Imagine abrir uma embalagem de alimentos no espaço e encontrar barras de proteína feitas com farinha de grilo ou biscoitos crocantes à base de larvas. Pode parecer estranho à primeira vista, mas essa pode ser a realidade dos astronautas em missões de longa duração. Segundo a Agência Espacial Europeia, insetos estão sendo seriamente considerados como fonte de alimento para viagens espaciais futuras, e as razões vão muito além do que você imagina.
Enquanto bilhões de pessoas ao redor do mundo já consomem insetos diariamente, a comunidade científica espacial apenas recentemente começou a explorar seu potencial nutritivo para astronautas. Portanto, vale a pena entender por que esses pequenos seres podem revolucionar a forma como nos alimentamos fora da Terra.

Por Que Insetos São Candidatos Perfeitos Para o Espaço
A busca por fontes de alimento sustentáveis para missões espaciais de longa duração apresenta desafios imensos. Assim, pesquisadores europeus reunidos pela ESA estão investigando alternativas que sejam leves, nutritivas e fáceis de cultivar em ambientes de microgravidade.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, humanos já consomem mais de 2.000 espécies diferentes de insetos em todo o planeta. Além disso, esses pequenos animais demonstram uma capacidade extraordinária de converter materiais que não conseguimos digerir em proteína de alta qualidade.
Pesquisadores descobriram que insetos possuem características ideais para ambientes espaciais. Eles são leves, altamente adaptáveis e incrivelmente resistentes a estresses físicos. Dessa forma, apresentam vantagens significativas sobre outras fontes de proteína que poderiam ser cultivadas no espaço.
Adaptação à Microgravidade
A professora Åsa Berggren, da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, liderou um estudo publicado na revista Frontiers in Physiology que revelou dados impressionantes. Segundo a pesquisa, insetos parecem lidar muito bem com ambientes espaciais, mantendo suas funções biológicas essenciais praticamente intactas.
Enquanto algumas espécies apresentam pequenas dificuldades de locomoção, a maioria consegue completar processos vitais como reprodução e desenvolvimento. Por outro lado, cada espécie reage de maneira diferente à ausência de gravidade, o que torna necessário testar várias opções antes de definir o cardápio espacial definitivo.
A História dos Insetos no Espaço
A relação entre insetos e exploração espacial começou muito antes do primeiro humano em órbita. Assim, em 1947, a humilde mosca-da-fruta tornou-se o primeiro animal a alcançar o espaço e sobreviver à experiência, viajando em um foguete V-2 para estudar os efeitos da radiação em organismos vivos.
Desde então, moscas-da-fruta se tornaram modelos padrão para pesquisas sobre fisiologia e desenvolvimento em microgravidade. Surpreendentemente, elas conseguiram completar todo seu ciclo de vida no espaço, desde a fertilização até se tornarem adultos capazes de produzir descendentes.
Além disso, outros insetos também participaram de experimentos espaciais ao longo das décadas. Abelhas, moscas domésticas, lagartas e formigas já visitaram o espaço. Contudo, os resultados variaram bastante entre as espécies testadas.

Formigas e Outros Viajantes Espaciais
Formigas demonstraram uma habilidade notável de se agarrar às superfícies mesmo em microgravidade. Entretanto, espécies como insetos-pau enfrentaram dificuldades significativas com movimentação, radiação e reprodução.
Por fim, um dos experimentos mais impressionantes aconteceu em 2007, quando tardígrados, conhecidos como ursos-d’água, sobreviveram à exposição direta ao vácuo espacial durante o experimento “Tardigrades in Space” da ESA. Portanto, compreender os mecanismos que permitem organismos sobreviverem em condições tão extremas pode abrir novas portas na biociência.

Valor Nutricional dos Insetos
Na Terra, insetos já são valorizados tanto pelo sabor quanto pela nutrição, ganhando destaque na Europa como parte de sistemas alimentares mais sustentáveis. Assim, métodos de preparo e temperos específicos fazem grilos terem gosto de nozes com toque defumado, enquanto larvas lembram bacon e formigas apresentam um sabor cítrico.
De acordo com especialistas em nutrição, vermes e outros insetos são fontes excelentes de proteína de alta qualidade, ácidos graxos, ferro, zinco e vitaminas do complexo B. Além disso, seus valores nutricionais frequentemente se comparam ou superam os de carne, peixe e leguminosas.
Insetos Aprovados Para Consumo
Para pesquisas espaciais, o grilo doméstico e a larva-da-farinha têm sido os invertebrados mais utilizados. Ambas as espécies foram autorizadas pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar para venda e consumo humano em 2023, o que facilitou sua inclusão em experimentos.
A farinha de grilo, por exemplo, é uma fonte de proteína comumente usada para fazer pães, massas e biscoitos. Dessa forma, integrar esse ingrediente em alimentos espaciais torna-se mais viável e seguro.
Astronautas Já Experimentaram
A astronauta da ESA Samantha Cristoforetti fez história ao levar uma barra de cereal de mirtilo com farinha de grilo para sua missão espacial em 2022. Portanto, podemos dizer que insetos já fizeram sua estreia oficial no cardápio espacial, mesmo que de forma ainda experimental.
Contudo, esse foi apenas o começo. Enquanto uma única barra de cereal representa um pequeno passo, cientistas trabalham para desenvolver um sistema completo de produção e consumo de insetos no espaço.

