Imagine centenas de pequenos satélites orbitando a Terra, monitorando enchentes, secas e tempestades em tempo real. Agora imagine que essa tecnologia foi desenvolvida inteiramente no Brasil, por estudantes e pesquisadores brasileiros. Não é ficção científica é a Constelação Catarina, e ela está prestes a revolucionar como o país lida com emergências climáticas.
O projeto da Agência Espacial Brasileira (AEB) nasceu de uma tragédia: o ciclone-bomba que devastou o Sul do Brasil em junho de 2020. Dessa dor surgiu determinação. Assim, com investimento de R$ 6,4 milhões, o Brasil está construindo sua primeira frota nacional de nanossatélites. Além disso, a iniciativa envolve universidades, institutos de pesquisa e a indústria, criando um ecossistema espacial genuinamente brasileiro.

Como Funciona a Constelação Catarina
A Constelação Catarina não é apenas um satélite, é uma família deles. Por isso, o programa foi estruturado em diferentes frotas, cada uma com missões específicas. Atualmente, a Frota A está em desenvolvimento, focada na coleta de dados climáticos e ambientais.
Dentro dessa frota, três nanossatélites estão sendo desenvolvidos simultaneamente: o Catarina-A1, coordenado pela professora Talita Pomassai da UFSC; o Catarina-A2, sob responsabilidade do Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados; e o Catarina-A3, liderado pelo professor Eduardo Bezerra, também da UFSC. Embora compartilhem a mesma missão, cada satélite apresenta diferenças técnicas importantes.
Dessa forma, o programa permite avanços complementares, com cada equipe testando soluções diferentes para os mesmos desafios. Enquanto isso, os estudantes envolvidos ganham experiência prática com tecnologia espacial de ponta algo extremamente raro na graduação brasileira.
Catarina-A1: Estudantes Trabalhando com Tecnologia Real
O Catarina-A1 já alcançou um marco importante: a Critical Design Review (CDR), onde o modelo técnico foi aprovado. Agora, a equipe está adquirindo os últimos componentes para montar a versão final do satélite.
Segundo a coordenadora Talita Pomassai, o apoio financeiro permitiu algo revolucionário para uma universidade brasileira: comprar componentes reais usados em satélites profissionais. Portanto, os estudantes não apenas estudam teoria, eles trabalham com painéis solares, estruturas e equipamentos idênticos aos usados pela indústria espacial global.
“Isso elevou muito o nível técnico dos estudantes, que passaram a ter contato direto com tecnologias empregadas na indústria espacial”, afirma Pomassai. Além disso, o grupo adaptou uma câmara de termovácuo existente no laboratório, permitindo que os alunos realizem testes completos e comparem resultados experimentais com modelos numéricos.
A previsão é concluir a integração no início de 2026. Assim, o satélite estará pronto para lançamento entre o segundo semestre de 2026 e o início de 2027, aguardando apenas uma janela de lançamento disponível.
Catarina-A2: O Nanossatélite que Passou nos Testes do INPE
Em outubro de 2025, o Catarina-A2 enfrentou seu maior desafio até agora. O nanossatélite foi submetido a uma bateria de testes rigorosos no Laboratório de Integração e Testes (LIT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). E passou em todos.
O Catarina-A2 é um Cubesat 3U um cubo compacto de 10cm x 10cm x 34cm, pequeno o suficiente para caber em uma mochila, mas poderoso o suficiente para operar no espaço. Durante os testes, ele foi submetido a condições extremas que simulam o lançamento e o ambiente orbital.
O fit-check verificou se as dimensões e interfaces estão conforme as normas internacionais. Contudo, o teste mais impressionante foi o de termovácuo, onde o nanossatélite passou por variações entre -20°C e 50°C em ambiente de alto vácuo exatamente o que enfrentará em órbita.
