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Borboleta Marciana: A Cratera Que Parece Ter Asas em Marte

Uma borboleta voando em Marte? Não exatamente, mas a sonda Mars Express da Agência Espacial Europeia flagrou algo igualmente fascinante: uma cratera marciana com formato de borboleta que está fazendo os cientistas olharem duas vezes para o Planeta Vermelho. Essa formação geológica bizarra, localizada na região de Idaeus Fossae, no norte de Marte, mostra como o universo consegue criar obras de arte naturais impressionantes.

Assim como encontrar formatos familiares nas nuvens, essa cratera desperta nossa imaginação. Mas diferente de uma simples ilusão de ótica, ela conta uma história violenta e fascinante sobre o passado marciano. Vamos explorar como uma colisão espacial pode criar asas e o que isso revela sobre nosso vizinho planetário?

Visualização em perspectiva da região Idaeus Fossae em Marte, gerada a partir de dados topográficos e imagens da câmera HRSC da Mars Express. A cena mostra uma cratera de impacto em formato de borboleta cercada por planícies avermelhadas, afloramentos rochosos íngremes e camadas de minerais vulcânicos escuros.
Visão em perspectiva da região Idaeus Fossae, em Marte, criada a partir do modelo digital de terreno e dos canais nadir e coloridos da câmera HRSC da missão Mars Express. A imagem destaca a cratera em forma de borboleta, além de camadas de minerais vulcânicos, afloramentos íngremes e planícies marcianas marcadas por impactos menores.
Créditos: ESA/DLR/FU Berlin

O Que É a Cratera Borboleta de Marte?

A cratera borboleta marciana não tem nada de delicada como o inseto que conhecemos. Além disso, essa estrutura impressionante foi esculpida por um asteroide que atingiu a superfície vermelha de Marte em um ângulo extremamente rasante. Enquanto a maioria das crateras forma círculos perfeitos, esta possui características únicas que a tornam especial.

Com aproximadamente 20 quilômetros de largura no sentido leste-oeste e 15 quilômetros de norte a sul, a formação exibe duas “asas” distintas. Dessa forma, o material ejetado durante o impacto criou lobos elevados que se estendem para o norte e sul da cratera principal, lembrando as asas abertas de uma borboleta prestes a voar.

Portanto, o formato oval da cratera central funciona como o “corpo” do inseto, enquanto os depósitos irregulares de detritos formam as asas características. A equipe da Mars Express produziu até um vídeo simulando um sobrevoo lento ao redor dessa estrutura, permitindo que admiremos cada detalhe desse espetáculo geológico.

Imagem colorida da região de Hesperia Planum em Marte, mostrando uma grande cratera de impacto em formato de borboleta. A cratera elíptica apresenta bordas irregulares, interior sombreado e extensão alongada, destacando-se sobre a planície marciana amarelada e avermelhada.
Imagem colorida da cratera em formato de “borboleta” localizada em Hesperia Planum, registrada pela câmera HRSC da Mars Express em 5 de maio de 2004, durante a órbita 368. A estrutura elíptica mede cerca de 24,4 km de comprimento por 11,2 km de largura e atinge profundidade aproximada de 650 metros abaixo das planícies ao redor.
Créditos: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum)

Como Se Forma Uma Cratera Com Asas?

Normalmente, quando um asteroide atinge um planeta, o material é arremessado uniformemente em todas as direções, criando crateras circulares simétricas. Contudo, a cratera borboleta conta uma história diferente. O ângulo de impacto baixo e oblíquo mudou completamente o resultado final da colisão.

Enquanto isso, os cientistas identificaram algo ainda mais intrigante nas “asas” dessa borboleta marciana. Por outro lado, parte dos detritos apresenta textura mais suave e arredondada, quase lembrando um deslizamento de lama. Assim, essa característica indica que o material se misturou com água ou gelo subterrâneo durante o impacto.

