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💥 Astrônomos registram, pela primeira vez, uma estrela que explodiu duas vezes

Um novo estudo promete transformar tudo o que os cientistas sabiam sobre supernovas do tipo Ia. Pela primeira vez, astrônomos conseguiram capturar evidências visuais de uma estrela que passou por duas explosões consecutivas antes de desaparecer completamente. Para isso, eles utilizaram o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO), e observaram o remanescente de supernova SNR 0509-67.5, localizado na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea.

Essa revelação impressionante não só ajuda a entender melhor como certos tipos de supernovas funcionam, mas também pode esclarecer mistérios fundamentais sobre a expansão do universo.


🌟A Supernova que Explodiu Duas Vezes

A maioria das supernovas são o resultado do colapso de estrelas muito massivas. No entanto, as supernovas do tipo Ia têm uma origem diferente: elas nascem da morte explosiva de uma anã branca, o núcleo colapsado de uma estrela semelhante ao Sol, que já esgotou seu combustível nuclear.

Geralmente, acredita-se que essas explosões ocorrem quando a anã branca, em um sistema binário, acumula matéria suficiente de uma estrela companheira até atingir um limite crítico conhecido como limite de Chandrasekhar — ponto a partir do qual ela se torna instável e explode.

Mas a nova imagem de SNR 0509-67.5 desafia esse modelo tradicional.

Esta imagem de SNR 0509-67.5 foi capturada com o instrumento Multi-Unit Spectroscopic Explorer do Very Large Telescope, do ESO. Esse equipamento permite que os astrônomos mapeiem a distribuição dos elementos químicos. Nesta imagem, o cálcio aparece representado em azul. As duas camadas concêntricas visíveis comprovam que a estrela original explodiu duas vezes.
Os astrônomos capturaram esta imagem de SNR 0509-67.5 usando o instrumento Multi-Unit Spectroscopic Explorer, acoplado ao Very Large Telescope do ESO. Esse equipamento permite mapear a distribuição dos elementos químicos presentes no espaço. Neste caso, o cálcio aparece destacado em azul. Além disso, as duas camadas concêntricas visíveis confirmam que a estrela original passou por duas explosões consecutivas.Crédito: ESO/P. Das et al. Estrelas de fundo (Hubble): K. Noll et al.

💥 Duas explosões, um só colapso

A imagem capturada com o instrumento MUSE (Multi-Unit Spectroscopic Explorer) do VLT revelou dois cascos concêntricos de material expelido. Essas estruturas, ricas em cálcio (representadas em azul na imagem), são exatamente o que os modelos teóricos previam caso uma “dupla detonação” tivesse ocorrido.

Nesse cenário alternativo, a anã branca rouba hélio de sua estrela companheira, formando uma camada instável em sua superfície. Quando essa camada entra em colapso, gera uma primeira explosão que envia uma onda de choque ao redor da estrela e, ao mesmo tempo, para o seu interior. Isso desencadeia uma segunda explosão no núcleo — a supernova em si.

Até agora, essa teoria nunca havia sido confirmada por imagens reais. A detecção dos dois cascos em SNR 0509-67.5 representa a primeira evidência visual direta de que essa “dupla detonação” realmente acontece na natureza.


🧪 Por que isso importa?

Além de ser um espetáculo cósmico, a descoberta ajuda a resolver um dos grandes mistérios da astrofísica: como exatamente as supernovas do tipo Ia explodem. Esse tipo de supernova é crucial para a astronomia porque tem brilho previsível, o que permite que cientistas a usem como “fita métrica cósmica” para medir distâncias no universo.

Foi justamente usando essas supernovas que os astrônomos descobriram, no fim dos anos 1990, que o universo está se expandindo a uma taxa acelerada — o que rendeu o Prêmio Nobel de Física em 2011.

Entender com precisão como essas explosões ocorrem permite medidas mais exatas das distâncias cósmicas e melhora nossos modelos sobre a evolução do universo.