Para Augusto Conto, gerente de projetos no SENAI, essa é uma conquista histórica. “Este é o primeiro projeto em que todo o ciclo de vida de um satélite está sendo conduzido integralmente no Instituto”, explica. Por outro lado, essa experiência está gerando conhecimento que pode ser transferido para outros setores estratégicos, como defesa, energia e agronegócio.
Agora, o projeto segue para a Acceptance Review (AR), onde uma banca externa avaliará se o satélite está pronto para o lançamento. Portanto, o Catarina-A2 pode ser o primeiro da constelação a subir ao espaço.

Catarina-A3 e a Missão FloripaSat-2
O Catarina-A3 também concluiu sua Critical Design Review e está na fase de compras para o modelo de voo. Entretanto, a equipe do SpaceLab/UFSC tem um trunfo extra: a experiência acumulada com o FloripaSat-2.
Os satélites A1 e A3 utilizam a mesma plataforma FloripaSat-2, sendo praticamente uma versão aprimorada do GOLDS-UFSC. Assim, em novembro de 2025, a UFSC dará um passo decisivo com o lançamento do FloripaSat-2 na missão Spaceward 2025, da Innospace, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara.
Segundo o coordenador Eduardo Bezerra, esse voo permitirá validar as condições reais de lançamento e o funcionamento básico em órbita. “A Constelação Catarina impulsiona o desenvolvimento de tecnologias em sistemas embarcados, comunicações e testes ambientais”, destaca. Além disso, dezenas de estudantes de graduação, mestrado e doutorado participam das atividades, consolidando a formação de uma nova geração de engenheiros espaciais brasileiros.

Por Que Essa Constelação Importa Para Você
Talvez você esteja se perguntando: como satélites minúsculos podem afetar minha vida? A resposta é simples: dados salvam vidas.
A Constelação Catarina retransmitirá dados obtidos por centenas de Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) distribuídas pelo território nacional. Essas plataformas monitoram temperatura, umidade, chuvas, níveis de rios e outros dados ambientais críticos. Portanto, quando uma tempestade severa se aproxima ou um rio está prestes a transbordar, as autoridades terão informações em tempo real para agir rapidamente.
Dessa forma, o sistema beneficia diretamente a Defesa Civil, que pode emitir alertas mais precisos e evacuar pessoas com antecedência. Enquanto isso, o setor agropecuário ganha acesso a dados meteorológicos detalhados, permitindo planejar melhor plantios, irrigação e colheitas.
De acordo com Felipe Ferreira Fraga, coordenador de Satélites e Aplicações da AEB, “a Constelação Catarina representa um marco para o Programa Espacial Brasileiro”. Além disso, ele destaca que o projeto “não apenas atende às demandas de defesa civil e agropecuária, mas também posiciona o Brasil em um patamar estratégico no cenário internacional”.
Do Ciclone-Bomba ao Espaço: Uma História de Resiliência
O projeto nasceu da dor. Em junho de 2020, um ciclone-bomba atingiu o Sul do Brasil com força devastadora, deixando milhares de desabrigados e expondo a vulnerabilidade do país frente a eventos climáticos extremos. Contudo, dessa tragédia surgiu determinação.
A Constelação Catarina foi estruturada sobre três pilares fundamentais: promover o desenvolvimento tecnológico nacional, fortalecer a indústria espacial em Santa Catarina e apoiar políticas públicas já em andamento. Assim, o programa vai além da tecnologia ele representa uma mudança de mentalidade.
O Brasil sempre importou tecnologia espacial. Por outro lado, com a Constelação Catarina, o país demonstra que pode desenvolver, testar e operar satélites usando expertise e indústria nacional. Portanto, cada nanossatélite que sobe ao espaço carrega também o orgulho de uma nação que decidiu parar de esperar soluções de fora.
O Futuro Está Sendo Construído Agora
A Constelação Catarina não é apenas um projeto espacial é um investimento no futuro do Brasil. Enquanto países desenvolvidos expandem suas frotas de satélites, o Brasil finalmente entra nessa corrida com tecnologia própria.