Segundo os dados da sonda Mars Express, esse fenômeno é conhecido tecnicamente como material “fluidizado” e aparece frequentemente em Marte. A presença desse tipo de formação sugere que a região possuía reservas de gelo sob a superfície, que derreteram instantaneamente com o calor gerado pela colisão espacial. Dessa forma, a água líquida temporária permitiu que os detritos fluíssem antes de congelar novamente no ambiente marciano gelado.

Imagem colorida da região de Hesperia Planum em Marte, mostrando uma grande cratera de impacto em formato de borboleta. A cratera elíptica apresenta bordas irregulares, interior sombreado e extensão alongada, destacando-se sobre a planície marciana amarelada e avermelhada.
Imagem colorida da cratera em formato de “borboleta” localizada em Hesperia Planum, registrada pela câmera HRSC da Mars Express em 5 de maio de 2004, durante a órbita 368. A estrutura elíptica mede cerca de 24,4 km de comprimento por 11,2 km de largura e atinge profundidade aproximada de 650 metros abaixo das planícies ao redor.
Créditos: ESA/DLR/FU Berlin (G. Neukum)

As Mesas Misteriosas de Idaeus Fossae

A cratera borboleta pode roubar a cena inicialmente, mas a região ao redor reserva outras surpresas geológicas fascinantes. Além disso, o terreno predominantemente plano destaca um conjunto de formações rochosas íngremes com topos achatados, conhecidas como mesas, que se erguem majestosamente à esquerda da cratera.

Essas estruturas são sobreviventes da erosão marciana. Enquanto o terreno ao redor foi gradualmente desgastado pelos ventos marcianos e ciclos de congelamento ao longo de milhões de anos, as mesas resistiram bravamente. Por outro lado, suas bordas expostas revelam camadas escuras de material rico em magnésio e ferro, provavelmente de origem vulcânica.

Portanto, a história vulcânica da região fica evidente. Segundo as análises geológicas, Idaeus Fossae experimentou atividade vulcânica significativa no passado distante de Marte. Assim, camadas sucessivas de lava e cinzas vulcânicas se acumularam, foram enterradas por outros materiais e posteriormente expostas pela erosão, criando o cenário estratificado que observamos hoje.

Rugas de Lava: Marcas do Passado Vulcânico

Além das mesas e da cratera borboleta, a região exibe outro fenômeno geológico intrigante: as chamadas “rugas de lava” ou wrinkle ridges em inglês. Dessa forma, essas formações onduladas no terreno marciano contam a história de rios de lava que um dia fluíram livremente pela superfície.

Enquanto isso, o processo de formação dessas rugas é relativamente simples de entender. Quando a lava vulcânica flui, esfria e se solidifica, o material passa por uma contração natural. Contudo, essa contração não ocorre uniformemente, fazendo com que a superfície se dobre e enrugue, criando padrões dobrados característicos que permanecem visíveis por milhões de anos.

Por outro lado, essas estruturas funcionam como fósseis geológicos que preservam momentos da história vulcânica marciana. Assim, os cientistas podem estudar essas formações para compreender melhor a atividade geológica passada do Planeta Vermelho e como ele evoluiu de um mundo potencialmente mais ativo para o deserto frio que conhecemos hoje.

Vista aérea da região Idaeus Fossae em Marte, gerada a partir do modelo digital de terreno e dos canais nadir e coloridos da câmera HRSC da Mars Express. A imagem mostra mesas de topo plano, terrenos fraturados, cristas escuras irregulares e múltiplas crateras de impacto distribuídas pela superfície marciana.
Visualização da região Idaeus Fossae produzida com dados do modelo digital de terreno e dos canais nadir e coloridos da HRSC, a bordo da missão Mars Express. A cena destaca as mesas — grandes afloramentos rochosos de topo plano — que caracterizam esse trecho do terreno, além de fraturas, cristas irregulares e crateras de impacto de vários tamanhos.
Créditos: ESA/DLR/FU Berlin

Idaeus Fossae: Um Sistema de Vales Marcianos

A cratera borboleta recebe seu nome da região onde está localizada: Idaeus Fossae, um extenso sistema de vales que se estende por quilômetros a oeste da formação. Portanto, compreender o contexto geológico maior ajuda a apreciar a complexidade dessa área marciana.

