Imagine um planeta vibrante, com rios caudalosos, lagos cristalinos e uma atmosfera densa o suficiente para proteger a vida. Agora, transforme essa visão em um deserto frio e desolado, onde o vento solar varre a superfície sem piedade. Essa é a história de Marte, e a missão ESCAPADE da NASA promete revelar exatamente como isso aconteceu. Prepare-se para embarcar nessa jornada científica que pode mudar nossa compreensão sobre a habitabilidade planetária.

Créditos: James Rattray / Rocket Lab USA
O que é a missão ESCAPADE?
ESCAPADE é uma sigla que significa Escape and Plasma Acceleration and Dynamics Explorer, ou seja, Explorador de Escape e Dinâmica de Aceleração de Plasma. Basicamente, estamos falando de duas sondas gêmeas que vão orbitar Marte simultaneamente para estudar como o planeta perdeu sua atmosfera ao longo de bilhões de anos. Além disso, essa missão investigará como o vento solar interage com o campo magnético fragmentado que ainda existe por lá.
De acordo com dados da NASA, o lançamento está previsto para 9 de novembro de 2025, a bordo do foguete New Glenn da Blue Origin, marcando a estreia dessa empresa em missões científicas da agência espacial americana. Portanto, trata-se de um momento histórico não apenas para a ciência, mas também para o setor espacial comercial.
As duas naves foram batizadas de Blue e Gold, em homenagem às cores da Universidade da Califórnia em Berkeley, instituição líder do projeto. Enquanto isso, cada sonda carrega instrumentos idênticos que trabalharão em conjunto para mapear as variações na magnetosfera marciana de diferentes pontos orbitais.
Por que Marte perdeu sua atmosfera?
Cientistas acreditam que Marte já foi um mundo muito mais hospitaleiro. Por outro lado, há cerca de 3,5 a 4,1 bilhões de anos, algo dramático aconteceu: o campo magnético global do planeta simplesmente desligou. Dessa forma, o Planeta Vermelho ficou exposto à fúria do vento solar, que começou a arrancar literalmente sua atmosfera para o espaço.
Hoje, a densidade atmosférica na superfície marciana é apenas 1% da terrestre. Assim, a água líquida não consegue mais existir de forma estável na superfície, e qualquer forma de vida seria bombardeada por radiação ultravioleta e raios-X letais. Contudo, ainda há mistérios a serem desvendados: quando exatamente isso aconteceu? O processo foi gradual ou houve episódios alternados de habitabilidade?
Segundo a Planetary Society, o campo magnético remanescente de Marte existe apenas em manchas, mantido por rochas magnetizadas na crosta do planeta. Portanto, compreender como esse campo fragmentado interage com o vento solar é crucial para desvendar a evolução climática marciana.
Como a ESCAPADE funciona na prática?
A missão ESCAPADE adota uma abordagem inovadora ao usar duas sondas trabalhando simultaneamente. Dessa forma, os cientistas podem medir variações temporais e espaciais na magnetosfera marciana com precisão sem precedentes. Enquanto uma sonda passa por determinada região, a outra observa de outro ângulo, criando um mapa tridimensional dinâmico.
Cada nave carrega quatro conjuntos de instrumentos duplicados. Assim, os analisadores eletrostáticos rastreiam o fluxo de íons e elétrons escapando da atmosfera. Além disso, magnetômetros monitoram o campo magnético em tempo real, enquanto as sondas de Langmuir medem as propriedades do plasma ionizado ao redor do planeta.
Por fim, câmeras visíveis e infravermelhas construídas por estudantes da Universidade do Norte do Arizona capturarão imagens inéditas de Marte. Inclusive, há a possibilidade de registrar as auroras verdes marcianas, um fenômeno fascinante causado pela interação do vento solar com a tênue atmosfera marciana.

Uma jornada espacial diferente de tudo
Normalmente, missões a Marte esperam janelas de lançamento ideais que ocorrem a cada 26 meses aproximadamente. Contudo, ESCAPADE seguirá um caminho totalmente inédito para viagens interplanetárias. Portanto, prepare-se para uma rota que parece saída de um jogo de sinuca cósmica.
Após o lançamento, as sondas passarão um ano inteiro orbitando o ponto de Lagrange L2 da Terra, localizado a 1,5 milhão de quilômetros do nosso planeta. Dessa forma, a missão ganha flexibilidade temporal sem depender das tradicionais janelas de lançamento Terra-Marte. Em seguida, iniciará uma viagem de 10 meses até o Planeta Vermelho, com chegada prevista para setembro de 2027.
Originalmente, ESCAPADE seria uma “carona” na missão Psyche que partiu em 2023. Por outro lado, os cálculos mostraram que a velocidade de aproximação seria alta demais para as naves entrarem com segurança na órbita marciana. Assim, a NASA decidiu dar um lançamento exclusivo para a missão, criando essa trajetória revolucionária que pode servir de modelo para futuras expedições.
O custo acessível da inovação espacial
ESCAPADE faz parte do programa SIMPLEx (Small Innovative Missions for Planetary Exploration), criado pela NASA em 2014. Enquanto isso, missões convencionais custam centenas de milhões de dólares, as do SIMPLEx recebem menos de 80 milhões. Portanto, estamos falando de ciência de ponta com orçamento otimizado.
Para colocar em perspectiva, a missão MAVEN, que também orbita Marte estudando sua atmosfera, custou 583 milhões de dólares apenas até o fim da missão primária. Por outro lado, ESCAPADE consegue objetivos científicos ambiciosos gastando uma fração desse valor. Dessa forma, a NASA demonstra que é possível fazer mais com menos quando há planejamento inteligente e parcerias estratégicas.
Segundo a Planetary Society, esse modelo de baixo custo é viabilizado através da simplificação do design, redução do tamanho das naves e foco em objetivos científicos bem definidos. Além disso, parcerias com empresas comerciais como Blue Origin e Rocket Lab reduzem drasticamente os custos de desenvolvimento.