Os dados gerados pela constelação serão disponibilizados pelo Sistema Integrado de Dados Ambientais (SINDA), democratizando o acesso à informação. Dessa forma, pesquisadores, agricultores, gestores públicos e cidadãos poderão tomar decisões baseadas em dados precisos e atualizados.
Além disso, o projeto está formando centenas de engenheiros e pesquisadores especializados em tecnologia espacial. Portanto, mesmo quando esses satélites completarem suas missões, o conhecimento adquirido permanecerá no Brasil, impulsionando futuros projetos ainda mais ambiciosos.
Conclusão: O Espaço Está Mais Perto do Que Você Imagina
A Constelação Catarina prova que o Brasil tem capacidade técnica, intelectual e industrial para competir no setor espacial global. Do ciclone-bomba de 2020 aos testes bem-sucedidos de 2025, o projeto transformou tragédia em tecnologia, dor em determinação.
Com lançamentos previstos para 2026 e 2027, o país está prestes a testemunhar seus próprios satélites transmitindo dados vitais do espaço. Assim, cada alerta de tempestade, cada previsão agrícola, cada vida salva por uma evacuação bem planejada será um testemunho do que brasileiros podem criar quando trabalham juntos.
E você, está pronto para acompanhar essa jornada? Quer saber mais sobre como o Brasil está conquistando o espaço? Visite www.rolenoespaco.com.br e siga @role_no_espaco no Instagram para não perder nenhuma novidade dessa aventura espacial brasileira!
FAQ: Tire Suas Dúvidas Sobre a Constelação Catarina
1. O que são nanossatélites?
São satélites pequenos, geralmente pesando entre 1 e 10 kg, mais baratos de construir e lançar que satélites tradicionais, mas capazes de realizar missões importantes.
2. Quando os satélites da Constelação Catarina serão lançados?
Os lançamentos estão previstos entre o segundo semestre de 2026 e início de 2027, dependendo da disponibilidade de janelas de lançamento.
3. Como a Constelação Catarina pode ajudar em emergências climáticas?
Os satélites retransmitem dados de plataformas de monitoramento ambiental, permitindo alertas mais rápidos sobre enchentes, tempestades e outros eventos extremos.
4. Quanto custou o desenvolvimento da Constelação Catarina?
O projeto recebeu aporte de R$ 6,4 milhões provenientes de emendas parlamentares da bancada de Santa Catarina.
5. Quem pode acessar os dados gerados pelos satélites?
Os dados serão disponibilizados pelo Sistema Integrado de Dados Ambientais (SINDA), permitindo acesso público para pesquisa e planejamento.
6. O que torna esse projeto diferente de outros satélites brasileiros?
É a primeira constelação nacional de nanossatélites desenvolvida integralmente no Brasil, envolvendo universidades, institutos de pesquisa e indústria nacional.
7. Estudantes podem participar desses projetos espaciais?
Sim! Dezenas de estudantes de graduação, mestrado e doutorado da UFSC e outras instituições participam ativamente do desenvolvimento dos satélites.
Indicação de Leitura
Gostou do nosso artigo? Então continue explorando os avanços da astronomia e da exploração espacial no Brasil. Descubra as missões brasileiras, conheça as tecnologias desenvolvidas aqui e veja como o país contribui para a ciência espacial global. Entenda também como essas iniciativas impactam a sociedade e inspiram novas gerações de cientistas e exploradores do cosmos!
Sugestões de Links Internos (Inbound)
- Telescópio Espacial Euclid: Explorando a Matéria e Energia Escuras
- Satélite Biomass da ESA: Revelando os Segredos do Carbono Florestal
Sugestões de Links Externos (Outbound):
Todos os créditos de imagem e conteúdo reservados á Agência Espacial Brasileira
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da AEB e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.
Fonte: Agência Espacial Brasileira