Além disso, esses vales fazem fronteira com uma característica geológica dramática: uma escarpa abrupta de 2 quilômetros de altura que marca a borda do planalto Tempe Terra. Enquanto isso, vales menores e cristas se espalham pela região, criando uma topografia complexa e variada que fascina os geólogos planetários.

Dessa forma, a Mars Express tem documentado meticulosamente essas paisagens desde seu lançamento em 2003. Por outro lado, a longevidade da missão permitiu criar mapas tridimensionais em alta resolução de Marte, transformando radicalmente nossa compreensão do planeta vizinho ao longo de mais de duas décadas de observações contínuas.

Por Que Estudar Crateras Marcianas Importa?

Você pode se perguntar por que os cientistas dedicam tanto tempo estudando crateras em Marte. Assim, a resposta vai muito além da curiosidade estética dessas formações bizarras. Segundo os pesquisadores, cada cratera funciona como uma janela para o passado e o interior do planeta.

Enquanto isso, as crateras de impacto expõem camadas subsuperficiais que normalmente ficariam ocultas. Portanto, ao analisar o material ejetado e as características da cratera, os cientistas podem inferir a composição do subsolo marciano, identificar presença de água ou gelo e compreender melhor a história geológica da região.

Além disso, estudar como diferentes ângulos de impacto criam formações distintas ajuda os pesquisadores a desenvolver modelos mais precisos sobre colisões espaciais. Dessa forma, esse conhecimento se aplica não apenas a Marte, mas também ajuda a entender processos semelhantes na Terra, na Lua e em outros corpos celestes do Sistema Solar.

Mapa topográfico colorido da região Idaeus Fossae em Marte, criado a partir de dados da Mars Express. As áreas mais baixas aparecem em tons de azul e roxo, enquanto regiões elevadas são mostradas em amarelo, rosa, vermelho e branco. O mapa destaca crateras circulares profundas e sutis cristas que cortam a superfície.
Mapa topográfico colorido da região Idaeus Fossae, produzido com dados obtidos pela Mars Express em 8 de novembro de 2024 (órbita 26325). A imagem, baseada em um modelo digital de terreno, mostra as áreas mais baixas em azul e roxo, e as regiões elevadas em tons de amarelo, rosa, vermelho e branco. A resolução do solo é de cerca de 17 m/pixel, com o norte orientado para a direita.
Créditos: ESA/DLR/FU Berlin

Mars Express: Mais de Duas Décadas Revelando Marte

A descoberta da cratera borboleta é apenas um dos inúmeros feitos da sonda Mars Express da Agência Espacial Europeia. Contudo, a longevidade e produtividade dessa missão merecem reconhecimento especial na exploração espacial moderna.

Desde seu lançamento em 2003, a Mars Express tem mapeado Marte com resolução sem precedentes, capturando imagens em cores vibrantes e criando modelos tridimensionais detalhados da superfície marciana. Assim, a câmera estereoscópica de alta resolução (HRSC) desenvolvida pelo Centro Aeroespacial Alemão continua fornecendo dados valiosos após mais de vinte anos de operação.

Por outro lado, as descobertas da missão transformaram fundamentalmente nossa compreensão de Marte. Enquanto isso, a sonda continua revelando novos mistérios e belezas escondidas no Planeta Vermelho, provando que mesmo missões veteranas podem fazer descobertas surpreendentes quando equipadas com instrumentos excepcionais e operadas por equipes dedicadas.

Ilustração da espaçonave Mars Express deixando a Terra rumo a Marte, mostrando a sonda em trajetória interplanetária após o lançamento a bordo de um foguete Soyuz/Fregat em 2003. A arte destaca a nave em viagem pelo espaço, simbolizando sua jornada de seis meses até alcançar a órbita de Marte.
Ilustração da Mars Express durante sua jornada de seis meses rumo a Marte. A sonda foi lançada em junho de 2003 a partir do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de um foguete Soyuz/Fregat, aproveitando a janela com a menor distância entre os planetas. Desde 2003, em órbita quase polar, a missão vem fornecendo algumas das observações mais detalhadas e cientificamente valiosas já obtidas do Planeta Vermelho.
Créditos: ESA – Ilustração por Medialab | Licença: ESA Standard Licence

O Que Mais Marte Esconde?

