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Ex-chefe da NASA: EUA podem perder corrida lunar para China

A corrida espacial está de volta, e desta vez o adversário não é a União Soviética. Michael Griffin, ex-administrador da NASA, fez um alerta contundente ao Congresso americano: os Estados Unidos precisam recomeçar do zero seus planos de retorno à Lua ou correm o risco de perder a liderança espacial para a China. Segundo ele, o programa Artemis atual simplesmente não funciona.

Uma lua cheia era visível atrás do foguete Artemis I SLS (Sistema de Lançamento Espacial) e da nave espacial Orion no Complexo de Lançamento 39B no Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida, em 14 de junho de 2022. A primeira de uma série cada vez mais complexa de missões, a Artemis I testou o SLS e a Orion como um sistema integrado antes dos voos tripulados para a Lua.

O testemunho que sacudiu Washington

Durante uma audiência realizada no dia 4 de dezembro, Griffin não poupou críticas ao programa Artemis. A sessão, intitulada “Trajetórias Estratégicas: Avaliando a Ascensão Espacial da China e os Riscos para a Liderança dos EUA”, reuniu especialistas para discutir o rápido desenvolvimento do programa espacial chinês.

As palavras do ex-chefe da NASA foram diretas: a China está seguindo um plano que faz sentido, muito parecido com o que os americanos fizeram no programa Apollo. Por outro lado, os Estados Unidos insistem em uma arquitetura que não pode funcionar e apresenta riscos inaceitáveis para as tripulações.

Por que o plano atual não funciona

O problema central do programa Artemis está na complexidade do sistema de reabastecimento em órbita. Para levar astronautas à superfície lunar, o projeto atual depende de múltiplos lançamentos da nave Starship, da SpaceX. Assim, cada missão precisaria de até 12 lançamentos apenas para reabastecer o módulo lunar antes da descida.

Além disso, Griffin apontou uma falha técnica crítica: o tempo necessário para realizar todos esses lançamentos e manobras de acoplamento faria com que o combustível do módulo lunar evaporasse antes mesmo da missão começar. Dessa forma, todo o conceito se torna inviável com a tecnologia atual.

A recomendação do ex-administrador é radical: cancelar a missão Artemis 3, prevista para 2027, junto com todas as outras missões subsequentes. Portanto, a NASA deveria recomeçar com uma abordagem completamente diferente.

Mike Griffin, ex-administrador da NASA (2005–2009), aparece sentado diante de um microfone enquanto testemunha perante o Comitê de Ciência da Câmara dos EUA.Crédito: House Science Committee webcast.
Mike Griffin — administrador da NASA entre 2005 e 2009 — testemunhou em 25 de fevereiro perante o Comitê de Ciência da Câmara dos Estados Unidos. A sessão discutiu questões ligadas à política espacial americana e desafios estratégicos para o futuro da exploração espacial.

Crédito: House Science Committee webcast.

A vantagem estratégica da China

Enquanto isso, a China avança de forma consistente. Dean Cheng, especialista em questões chinesas no Instituto Potomac de Estudos Políticos, explicou por que o país asiático tem conseguido manter o ritmo: estabilidade programática, orçamentária e de pessoal.

O governo chinês cria planos de longo prazo e os mantém por décadas. Contudo, nos Estados Unidos, a estrutura governamental dificulta esse tipo de compromisso duradouro. Cada nova administração pode mudar prioridades, cortar orçamentos ou redirecionar recursos.

De acordo com documentos internos da SpaceX obtidos pela Politico, a própria empresa estima que setembro de 2028 seria a data mais realista para uma primeira tentativa de pouso lunar tripulado. No entanto, a NASA publicamente ainda aponta para 2027.

Imagem representando a corrida espacial: um foguete americano e um foguete chinês avançam em direção à Lua, enquanto um astronauta segura a bandeira simbolizando a disputa pelo espaço.

O ritmo preocupante do programa Artemis

Os números revelam a dimensão do problema. Se a Artemis 3 for adiada para o final de 2028, terá havido uma média de dois anos entre as três primeiras missões do programa. Por outro lado, o programa Apollo lançou suas 11 missões com uma média de apenas 4,5 meses entre cada uma, entre 1968 e 1972.

