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Gelo em Marte: Vulcões Explosivos Podem Esconder Água no Equador Marciano

A Enigmática Água de Marte: Um Mistério Congelado

Marte, o planeta vermelho, há muito tempo intriga cientistas e entusiastas do espaço com a possibilidade de vida, e a presença de água é um fator crucial nessa busca. Embora a maior parte do gelo marciano se concentre nos polos, dados recentes revelam surpreendentes depósitos de hidrogênio em regiões equatoriais. Mas como o gelo chegou a esses locais inesperados? Uma nova pesquisa publicada na Nature Communications, liderada por Saira S. Hamid, Laura Kerber e Amanda B. Clarke, sugere uma resposta fascinante: vulcanismo explosivo. Este fenômeno, comum na história antiga de Marte, pode ter depositado grandes quantidades de gelo, protegendo-o da sublimação e criando um verdadeiro “oásis” de água no equador marciano. Vamos explorar essa descoberta que redefine nossa compreensão sobre a história hídrica do planeta.

a–c Dados de hidrogênio equivalente à água (WEH) do Mars Odyssey Neutron Spectrometer reconstruídos por Pixon, conforme Wilson et al., 2018, sobrepostos ao mapa de relevo sombreado do Mars Orbiter Laser Altimeter (MOLA) (iluminação do nordeste)¹⁴¹.
a As caixas pontilhadas indicam as localidades dos detalhes mostrados em (b) e (c).
b Excesso de hidrogênio em torno de Meridiani Planum e Syrtis Major.
c Excesso de hidrogênio em torno da Formação Medusae Fossae (MFF) e do Apollinaris Mon
a–c Dados de hidrogênio equivalente à água (WEH) do Mars Odyssey Neutron Spectrometer reconstruídos por Pixon, conforme Wilson et al., 2018, sobrepostos ao mapa de relevo sombreado do Mars Orbiter Laser Altimeter (MOLA) (iluminação do nordeste)¹⁴¹. a As caixas pontilhadas indicam as localidades dos detalhes mostrados em (b) e (c). b Excesso de hidrogênio em torno de Meridiani Planum e Syrtis Major. c Excesso de hidrogênio em torno da Formação Medusae Fossae (MFF) e do Apollinaris Mon

Onde Está o Gelo em Marte? Desvendando os Depósitos Equatoriais

Historicamente, os modelos climáticos de Marte indicam que o gelo de água permanece estável apenas em latitudes superiores a ±30°. Contudo, instrumentos como o Espectrômetro de Nêutrons da Mars Odyssey (MONS) detectaram um excesso significativo de hidrogênio no metro superior da superfície em regiões equatoriais, como Meridiani Planum e a Formação Medusae Fossae (MFF). Esses dados sugerem a existência de gelo maciço, um achado que desafia as expectativas. Por exemplo, segundo dados da Wilson et al. (2018), a região de Medusae Fossae pode conter até 50% de hidrogênio equivalente à água (WEH), um valor notavelmente alto. Portanto, a questão principal persiste: qual é a origem desse gelo equatorial?

Superfície planetária cinza com manchas coloridas. As manchas são azuis na parte externa, depois mudam para verde, amarelo, laranja, vermelho e branco em direção ao centro. Uma escala na parte inferior indica "Espessura Potencial do Gelo" e varia de 0 m (azul escuro) a 3.000 m (vermelho e branco)]
A Formação Medusae Fossae (MFF) de Marte consiste em uma série de depósitos esculpidos pelo vento, medindo centenas de quilômetros de largura e vários quilômetros de altura. Localizadas na fronteira entre as terras altas e baixas de Marte, essas formações são possivelmente a maior fonte de poeira em Marte e um dos depósitos mais extensos do planeta.

Vulcanismo Explosivo: Uma Nova Perspectiva para a Água Marciana

O vulcanismo, além disso, representa uma fonte conhecida de água para a atmosfera. Enquanto o degaseamento passivo libera pequenas quantidades de vapor, as erupções vulcânicas explosivas impulsionam grandes volumes de vapor d’água para as camadas superiores da atmosfera. Esse processo, então, permite que a água interaja de maneira diferente com a atmosfera marciana. Na Terra, erupções explosivas frequentemente geram “tempestades sujas” com granizo vulcânico e neve, como observado no Monte St. Helens em 1980. Em Marte, as cinzas vulcânicas, atuando como núcleos de formação de gelo, poderiam ter criado misturas de cinza-gelo ou camadas de gelo cobertas por cinzas. Essa cobertura de cinzas, ademais, isolaria o gelo subjacente, protegendo-o da sublimação e garantindo sua persistência por longos períodos. Consequentemente, o vulcanismo explosivo emerge como um mecanismo plausível para a entrega e preservação de gelo em latitudes baixas.

