadas pela interação entre o vento solar e o campo magnético da Terra. Partículas carregadas são canalizadas em direção aos polos magnéticos, onde colidem com átomos de oxigênio e nitrogênio na atmosfera, fazendo-os brilhar em cores características.

O airglow, por sua vez, é diferente. Ele acontece continuamente em toda a atmosfera superior devido a reações químicas, não apenas durante tempestades solares. Assim, mesmo sem atividade solar intensa, a atmosfera emite um brilho fraco mas constante, criando aquelas faixas verde-amareladas visíveis nas fotos espaciais.

Cometa Lemmon (C/2025 A6) registrado a aproximadamente 57,6 milhões de milhas (91,3 milhões de quilômetros) da Terra em uma fotografia de longa exposição feita a partir da Estação Espacial Internacional. No momento do registro, o posto orbital cruzava a 263 milhas de altitude sobre o oeste da China, próximo à fronteira com a Mongólia. Crédito: NASA ID: ISS073-E-098099 Data: 23 de outubro de 2025

Um momento raro na história da astronomia

A coincidência de dois cometas brilhantes atingindo seu máximo esplendor quase simultaneamente é um evento astronômico notável. Historicamente, tais coincidências são raras o suficiente para que astrônomos e entusiastas do espaço prestem atenção especial.

Além disso, ter uma plataforma de observação tripulada em órbita terrestre durante esse período foi um golpe de sorte cósmico. Os astronautas não apenas registraram dados científicos, mas também capturaram a dimensão estética e emocional desse encontro celeste — algo que Yui expressou tão lindamente em suas postagens poéticas.

O que as imagens nos ensinam

As fotografias dos cometas Lemmon e SWAN não são apenas bonitas — elas também contêm informações científicas valiosas. Os astrônomos podem analisar as caudas dos cometas para entender sua composição, estudar como o vento solar interage com eles e até rastrear suas órbitas com maior precisão.

Ademais, a visão dos astronautas sobre as auroras terrestres ajuda cientistas a entender melhor a dinâmica da magnetosfera terrestre e como ela nos protege da radiação solar. Portanto, cada imagem serve tanto à ciência quanto à inspiração, lembrando-nos da beleza e da complexidade do universo em que vivemos.


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Perguntas Frequentes Sobre Cometas Lemmon e SWAN são fotografados da ISS

Quantos cometas brilhantes foram vistos simultaneamente da ISS?

Dois cometas — Lemmon (C/2025 A6) e SWAN (C/2025 R2) — foram fotografados pelos astronautas da ISS durante outubro de 2025, ambos atingindo pico de brilho entre 20 e 21 de outubro.

Quem descobriu o cometa Lemmon?

O astrônomo David Carson Fuls, da Universidade do Arizona, descobriu o cometa Lemmon em janeiro de 2025 usando imagens do Mount Lemmon Survey, um programa de busca de objetos próximos à Terra.

A que distância os cometas estavam da Terra quando foram fotografados?

O cometa Lemmon estava a aproximadamente 57,2 milhões de quilômetros da Terra, enquanto o cometa SWAN estava mais próximo, a cerca de 27,2 milhões de quilômetros.

O que causa as cores diferentes nas auroras?

As cores das auroras dependem dos gases atmosféricos envolvidos: oxigênio produz verde e vermelho, enquanto nitrogênio gera tons azulados e roxos. A altitude da colisão também influencia as cores observadas.

Por que é raro ver dois cometas brilhantes ao mesmo tempo?

Cometas brilhantes já são raros, pois dependem de órbitas específicas que os aproximam do Sol. Ter dois atingindo simultaneamente o pico de brilho é ainda mais improvável, sendo uma coincidência estatística pouco comum.

Qual é a diferença entre aurora e airglow?

Auroras são causadas por partículas solares colidindo com a atmosfera durante tempestades geomagnéticas. Já o airglow é um brilho constante e mais fraco produzido por reações químicas naturais na atmosfera superior.

Como os astronautas conseguem fotografar cometas da ISS?

A ISS está acima da maior parte da atmosfera, eliminando turbulência e poluição luminosa. Isso permite que os astronautas usem câmeras especializadas com exposições longas para registrar objetos distantes e de baixo brilho.

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Todos os créditos de imagem Reservados à NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

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