Crédito da imagem: James Rattray / Rocket Lab USA
Parcerias público-privadas revolucionam a exploração espacial
A missão ESCAPADE representa um marco na colaboração entre NASA, universidades e empresas privadas. Assim, a Blue Origin fornece o foguete New Glenn em seu segundo voo histórico e primeiro lançamento científico da NASA. Por outro lado, a Rocket Lab, empresa neozelandesa estabelecida nos Estados Unidos, projetou os sistemas de propulsão, comunicação e navegação das sondas.
Enquanto isso, a Advanced Space LLC ficou responsável pelo planejamento da trajetória complexa que levará as naves até Marte. Portanto, cada parceiro contribui com sua expertise específica, criando uma sinergia que maximiza eficiência e minimiza custos. Dessa forma, o setor espacial comercial prova que pode entregar missões científicas sofisticadas com agilidade e economia.

O que esperar dos próximos anos?
Uma vez em órbita marciana, as duas sondas passarão nove meses calibrando instrumentos e ajustando suas trajetórias elípticas. Assim, elas se aproximarão até 160 quilômetros da superfície, coletando dados sobre como as condições mudam ao longo do tempo. Por outro lado, uma nave ficará à frente da outra, permitindo medições sequenciais da mesma região.
Após seis meses nessa configuração, as sondas se separarão em planos orbitais diferentes. Dessa forma, poderão capturar variações espaciais na magnetosfera durante cinco meses adicionais. Portanto, a missão primária totalizará 11 meses de coleta de dados, criando um retrato holístico da dinâmica atmosférica marciana.
Os cientistas esperam que ESCAPADE responda perguntas fundamentais sobre a evolução planetária. Além disso, os dados podem ajudar a entender se Marte passou por múltiplos ciclos de habitabilidade antes de se tornar o deserto gelado atual. Assim, essa missão não apenas explica o passado marciano, mas também informa sobre o futuro de outros planetas, incluindo a Terra.
Conclusão: uma janela para o passado e o futuro
A missão ESCAPADE representa muito mais que duas sondas orbitando Marte. Portanto, trata-se de uma investigação profunda sobre como planetas perdem suas atmosferas e, consequentemente, sua capacidade de abrigar vida. Dessa forma, compreender a tragédia climática marciana nos ajuda a proteger nosso próprio planeta e a buscar vida em outros mundos.
Será que Marte teve múltiplas chances de desenvolver vida antes de sucumbir ao vento solar? Essa é apenas uma das perguntas fascinantes que ESCAPADE pode responder nos próximos anos. Enquanto isso, continue acompanhando todas as novidades sobre essa missão revolucionária no www.rolenoespaco.com.br e siga o @role_no_espaco no Instagram para não perder nenhum detalhe dessa jornada épica rumo ao Planeta Vermelho!
Perguntas Frequentes (FAQ)
Quando a missão ESCAPADE será lançada?
O lançamento está previsto para 9 de novembro de 2025, a bordo do foguete New Glenn da Blue Origin, desde Cabo Canaveral, na Flórida.
Por que são duas sondas em vez de uma?
As duas sondas permitem medições simultâneas de diferentes pontos orbitais, criando um mapa tridimensional das variações na magnetosfera marciana ao longo do tempo.
Quanto tempo levará para chegar a Marte?
Após passar um ano orbitando o ponto L2 da Terra, ESCAPADE levará 10 meses viajando até Marte, chegando em setembro de 2027.
Qual o custo da missão ESCAPADE?
Como parte do programa SIMPLEx, a missão custa menos de 80 milhões de dólares, uma fração do custo de missões convencionais como a MAVEN, que custou 583 milhões.
O que diferencia ESCAPADE de outras missões marcianas?
ESCAPADE usa uma trajetória inédita passando pelo ponto L2 e emprega duas sondas trabalhando simultaneamente para estudar especificamente a perda atmosférica causada pelo vento solar.
Marte pode voltar a ser habitável algum dia?
Teoricamente sim, mas exigiria reativar o campo magnético global do planeta ou criar proteção artificial contra o vento solar, tecnologias ainda muito distantes da nossa capacidade atual.
Como posso acompanhar a missão?
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Indicação de Leitura
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Fonte: Artigo NASA | planetary.org