Desafios e Limitações das Pesquisas Atuais
Apesar dos avanços promissores, o panorama completo do impacto do espaço sobre insetos ainda está incompleto. Assim, muitos dos dados disponíveis são antigos, com experimentos realizados entre 1960 e 2000, e espalhados por diferentes missões.
Além disso, a duração dos experimentos representa outra limitação significativa. Muitos estudos em voos parabólicos duraram apenas alguns minutos, e mesmo estadias mais longas no espaço não ultrapassaram 50 dias. Por outro lado, esse período é mais curto que o ciclo de vida completo de muitos insetos.
Próximos Passos da Pesquisa
Pesquisadores agora querem testar espécies que possam completar cada estágio de desenvolvimento durante sua permanência em órbita. Dessa forma, a ESA e seus parceiros estão atualmente projetando novos experimentos sobre os efeitos da microgravidade em insetos.
Esses estudos de longa duração fornecerão dados mais completos sobre reprodução, crescimento e sobrevivência em condições espaciais reais. Portanto, nos próximos anos, teremos uma compreensão muito melhor sobre quais espécies são mais adequadas para cultivo no espaço.
O Futuro da Alimentação Espacial Está Aqui
A exploração espacial sempre exigiu soluções criativas para problemas complexos. Assim, insetos representam uma dessas soluções brilhantes que combinam sustentabilidade, eficiência e praticidade em um único pacote minúsculo.
Enquanto a ideia de comer insetos pode causar estranheza para alguns, vale lembrar que preferências alimentares são culturais. Além disso, astronautas em missões de longa duração para Marte ou além precisarão de todas as opções nutricionais disponíveis.
Portanto, preparar nosso paladar e nossa mente para aceitar fontes alternativas de proteína não é apenas inteligente, é essencial para o futuro da exploração espacial. Por fim, quem sabe em algumas décadas, barras de grilo e biscoitos de larva-da-farinha não se tornem tão comuns quanto Tang e comida liofilizada?
Uma Nova Era da Alimentação Espacial Começou
A jornada dos insetos do laboratório para o cardápio espacial representa muito mais que uma curiosidade científica. Dessa forma, simboliza nossa capacidade de adaptar, inovar e encontrar soluções sustentáveis para os desafios da exploração espacial.
Enquanto continuamos expandindo nossa presença no cosmos, precisamos repensar conceitos básicos como alimentação. Portanto, aceitar insetos como fonte legítima de nutrição pode ser um dos passos mais importantes para viabilizar missões de longa duração.
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Perguntas Frequentes Sobre Insetos no Espaço
Insetos podem realmente sobreviver no espaço?
Sim, diversos insetos já demonstraram capacidade de sobreviver e até completar seu ciclo de vida em microgravidade, incluindo moscas-da-fruta e formigas.
Qual foi o primeiro inseto no espaço?
A mosca-da-fruta foi o primeiro animal a alcançar o espaço e sobreviver, em 1947, durante um voo em foguete V-2.
Insetos têm valor nutricional suficiente para astronautas?
Sim, insetos fornecem proteínas de alta qualidade, ácidos graxos, ferro, zinco e vitaminas do complexo B em quantidades comparáveis ou superiores a carnes tradicionais.
Astronautas já comeram insetos no espaço?
Sim, a astronauta Samantha Cristoforetti levou uma barra de cereal com farinha de grilo para sua missão em 2022.
Que sabor têm os insetos preparados para consumo?
Grilos têm gosto de nozes com toque defumado, larvas-da-farinha lembram bacon e formigas apresentam sabor cítrico.
Quais insetos são mais promissores para missões espaciais?
O grilo doméstico e a larva-da-farinha são os mais estudados e já foram aprovados para consumo humano pela União Europeia.
Por que insetos são melhores que outras fontes de proteína no espaço?
Eles são leves, adaptáveis, resistentes a estresses físicos e excelentes em converter materiais não comestíveis para humanos em proteína de qualidade.
Indicação de Leitura
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Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.
Fonte: Artigo “Insects on the space menu” Publicadono Site da ESA.
