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5 Missões a Vênus Que Podem Decolar Até 2035

Vênus acaba de perder sua última espaçonave ativa, mas não fique triste: o “gêmeo do mal” da Terra está prestes a receber uma frota de visitantes curiosos. A agência espacial japonesa declarou oficialmente o final a missão Akatsuki na semana passada, após mais de uma década orbitando nosso vizinho infernal. Contudo, cinco novas missões prometem desvendar os segredos mais sombrios de Vênus nos próximos anos. Além disso, essas expedições podem finalmente responder por que dois planetas tão parecidos seguiram caminhos tão diferentes.

Por Que Vênus É Tão Fascinante?

Vênus e Terra nasceram como gêmeos cósmicos. Ambos têm tamanho similar, composição rochosa parecida e nasceram na mesma vizinhança do Sistema Solar. Porém, enquanto a Terra desenvolveu oceanos e vida, Vênus transformou-se num inferno literal. Dessa forma, estudar Vênus é como olhar num espelho distorcido do que poderia ter acontecido com nosso próprio planeta.

A superfície venusiana atinge 462°C quente o suficiente para derreter chumbo. A pressão atmosférica equivale a estar 900 metros embaixo do oceano. Enquanto isso, nuvens de ácido sulfúrico cobrem o planeta inteiro. Portanto, cada missão a Vênus precisa ser engenhosamente projetada para sobreviver nesse ambiente hostil.

Vênus ao lado da Terra, mostrando sua atmosfera densa e amarelada, enquanto a Terra é vista com sua superfície azul e nublada. A atmosfera espessa de Vênus, composta por nuvens de ácido sulfúrico, é contrastada com a fina atmosfera da Terra, fazendo uma comparação entre os dois planetas, considerados possíveis ‘gêmeos’ em termos de tamanho e composição
Vênus ao lado da Terra, mostrando sua atmosfera densa e amarelada, enquanto a Terra é vista com sua superfície azul e nublada. A atmosfera espessa de Vênus, composta por nuvens de ácido sulfúrico, é contrastada com a fina atmosfera da Terra, fazendo uma comparação entre os dois planetas, considerados possíveis ‘gêmeos’ em termos de tamanho e composição

DAVINCI: Mergulho Nas Profundezas Venusianas

A missão DAVINCI, da NASA, custará cerca de 500 milhões de dólares e deve decolar no início da década de 2030. O projeto combina um orbitador com uma sonda de descida que mergulhará através da atmosfera infernal. Assim, pela primeira vez, cientistas mapearão a composição química da baixa atmosfera venusiana, entre 27 quilômetros de altitude e a superfície.

A sonda de um metro de diâmetro analisará as nuvens carregadas de ácido sulfúrico enquanto cai. Além disso, fotografará a região de Alpha Regio, um terreno montanhoso antigo que só foi visto por radar orbital. Segundo a NASA, essas formações podem ter bilhões de anos, representando uma das superfícies mais velhas de Vênus. Portanto, estudá-las pode revelar pistas sobre a juventude do planeta.

O grande objetivo é detectar sinais de um antigo ciclo da água. Vênus teve oceanos? Por quanto tempo? Essas perguntas podem finalmente ganhar respostas. Contudo, a missão DAVINCI enfrenta um obstáculo preocupante: está na lista de projetos cancelados no orçamento proposto pela administração Trump para 2026.

Ilustração da espaçonave DAVINCI estudando Vênus, preparada para sobrevoar as nuvens e descer até a superfície do planeta-irmão da Terra.
DAVINCI estudará Vênus desde suas nuvens até a superfície — a primeira missão a investigar o planeta usando sobrevoos e uma sonda de descida. Junto com a missão VERITAS, são as primeiras espaçonaves da NASA a explorar o planeta-irmão da Terra desde a década de 1990. Crédito: NASA

VERITAS: Mapeando a História Geológica

A VERITAS também custa meio bilhão de dólares e não decolará antes de 2031. Esta missão orbitará Vênus pelos polos, permitindo visões completas do planeta. Assim, cientistas pretendem entender como Vênus e Terra divergiram tanto em suas histórias geológicas.

O projeto usa tecnologia baseada na espaçonave MAVEN, que orbita Marte desde 2014. Inicialmente, a órbita será altamente elíptica, levando 120 horas. Depois, um segundo disparo dos motores reduzirá esse período para apenas 10 horas. Por outro lado, a técnica de “aerofrenagem” usará o arrasto da atmosfera superior para diminuir ainda mais a órbita.

