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XRISM Detecta Cloro e Potássio em Cassiopeia A

Imagine olhar para o céu noturno e saber que as estrelas não apenas brilham – elas estão forjando os ingredientes da vida. Agora, pela primeira vez, cientistas detectaram claramente cloro e potássio nos restos de uma supernova usando dados do observatório espacial XRISM, resultado de uma parceria entre NASA e JAXA. Essa descoberta em Cassiopeia A, um dos remanescentes mais estudados do universo, revela como a morte estelar está profundamente conectada à nossa própria existência.

Imagem do remanescente de supernova Cassiopeia A com os campos de visão do instrumento Resolve a bordo do XRISM, mostrando forte evidência de potássio nas regiões sudeste e norte (quadrados verdes) e indícios mais fracos no oeste (quadrados amarelos), sugerindo assimetrias na estrela original.
Observações de Cassiopeia A pelo instrumento Resolve do XRISM revelam potássio concentrado no sudeste e norte do remanescente (quadrados verdes). Evidências mais fracas no oeste (quadrados amarelos) indicam possíveis assimetrias na estrela original antes da explosão.
Créditos: NASA’s Goddard Space Flight Center; X-ray: NASA/CXC/SAO; Optical: NASA/ESA/STScI; IR: NASA/ESA/CSA/STScI/Milisavljevic et al., NASA/JPL/CalTech; Processamento: NASA/CXC/SAO/J. Schmidt e K. Arcand

O Que Torna Esta Descoberta Especial

A detecção de cloro e potássio em Cassiopeia A representa um marco na astrofísica. Diferentemente de elementos mais comuns como oxigênio e carbono, esses componentes são extremamente difíceis de rastrear nos restos estelares. Além disso, o potássio desempenha papel crucial nas células e músculos do corpo humano, tornando sua origem cósmica particularmente fascinante.

Toshiki Sato, astrofísico da Universidade Meiji em Tóquio, explica que as estrelas forjam ativamente materiais que formam planetas e possibilitam a vida como conhecemos. Dessa forma, compreender quando e como esses elementos se formam nos aproxima de entender nossa própria origem.

Cassiopeia A: Um Laboratório Cósmico

Localizada a cerca de 11 mil anos-luz na constelação de Cassiopeia, Cassiopeia A é uma nuvem de detritos em expansão com aproximadamente 10 anos-luz de diâmetro. Portanto, observá-la é como examinar uma cápsula do tempo cósmica. O remanescente tem mais de 340 anos e abriga uma estrela de nêutrons superdensa em seu centro – o núcleo colapsado da estrela original.

Anteriormente, o Observatório de Raios-X Chandra da NASA já havia identificado assinaturas de ferro, silício e enxofre nessa região. Contudo, elementos mais raros permaneciam esquivos até agora. Assim, a missão XRISM trouxe a tecnologia necessária para revelar esses componentes ocultos.

Representação gráfica do Telescópio Espacial Chandra da NASA explorando o universo. Equipado para observar radiação X, o Chandra oferece imagens detalhadas de fenômenos astronômicos como buracos negros, supernovas e galáxias distantes, revelando mistérios do cosmos invisíveis a outros telescópios.
Representação gráfica do Telescópio Espacial Chandra da NASA explorando o universo. Equipado para observar radiação X, o Chandra oferece imagens detalhadas de fenômenos astronômicos como buracos negros, supernovas e galáxias distantes, revelando mistérios do cosmos invisíveis a outros telescópios.

Como o XRISM Fez a Descoberta

O instrumento Resolve a bordo do XRISM observou Cassiopeia A duas vezes em dezembro de 2023. Enquanto isso, sua alta resolução espectroscópica permitiu identificar as assinaturas únicas de cloro e potássio nos raios-X emitidos pelo remanescente. Por outro lado, missões anteriores simplesmente não tinham a sensibilidade necessária para esse tipo de detecção.

Brian Williams, cientista do projeto XRISM no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, destaca que a resolução e sensibilidade do Resolve tornam essas medições possíveis. Além disso, combinar as capacidades do XRISM com outras missões permite aos cientistas detectar elementos raros essenciais para a formação da vida no universo.

O mais surpreendente? As proporções desses elementos eram muito maiores do que o esperado. Essa abundância inesperada sugere processos de fusão nuclear mais complexos do que os modelos tradicionais previam.

Infográfico mostrando a silhueta de um corpo humano preenchida por estrelas ao lado de uma tabela com os principais elementos químicos que compõem o corpo humano oxigênio, carbono, hidrogênio, nitrogênio, cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro e magnésio destacando como todos se originaram nas estrelas.
Infográfico mostrando os elementos que formam o corpo humano e suas proporções um lembrete visual de que cada átomo em nós nasceu nas estrelas.

