Imagine testar tecnologia espacial sem sair da Terra. É exatamente isso que a NASA está fazendo no Death Valley, transformando um dos lugares mais inóspitos dos Estados Unidos em laboratório marciano. Recentemente, engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) levaram três drones de pesquisa para as dunas da Califórnia, buscando aperfeiçoar sistemas de navegação que um dia voarão pelos céus vermelhos de Marte.
Essa iniciativa faz parte de um programa ambicioso: 25 tecnologias diferentes sendo desenvolvidas simultaneamente para revolucionar a exploração do planeta vermelho. Além disso, essas inovações prometem transformar robôs em verdadeiros exploradores autônomos, capazes de tomar decisões sem depender de comandos da Terra.

Crédito: NASA/JPL-Caltech
Por que Death Valley é o Laboratório Perfeito para Marte
Desde os anos 1970, cientistas da NASA visitam o Death Valley National Park para simular condições marcianas. O local possui características únicas que o tornam ideal para esses testes: dunas sem características visuais marcantes, rochas vulcânicas espalhadas por encostas áridas e temperaturas extremas que alcançam 45°C.
Uma região específica ganhou até o apelido de “Mars Hill” devido à sua semelhança com paisagens marcianas. Assim, essa área tem sido palco de experimentos cruciais, desde os preparativos para as missões Viking até testes do sistema de pouso de precisão do rover Perseverance.
Durante os testes mais recentes, realizados em abril e setembro, a equipe do JPL recebeu apenas a terceira licença da história para voar drones de pesquisa no parque. Portanto, cada teste representa uma oportunidade valiosa de validar tecnologias em ambiente real.

Crédito: NPS / Kurt Moses
O Desafio das Dunas Sem Características
O helicóptero Ingenuity, pioneiro dos voos marcianos, enfrentou dificuldades inesperadas durante suas últimas missões. As dunas monótonas de Marte confundiram seu sistema de navegação, que dependia de identificar características visuais no solo. Esse problema se agravou no 72º e último voo da aeronave.
“Ingenuity foi projetado para voar sobre terrenos com textura visual clara, estimando seu movimento ao observar características no solo. Contudo, eventualmente precisou cruzar áreas mais uniformes onde isso se tornou difícil”, explica Roland Brockers, pesquisador do JPL e piloto de drones.
Dessa forma, nasceu o projeto Extended Robust Aerial Autonomy. A nova tecnologia permite que futuros veículos aéreos sejam mais versáteis, navegando com segurança mesmo sobre terrenos desafiadores como dunas de areia.

Crédito: NASA/JPL-Caltech
Inovações Testadas no Calor Extremo do Deserto
Trabalhando sob tendas improvisadas com temperaturas escaldantes, a equipe monitorou seus drones através de laptops enquanto as aeronaves sobrevoavam Mars Hill e Mesquite Flats Sand Dunes. Os resultados já revelaram descobertas importantes sobre filtros de câmera que melhoram o rastreamento do solo.
Além disso, novos algoritmos demonstraram capacidade de guiar os drones para pousos seguros em terrenos repletos de obstáculos. Enquanto isso, a equipe também explorou as Dumont Dunes no deserto de Mojave, mesmo local onde o rover Curiosity teve seus sistemas de mobilidade testados em 2012.
“Testes de campo oferecem uma perspectiva muito mais abrangente do que apenas observar modelos computacionais e imagens limitadas de satélite”, destaca Nathan Williams, geólogo do JPL que anteriormente ajudou a operar o Ingenuity.

Crédito: NASA/JPL-Caltech
Robôs de Quatro Patas Explorando Terrenos Impossíveis
A inovação não se limita aos céus marcianos. Em agosto, pesquisadores do Centro Espacial Johnson, em Houston, levaram um robô quadrúpede chamado LASSIE-M para o White Sands National Park, no Novo México.
Este “cão robótico” possui motores nas pernas que medem propriedades físicas da superfície. Consequentemente, o LASSIE-M consegue ajustar sua marcha conforme encontra terrenos mais macios, soltos ou crostosos. Essas variações frequentemente indicam mudanças cientificamente interessantes no ambiente.
O objetivo é desenvolver um robô capaz de escalar terrenos rochosos ou arenosos, ambos perigosos para rovers tradicionais. Assim, ele pode atuar como batedor, explorando áreas à frente de humanos e outros robôs enquanto usa instrumentos para identificar oportunidades científicas.