Simulações Climáticas: A Prova dos Vulcões de Gelo

A equipe de pesquisa utilizou o Modelo Climático Planetário Genérico do Laboratoire de Météorologie Dynamique para simular erupções vulcânicas explosivas em Marte. Os resultados revelaram que um único evento eruptivo de alta magnitude pode depositar até 5 metros de gelo na superfície. Essa quantidade de gelo, além disso, pode permanecer por longos períodos se for preservada pelo resfriamento generalizado do ácido sulfúrico vulcânico ou pelo soterramento sob poeira ou piroclastos. Dessa forma, as simulações apoiam a hipótese de que erupções explosivas atuaram como um mecanismo recorrente para levar gelo ao equador, explicando o alto teor de gelo em baixas latitudes, independentemente da obliquidade do planeta. Isso significa que o vulcanismo desempenhou um papel muito mais direto na distribuição da água marciana do que se imaginava.

Imagem do Planeta Marte capturada pelo Telescópio Hubble, com ênfase nas calotas polares. As regiões polares de Marte são visíveis com uma camada de gelo, contrastando com a superfície avermelhada do planeta. A imagem revela uma visão detalhada de Marte e suas variações climáticas.

O Papel do Ácido Sulfúrico e da Poeira na Preservação do Gelo

O estudo destaca a importância de dois fatores cruciais para a persistência do gelo: o ácido sulfúrico e a cobertura de poeira. O ácido sulfúrico, liberado durante as erupções, provoca um resfriamento atmosférico que contribui para a estabilização do gelo. Além disso, a deposição de cinzas e poeira sobre o gelo cria uma camada isolante, impedindo que ele sublime e retorne à atmosfera. Esse processo é análogo ao que se observa em vulcões terrestres, onde cinzas vulcânicas protegem o gelo. Portanto, a combinação desses elementos garante a longevidade do gelo depositado, transformando as erupções vulcânicas em verdadeiras “fábricas de gelo” para o equador marciano.

Implicações para a Exploração Futura e a Busca por Vida

Essa descoberta possui implicações profundas para a exploração futura de Marte. A presença de gelo acessível em regiões equatoriais poderia facilitar missões tripuladas, fornecendo um recurso vital para água potável, combustível de foguete e oxigênio. Além disso, a existência de gelo subsuperficial aumenta a probabilidade de encontrar vestígios de vida microbiana antiga ou até mesmo atual, pois a água é um ingrediente fundamental para a vida. Consequentemente, as áreas equatoriais, antes consideradas secas, tornam-se alvos prioritários para futuras investigações. A pesquisa abre novas avenidas para entender a habitabilidade passada e presente de Marte.

Conclusão: Marte, um Planeta de Surpresas Congeladas

A pesquisa sobre o vulcanismo explosivo em Marte revela um cenário dinâmico e complexo para a distribuição de água no planeta vermelho. A ideia de que erupções vulcânicas podem ter criado e preservado gelo em regiões equatoriais muda fundamentalmente nossa compreensão da história hídrica marciana. Como essa descoberta impactará as futuras missões e a busca por vida? A verdade é que Marte continua a nos surpreender, mostrando que a ciência está sempre em movimento. Para mais descobertas fascinantes sobre o cosmos, visite www.rolenoespaco.com.br e siga @role_no_espaco no Instagram. Juntos, continuamos a desvendar os mistérios do universo!

FAQ: Perguntas Frequentes sobre Gelo e Vulcões em Marte

1. Onde o gelo é mais comum em Marte?

O gelo em Marte é mais comum nas regiões polares, mas esta pesquisa sugere que também existe em regiões equatoriais devido ao vulcanismo explosivo.

2. O que são erupções vulcânicas explosivas em Marte?

Erupções vulcânicas explosivas em Marte ocorreram na história antiga do planeta, liberando grandes quantidades de vapor d’água e cinzas na atmosfera.

3. Como o vulcanismo explosivo pode ter levado gelo ao equador de Marte?

As erupções impulsionaram vapor d’água para a atmosfera, onde se condensou em gelo ou misturas de gelo-cinza, que caíram e foram protegidas pela própria cinza ou ácido sulfúrico.

4. Quanto gelo uma erupção pode depositar?

Simulações indicam que uma única erupção de alta magnitude pode depositar até 5 metros de gelo na superfície marciana.

5. Por que o gelo equatorial é importante para a exploração de Marte?

O gelo equatorial fornece um recurso vital para futuras missões tripuladas e aumenta as chances de encontrar evidências de vida passada ou presente em Marte.

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Fonte: Nature.com

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