Um grupo internacional de astrônomos registrou, pela primeira vez, um momento extremamente raro: o nascimento de um sistema planetário ao redor de uma estrela recém-formada. A equipe publicou a descoberta na revista Nature, marcando um avanço importante na busca pelos estágios iniciais da formação de planetas.
A estrela, chamada HOPS-315, fica a cerca de 1.370 anos-luz da Terra, na constelação de Órion. Trata-se de uma protostar, ou seja, uma estrela em fase embrionária, cercada por um disco de gás e poeira onde os primeiros grãos que darão origem aos planetas já começaram a se formar.
🧪 A Química do Nascimento Planetário
Usando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) e o conjunto de radiotelescópios ALMA, no Chile, os cientistas identificaram silicato cristalino e monóxido de silício (SiO) em estado aquecido no disco da estrela.
Essa composição indica que minerais já estão se formando e se aglutinando — um passo essencial no caminho da formação planetária.
“É como capturar o momento exato em que a matéria-prima dos planetas começa a surgir”, explica a astrônoma Melissa McClure, da Universidade de Leiden (Holanda), autora principal do estudo.
🔥 A Zona Quente do Disco Estelar
As observações mostraram que a região central do disco ao redor de HOPS-315 está extremamente quente. Essa temperatura elevada vaporizou rochas, que formaram um gás rico em SiO. Com o resfriamento, esse gás se condensa em minerais sólidos — os blocos fundamentais na construção de planetas.
Mais surpreendente ainda, os jatos de gás emitidos pela estrela não obscureceram o disco, como costuma acontecer em estrelas tão jovens. Essa condição excepcional permitiu uma visão inédita da região onde os planetas começam a surgir.
🧬 Um Vislumbre do Passado do Sistema Solar
De acordo com os pesquisadores, HOPS-315 pode representar uma “versão bebê” do nosso Sistema Solar. Para a astrônoma Merel van’t Hoff, da Universidade Purdue (EUA), observar esse estágio é como olhar para o passado do Sol, quando ele tinha apenas 100 mil anos de idade.
Grande parte do que sabemos sobre o início do Sistema Solar vem da análise de meteoritos antigos. No entanto, testemunhar esse processo em tempo real — como ocorreu com HOPS-315 — oferece evidências diretas e valiosas para confirmar teorias sobre a formação planetária.

🔭 O Futuro das Observações
A equipe planeja aprofundar os estudos sobre o sistema HOPS-315, investigando a estrutura do disco, sua temperatura e a presença de outras moléculas. Com isso, será possível prever se esse sistema vai de fato formar planetas — e como isso acontecerá ao longo do tempo.
“É como observar seres humanos em diferentes idades para entender como eles crescem — só que, neste caso, estamos acompanhando o desenvolvimento de sistemas planetários”, afirma van’t Hoff.
📚 Conclusão
A observação direta de HOPS-315 representa um verdadeiro marco na história da astronomia moderna. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram capturar o instante inicial da formação de um sistema planetário — um momento até então teórico, previsto em modelos, mas nunca observado com tanta clareza. Esse registro fornece provas diretas de como planetas podem surgir a partir de um disco de gás e poeira ao redor de uma estrela recém-nascida.
Mais do que uma descoberta pontual, esse achado valida previsões feitas ao longo de décadas sobre os estágios iniciais da formação planetária. Graças aos dados fornecidos pelo Telescópio Espacial James Webb e pelo ALMA, os astrônomos conseguiram não apenas identificar a presença de minerais essenciais, como também entender os processos térmicos e químicos que moldam esses ambientes primordiais.
Além disso, o caso de HOPS-315 reforça a importância de investir em tecnologias de observação de alta precisão. Agora, com ferramentas mais poderosas à disposição, conseguimos investigar regiões do cosmos que antes eram inacessíveis, o que expande significativamente nosso conhecimento sobre a origem dos planetas — inclusive da Terra.
Em resumo, o estudo de HOPS-315 não apenas ilumina os primeiros passos da formação de mundos, como também abre caminho para futuras descobertas em sistemas ainda mais jovens. O universo está repleto de estrelas em fases embrionárias, e finalmente temos os instrumentos certos para observá-las em ação — revelando como a matéria cósmica se organiza para dar origem a novos sistemas solares.
❓ FAQ – Nascimento de Sistemas Planetários
🪐 O que é HOPS-315?
É uma estrela recém-nascida localizada na constelação de Órion, envolvida por um disco de gás e poeira onde estão se formando os primeiros minerais que podem originar planetas.
🔭 Qual telescópio fez essa descoberta?
O Telescópio Espacial James Webb (JWST), em conjunto com o radiotelescópio ALMA, no Chile.
💥 O que torna essa descoberta tão especial?
É a primeira vez que astrônomos observam diretamente o início da formação de um sistema planetário, o que ajuda a compreender como nasceu o nosso próprio Sistema Solar.
🌡️ O que foi encontrado ao redor da estrela?
Foram detectados minerais cristalinos e monóxido de silício (SiO) — ingredientes fundamentais para a formação de planetas.
📅 Quando foi publicada essa descoberta?
Julho de 2025, na revista científica Nature.
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Fonte: Artigo Nature Astronomy