Crédito: Justin Durner
Asas para o Planeta Vermelho
Outro conceito fascinante é o Mars Electric Reusable Flyer (MERF), desenvolvido pelo Centro de Pesquisa Langley da NASA, na Virgínia. Por outro lado, diferente do compacto Ingenuity, o MERF prioriza alcance em vez de tamanho reduzido.
O design parece uma única asa com dois propulsores que permitem decolagem vertical e pairar no ar. Sem fuselagem ou cauda, que seriam pesados demais, o MERF desdobrado alcança o comprimento de um pequeno ônibus escolar.
Enquanto o protótipo em escala reduzida desliza pelos campos da Virgínia, engenheiros estudam sua aerodinâmica e materiais ultraleves, essenciais para voar na atmosfera rarefeita de Marte. Dessa forma, instrumentos na parte inferior podem mapear a superfície em alta velocidade.

Crédito: NASA
O Futuro da Exploração Marciana Começa na Terra
Death Valley não é apenas um parque nacional protegido por sua beleza cênica. Como observa o superintendente Mike Reynolds, o local serve como “laboratório vivo que nos ajuda a compreender ambientes desérticos e mundos além do nosso”.
Portanto, cada teste realizado nesses desertos terrestres representa um passo crucial rumo à exploração autônoma de Marte. Com projetos focados em novas formas de geração de energia, equipamentos de perfuração e amostragem, além de software autônomo de ponta, a NASA está construindo um futuro onde robôs exploram o planeta vermelho com independência sem precedentes.
Tecnologia Espacial Moldada pelo Deserto
Os 25 projetos financiados pelo Programa de Exploração de Marte da NASA representam uma revolução na forma como exploramos outros mundos. Desde drones que navegam sobre dunas monotônicas até robôs quadrúpedes que escalam terrenos impossíveis, cada tecnologia resolve desafios específicos encontrados no ambiente marciano.
Além disso, essas inovações podem eventualmente auxiliar astronautas em futuras missões tripuladas, atuando como batedores robóticos que identificam os melhores caminhos e as descobertas científicas mais promissoras.
Quando o Deserto se Torna Portal para Outros Mundos
A história da NASA com Death Valley e outros desertos americanos demonstra uma verdade fundamental da exploração espacial: os melhores testes acontecem em ambientes extremos aqui mesmo na Terra. As lições aprendidas sob o sol escaldante da Califórnia informarão decisões cruciais sobre como explorar Marte nas próximas décadas.
Cada drone que sobrevoa Mars Hill, cada robô que escala dunas no Novo México, cada protótipo que voa pelos campos da Virgínia está escrevendo o próximo capítulo da exploração marciana. E tudo começa com cientistas determinados, trabalhando sob tendas improvisadas, transformando desertos terrestres em laboratórios para mundos distantes.
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Perguntas Frequentes
Por que a NASA testa drones em Death Valley?
Death Valley oferece condições similares a Marte, com dunas sem características visuais marcantes, temperaturas extremas e terreno árido que simula o ambiente marciano.
O que é o projeto Extended Robust Aerial Autonomy?
É um sistema de navegação desenvolvido para permitir que futuros drones marcianos voem com segurança sobre terrenos uniformes como dunas de areia, superando limitações do Ingenuity.
Como o robô LASSIE-M pode ajudar na exploração de Marte?
O LASSIE-M é um robô quadrúpede que consegue escalar terrenos rochosos e arenosos, atuando como batedor para identificar áreas cientificamente interessantes antes de enviar rovers ou astronautas.
O que torna o MERF diferente do helicóptero Ingenuity?
O MERF possui asas e maior alcance, podendo cobrir distâncias maiores e mapear áreas extensas da superfície marciana em alta velocidade, enquanto o Ingenuity priorizava compacidade.
Desde quando a NASA usa Death Valley para testes?
A NASA realiza testes em Death Valley desde os anos 1970, quando preparava as missões Viking, as primeiras a pousar em Marte.
Quantos projetos de tecnologia marciana a NASA está desenvolvendo?
Atualmente, o Programa de Exploração de Marte da NASA financia 25 tecnologias diferentes voltadas para futuras missões ao planeta vermelho.
Por que materiais ultraleves são importantes para voar em Marte?
A atmosfera de Marte é extremamente rarefeita — cerca de 1% da densidade terrestre — exigindo que aeronaves sejam incrivelmente leves para gerar sustentação suficiente.
Indicação de Leitura
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Fonte: Artigo “NASA Tests Drones in Death Valley, Preps for Martian Sands and Skies” Publicado em nasa.gov
Todos os créditos de imagem Reservados à NASA.
Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da NASA e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.