👩‍🔬 Quem fez a descoberta?

Priyam Das, doutorando da Universidade de Nova Gales do Sul, em Canberra (Austrália), liderou a pesquisa. Além disso, a equipe publicou o estudo no dia 2 de julho de 2025, na revista Nature Astronomy.

Durante as observações, os astrônomos utilizaram o telescópio VLT, instalado no deserto do Atacama, no Chile, para registrar o fenômeno. Como resultado, o projeto reuniu uma equipe internacional de especialistas. O cientista Ivo Seitenzahl, do Instituto de Estudos Teóricos de Heidelberg, na Alemanha, também integrou o grupo e destacou que a descoberta comprova que nem todas as supernovas precisam atingir o limite de Chandrasekhar para explodir.

🌌 Um espetáculo cósmico em camadas

Para Priyam Das, o mais empolgante é ver algo tão teórico ganhar forma:

“Essa evidência palpável de uma dupla detonação não apenas ajuda a resolver um mistério antigo, como também oferece um espetáculo visual deslumbrante.”

O remanescente da supernova SNR 0509-67.5, com suas camadas brilhantes e simétricas, mostra como a morte de uma estrela pode deixar marcas complexas e belas — verdadeiras impressões digitais cósmicas.

Panorama noturno do Observatório Europeu do Sul (ESO), no deserto do Atacama, mostrando telescópios e radiotelescópios sob o céu estrelado e a Via Láctea ao fundo. Além disso, as instalações do Very Large Telescope e do ALMA aparecem iluminadas, compondo uma vista espetacular do centro de observação astronômica.
Composição de imagem mostrando todos os observatórios do ESO e a Sede.

Conclusão: Sobre a Supernova que Explodiu Duas Vezes

Em resumo, a identificação das duas explosões consecutivas na supernova SNR 0509-67.5 representa um avanço notável na astrofísica moderna. Além disso, essa descoberta não apenas confirma uma teoria de décadas, mas também redefine a maneira como os cientistas compreendem as supernovas do tipo Ia. Consequentemente, isso pode afetar diretamente os métodos utilizados para medir a expansão do universo e aprimorar os modelos cosmológicos.

Por outro lado, o fato de os astrônomos finalmente registrarem visualmente uma teoria antes restrita a simulações e cálculos comprova como a astronomia continua desvendando os segredos mais profundos do cosmos. Portanto, os pesquisadores devem conduzir, nos próximos anos, novas investigações sobre esses eventos de dupla detonação e suas implicações para a física estelar.

Em conclusão, a imagem de SNR 0509-67.5 representa mais do que um registro espetacular. Ela serve como um lembrete de que o universo ainda guarda fenômenos surpreendentes, à espera de serem descobertos.


❓FAQ – Perguntas Frequentes Sobre a Supernova que Explodiu Duas Vezes

🔹 O que é uma supernova do tipo Ia?
É uma explosão estelar causada pelo colapso de uma anã branca em um sistema binário, após acumular massa de sua estrela companheira.

🔹 O que significa uma estrela explodir duas vezes?
É o processo conhecido como dupla detonação, em que uma camada de hélio explode primeiro, disparando uma onda de choque que causa a segunda explosão no núcleo estelar.

🔹 Qual é a importância das supernovas tipo Ia?
Elas têm brilho previsível e são usadas para medir distâncias cósmicas. Foram essenciais para descobrir a expansão acelerada do universo.

🔹 Onde foi feita a descoberta?
No remanescente SNR 0509-67.5, localizado na Grande Nuvem de Magalhães, observado com o Very Large Telescope, no Chile.

🔹 Por que essa descoberta é inédita?
Porque, até então, a teoria da dupla detonação era apenas hipotética. Agora temos evidência visual direta confirmando que esse tipo de explosão realmente ocorre.


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Imagens, dados e informações utilizadas nesta matéria são de propriedade da ESO e foram disponibilizadas para fins educacionais e informativos.

Fonte: Matéria completa ESO

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