Esse procedimento demorado, previsto para durar vários meses, permite que a nave carregue menos combustível. Consequentemente, sobra mais espaço para instrumentos científicos. Ao final, a VERITAS circulará o planeta em apenas 1,6 horas, durante uma missão de 2,5 anos terrestres.

Os objetivos incluem descobrir como os oceanos e o campo magnético de Vênus desapareceram. Além disso, a missão investigará como a tectônica de placas moldou o terreno venusiano. Contudo, assim como a DAVINCI, a VERITAS também enfrenta ameaça de cancelamento no orçamento federal proposto.

VERITAS, sigla para Venus Emissivity, Radio science, InSAR, Topography, And Spectroscopy, é uma órbita de Vênus projetada para revelar como os caminhos de Vênus e da Terra se divergiram e como o planeta perdeu seu potencial de habitabilidade.
Crédito: NASA/JPL
VERITAS, sigla para Venus Emissivity, Radio science, InSAR, Topography, And Spectroscopy, é uma órbita de Vênus projetada para revelar como os caminhos de Vênus e da Terra se divergiram e como o planeta perdeu seu potencial de habitabilidade. Crédito: NASA/JPL

Envision: A Contribuição Europeia

A Agência Espacial Europeia planeja lançar a Envision em novembro de 2031 ou depois. O foguete Ariane 6 levará esta missão de 610 milhões de euros ao espaço. Portanto, a missão cruzará o espaço por 15 meses antes de começar a aerofrenagem na atmosfera venusiana por mais 11 meses.

A órbita científica circulará o planeta em aproximadamente 90 minutos. Segundo a ESA, o foco principal é entender as origens da habitabilidade no Sistema Solar. Vênus pode ter tido clima parecido com o da Terra por bilhões de anos. Dessa forma, algo dramático transformou o planeta num forno.

Durante quatro anos terrestres, a Envision examinará Vênus da subsuperfície à alta atmosfera. Os instrumentos incluem radar de banda S para mapear a superfície, três espectrômetros ópticos para detectar gases vulcânicos e composição do solo, além de um radar que penetrará até um quilômetro abaixo da superfície.

A contribuição da NASA inclui o radar de abertura sintética e suporte da Deep Space Network — três grandes antenas que comunicam com espaçonaves pelo Sistema Solar. Contudo, os cortes orçamentários propostos ameaçam essa parceria internacional, conforme confirmado por autoridades da ESA.

Impressão artística da missão EnVision em Vênus. EnVision será a primeira missão a investigar o planeta desde seu núcleo até a alta atmosfera, caracterizando a interação entre suas diferentes camadas — atmosfera, superfície/subsuperfície e interior. A missão pretende oferecer uma visão holística de Vênus, estudando sua história, atividade e clima.
Crédito: ESA
Impressão artística da missão EnVision em Vênus. EnVision será a primeira missão a investigar o planeta desde seu núcleo até a alta atmosfera, caracterizando a interação entre suas diferentes camadas — atmosfera, superfície/subsuperfície e interior. A missão pretende oferecer uma visão holística de Vênus, estudando sua história, atividade e clima. Crédito: ESA

Venus Life Finder: A Primeira Missão Privada

A Rocket Lab está desenvolvendo a primeira missão privada a Vênus. Em parceria com o MIT, a empresa busca compostos orgânicos — blocos construtores da vida — nas camadas de nuvens venusianas. Originalmente programada para início de 2025, a missão agora pode decolar no verão de 2026.

O projeto custará apenas 10 milhões de dólares, segundo reportagens. Além disso, usará o foguete Electron e a espaçonave Photon da Rocket Lab, orbitando cerca de 48 quilômetros acima da superfície. Uma sonda cairá na atmosfera, coletando dados principalmente entre 60 e 45 quilômetros de altitude.

Essa região foi escolhida porque apresenta possíveis sinais de fosfina. Enquanto isso, as temperaturas e pressões nessa faixa são similares às da Terra. Durante apenas três a cinco minutos, um instrumento científico a laser atingirá moléculas nas nuvens. Portanto, ao examinar a luz espalhada, cientistas obterão informações sobre tamanho, forma e concentração das moléculas. Se forem orgânicas, podem brilhar por autofluorescência.