A cratera borboleta de Idaeus Fossae nos lembra que Marte ainda guarda inúmeros segredos esperando para serem descobertos. Dessa forma, cada nova imagem da Mars Express ou de outras missões marcianas pode revelar formações igualmente fascinantes e cientificamente valiosas.

Portanto, enquanto planejamos futuras missões tripuladas ao Planeta Vermelho, essas descobertas robóticas continuam preparando o terreno. Assim, compreender a geologia marciana, identificar recursos como gelo subterrâneo e mapear o terreno em detalhes minuciosos são passos essenciais para garantir que futuros exploradores humanos possam operar com segurança no ambiente marciano.

Além disso, a beleza inesperada dessas formações geológicas nos lembra que a exploração espacial não é apenas sobre ciência fria e números. Enquanto isso, descobrir uma cratera que parece uma borboleta ou montanhas que lembram rostos humanos adiciona um elemento de admiração e inspiração que alimenta nossa curiosidade coletiva sobre o cosmos.


A próxima vez que olhar para o céu noturno e avistar o brilho avermelhado de Marte, lembre-se de que lá existem borboletas de pedra com asas quilométricas esperando para serem admiradas. Quer continuar explorando as maravilhas do universo? Visite www.rolenoespaco.com.br e siga @role_no_espaco no Instagram para mais curiosidades espaciais que vão expandir seus horizontes!

Perguntas Frequentes

O que é a cratera borboleta de Marte?

A cratera borboleta é uma formação de impacto em Marte com aproximadamente 20 km de largura que possui duas “asas” de material ejetado, criadas quando um asteroide atingiu o planeta em ângulo rasante.

Onde fica a cratera borboleta marciana?

A cratera está localizada na região de Idaeus Fossae, nas planícies do norte de Marte, próxima ao planalto Tempe Terra e seu penhasco de 2 quilômetros de altura.

Por que algumas crateras marcianas têm formatos irregulares?

Crateras com formatos incomuns geralmente resultam de impactos em ângulos baixos e oblíquos, diferente dos impactos perpendiculares que criam crateras circulares simétricas.

O que é material fluidizado em crateras marcianas?

Material fluidizado é detrito de impacto que se misturou com água ou gelo subterrâneo, criando texturas suaves e arredondadas semelhantes a deslizamentos de lama.

Qual sonda descobriu a cratera borboleta?

A Mars Express da Agência Espacial Europeia, em operação desde 2003, capturou as imagens dessa formação geológica intrigante usando sua câmera estereoscópica de alta resolução.

Existem outras crateras borboleta em Marte?

Sim, outro exemplo de cratera borboleta foi identificado nas terras altas do sul marciano, na região de Hesperia Planum, mostrando que esse tipo de formação não é único.

O que as rugas de lava revelam sobre Marte?

As rugas de lava indicam que a região teve atividade vulcânica significativa no passado, com fluxos de lava que esfriaram, contraíram e enrugaram a superfície marciana.

Indicação de Leitura

Gostou do nosso artigo? Então, continue conhecendo as missões que vão ou estão explorando o planeta Marte. Dando sequência à sua jornada pelo espaço, descubra como cada missão da NASA, ESA e outras agência está desvendando os mistérios do Planeta Vermelho, testando tecnologias inovadoras e preparando o caminho para futuras missões tripuladas. A exploração de Marte é, sem dúvida, um dos capítulos mais empolgantes da história da astronomia e da busca por vida fora da Terra!

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Fonte: Artigo “A martian butterfly flaps its wings” Publicado em esa.int

Todos os créditos de imagem Reservados à ESA
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

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