Além disso, a NASA enfrenta uma crise interna sem precedentes. A agência perdeu capacidades em instalações científicas importantes, viu missões emblemáticas ameaçadas por cortes orçamentários e demitiu milhares de funcionários devido a reduções na força de trabalho federal.

A busca por alternativas

O próprio administrador interino da NASA, Sean Duffy, criticou a SpaceX por estar “atrasada” no desenvolvimento do módulo lunar e da Starship. Em declarações feitas em outubro de 2025, ele sugeriu que a administração Trump poderia abrir concorrência para outras empresas, incluindo a Blue Origin.

Contudo, essa instabilidade programática pode ser justamente o que impede os Estados Unidos de se comprometerem com um plano de longo prazo. Enquanto isso, a China mantém seu foco inabalável no objetivo lunar.

Conceito artístico do módulo de pouso lunar Blue Moon, pousado na superfície da Lua no contexto da missão Artemis. O módulo tem design robusto com pernas largas de pouso e painéis visíveis. Ao fundo, a Terra aparece brilhando no céu escuro lunar.
Conceito artístico do módulo de pouso lunar Blue Moon

O que realmente está em jogo

Griffin alertou que o verdadeiro risco não é apenas perder a corrida para plantar uma bandeira na Lua primeiro. O problema maior é não entender o que significa vencer no longo prazo.

A nação que estabelecer uma presença sustentável na Lua primeiro terá o privilégio de definir as normas de acesso e uso dos recursos lunares. Assim, se a China chegar antes, poderá ditar quem usa certas áreas da superfície lunar e como esses recursos serão explorados.

Segundo Griffin, a China compreende perfeitamente essa dinâmica. O domínio lunar não se trata apenas de prestígio científico, mas de controle sobre o futuro da exploração espacial e dos valiosos recursos que a Lua pode oferecer.

Tempo perdido e oportunidades futuras

O ex-chefe da NASA reconheceu que os Estados Unidos já perderam muito tempo valioso. Portanto, pode ser que não consigam retornar à Lua antes da primeira aterrissagem chinesa. Por outro lado, ele enfatizou que o espaço é difícil para todos, e o sucesso não está garantido para ninguém, nem mesmo para a China.

Dessa forma, mesmo que os americanos não vençam nesta primeira etapa, não podem simplesmente abandonar a disputa e deixar o campo livre para outros. A luta pelo domínio lunar está apenas começando, e recuar agora significaria ceder o futuro da humanidade no espaço.


Perdemos tempo demais, mas a partida ainda não acabou. A corrida lunar do século XXI promete ser tão emocionante quanto a primeira, talvez até mais complexa. Enquanto isso, países e empresas privadas redefinem as regras do jogo espacial. Quem chegará primeiro? E, mais importante, quem ficará?

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Perguntas Frequentes

Por que o programa Artemis está sendo criticado? O programa depende de um sistema complexo de reabastecimento em órbita que pode não funcionar na prática, além de apresentar riscos elevados para as tripulações e cronogramas considerados irrealistas.
Quantos lançamentos da Starship são necessários para uma missão lunar? A SpaceX estima que seriam necessários até 12 lançamentos da Starship apenas para reabastecer completamente o módulo lunar antes da descida à superfície.
Quando a China planeja pousar astronautas na Lua? Embora a data exata não seja pública, especialistas acreditam que a China pode realizar sua primeira missão tripulada à Lua antes dos Estados Unidos, possivelmente ainda nesta década.
O que aconteceu com o ritmo das missões Apollo? O programa Apollo lançava uma missão a cada 4,5 meses, em média. Já o Artemis pode apresentar intervalos de até dois anos entre missões.
Por que o controle da Lua é tão importante? A nação que estabelecer presença permanente primeiro poderá definir normas sobre acesso e exploração de recursos lunares, influenciando o futuro da exploração espacial.
A SpaceX acredita nas datas oficiais da NASA? Não. Documentos internos da SpaceX apontam setembro de 2028 como a data mais realista para um pouso lunar, enquanto a NASA ainda menciona 2027 publicamente.
O que Griffin sugere que a NASA faça? Ele recomenda cancelar todas as missões Artemis planejadas e recomeçar do zero com uma arquitetura lunar completamente nova e mais viável.

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Fonte: Matéria “We have lost a lot of time.’ Former NASA chief says US needs to start over with moon landing plans or risk losing to China” pulicada em space.com

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