Ilustração mostrando a espaçonave Photon, da Rocket Lab, lançando sua sonda atmosférica em Vênus.
Crédito: Rocket Lab
Ilustração mostrando a espaçonave Photon, da Rocket Lab, lançando sua sonda atmosférica em Vênus. Crédito: Rocket Lab

Shukrayaan: A Índia Entra na Corrida

A Organização Indiana de Pesquisa Espacial planeja sua primeira missão a Vênus para 2028 ou depois. O projeto Shukrayaan custará 147 milhões de dólares e seguirá o sucesso das três missões Chandrayaan à Lua e da Mars Orbiter Mission em 2014. Contudo, o lançamento já atrasou desde a data original em 2023.

A missão orbitará Vênus para estudar superfície, atmosfera e interações solares. Além disso, testará a aerofrenagem atmosférica. Os 16 instrumentos científicos farão mapeamento de alta resolução da superfície, examinarão poeira e “brilho atmosférico”, investigarão abaixo da superfície e analisarão o espectro de raios X solares próximo ao planeta.

Segundo a agência indiana, Vênus é particularmente interessante pela atmosfera espessa de dióxido de carbono, superfície de alta pressão e ionosfera ativa influenciada pelo vento solar. Portanto, estudar essas características ajuda cientistas a entender melhor a evolução planetária.

Shukrayaan a primeira missão da Índia dedicada ao estudo de Vênus, com foco em sua atmosfera, superfície e clima. Crédito: ISRO
Shukrayaan a primeira missão da Índia dedicada ao estudo de Vênus, com foco em sua atmosfera, superfície e clima. Crédito: ISRO

O Futuro Incerto das Missões

Os cortes orçamentários propostos pela administração Trump ameaçam seriamente o futuro venusiano. A NASA pode perder 24% de seu orçamento, caindo de 24,8 bilhões para 18,8 bilhões de dólares. Enquanto isso, o Congresso debate valores alternativos, mas o governo federal entrou no segundo mês de paralisação orçamentária.

Consequentemente, missões como DAVINCI e VERITAS podem nunca decolar. A contribuição americana à Envision também está em risco. Por outro lado, as missões privada e indiana não dependem do orçamento da NASA, oferecendo esperança de que Vênus não ficará completamente esquecido.

O Gêmeo do Mal Ainda Tem Muito a Ensinar

Vênus representa um laboratório natural fascinante para entender evolução planetária. Portanto, cada missão cancelada significa perder oportunidades únicas de aprendizado. Além disso, compreender por que Vênus tornou-se inabitável pode nos ajudar a proteger nossa própria Terra das mudanças climáticas.

As cinco missões descritas aqui carregam promessas científicas extraordinárias. Contudo, o futuro permanece incerto devido a desafios políticos e orçamentários. Enquanto isso, cientistas ao redor do mundo continuam trabalhando, esperançosos de que pelo menos algumas dessas expedições decolem rumo ao planeta mais quente do Sistema Solar.

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Perguntas Frequentes Sobre a Exploração do Planeta Vênus

Quando a próxima missão a Vênus será lançada?

A Rocket Lab planeja lançar a Venus Life Finder no verão de 2026, tornando-se potencialmente a próxima missão a chegar ao planeta.

Por que Vênus é chamado de “gêmeo do mal” da Terra?

Vênus tem tamanho e composição similares à Terra, mas desenvolveu condições infernais com temperatura de 462°C e nuvens de ácido sulfúrico.

Quanto custam essas missões a Vênus?

Os custos variam bastante: a Venus Life Finder custa apenas 10 milhões de dólares, enquanto DAVINCI e VERITAS custam cerca de 500 milhões cada.

Vênus pode ter tido vida no passado?

Cientistas acreditam que Vênus pode ter tido oceanos e clima temperado por bilhões de anos, tornando possível que vida tenha existido.

O que aconteceu com a missão Akatsuki?

A missão japonesa Akatsuki, que orbitou Vênus por uma década, foi declarada morta após mais de um ano sem contato com a espaçonave.

Por que as missões da NASA estão ameaçadas?

Cortes orçamentários propostos pela administração Trump podem reduzir o orçamento da NASA em 24%, cancelando projetos como DAVINCI e VERITAS.

Quanto tempo leva para chegar a Vênus?

Dependendo da trajetória, missões a Vênus geralmente levam entre 4 e 15 meses para completar a viagem desde a Terra.

Indicação de Leitura

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Sugestões de Links Internos (Inbound)

Sugestões de Links Externos (Outbound):

NASA JPL – VERITAS
ESA – EnVision
ISRO – Shukrayaan

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