A Dança Nuclear Dentro das Estrelas

Estrelas funcionam como fornalhas cósmicas que produzem quase todos os elementos mais pesados que hidrogênio e hélio. Por meio de reações nucleares, calor e pressão fundem elementos leves como carbono em progressivamente mais pesados como neônio. Dessa forma, criam-se camadas internas semelhantes a uma cebola.

Contudo, reações nucleares também ocorrem durante eventos explosivos como supernovas. Quando estrelas esgotam seu combustível, elas colapsam e explodem, distribuindo elementos pelo cosmos. Portanto, as abundâncias e localizações elementares nos destroços revelam informações sobre a estrela original e sua explosão, mesmo séculos depois.

Assimetria: A Chave do Mistério

Os cientistas mapearam as observações do Resolve sobre uma imagem de Cassiopeia A capturada pelo Chandra. Assim, descobriram que cloro e potássio estavam concentrados nas partes sudeste e norte do remanescente. Essa distribuição irregular é reveladora.

A equipe acredita que atividades estelares podem ter perturbado as camadas de fusão nuclear dentro da estrela antes da explosão. Enquanto isso, esse tipo de turbulência pode ter criado condições onde cloro e potássio se formaram em abundância. Por outro lado, a distribuição assimétrica indica que a própria estrela tinha irregularidades subjacentes antes de explodir.

Paul Plucinsky, astrofísico do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, afirma que fazer medições precisas desses elementos raros ajuda a compreender a fusão nuclear que ocorre antes e durante supernovas. Além disso, há evidências crescentes de que a assimetria desempenha papel fundamental, embora muito ainda precise ser compreendido sobre como estrelas explodem e distribuem elementos pelo cosmos.

Conectando Estrelas e Vida

Pense nisso: o potássio detectado em Cassiopeia A é o mesmo elemento que permite suas células funcionarem neste exato momento. Dessa forma, somos literalmente feitos de poeira estelar. Cada átomo no seu corpo – exceto hidrogênio – foi forjado no núcleo de uma estrela ou durante uma explosão de supernova.

Essa descoberta ilustra fundamentalmente como mortes estelares e vida na Terra estão interligadas. Por fim, compreender esses processos não apenas satisfaz nossa curiosidade científica, mas também nos ajuda a entender nosso lugar no universo.

Silhueta de uma pessoa preenchida por estrelas, simbolizando que somos feitos dos mesmos elementos do cosmos. Ao lado, aparecem ícones dos principais componentes químicos do corpo humano — carbono, oxigênio, ferro e cálcio — conectando visualmente a ideia de que a vida nasceu das estrelas.
Silhueta humana composta por estrelas e elementos químicos uma representação visual da ideia de que somos feitos de poeira das estrelas.

O Futuro das Observações em Raios-X

O XRISM representa nova era na astronomia de raios-X. Com apenas 36 pixels, o instrumento Resolve captura dados extraordinários sobre composição de aglomerados de galáxias, estrelas explodidas e muito mais. Portanto, futuras observações prometem revelar ainda mais segredos sobre a química cósmica.

O Resolve também detectou possível indicação de fósforo em Cassiopeia A, elemento previamente descoberto por missões infravermelhas. Assim, a combinação de diferentes comprimentos de onda fornece visão completa desses laboratórios estelares.


A descoberta de cloro e potássio em Cassiopeia A nos lembra que somos produto de bilhões de anos de evolução cósmica. Cada estrela que brilha no céu noturno é potencial fábrica de elementos essenciais à vida. Quando olhamos para cima, não estamos apenas admirando luzes distantes – estamos vendo as forjas que criaram os blocos de construção da nossa existência.

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Perguntas Frequentes

O que é Cassiopeia A? Cassiopeia A é um remanescente de supernova localizado a cerca de 11 mil anos-luz da Terra, formado pela explosão de uma estrela massiva há mais de 340 anos.
Por que detectar cloro e potássio é importante? Esses elementos são raros e difíceis de detectar, mas essenciais para a vida. O potássio, por exemplo, é fundamental para o funcionamento das células humanas.
O que é o XRISM? XRISM é um observatório espacial de raios-X desenvolvido pela JAXA em colaboração com a NASA, equipado com o instrumento Resolve, que oferece resolução espectroscópica sem precedentes.
Como estrelas produzem elementos químicos? Através da fusão nuclear em seus núcleos: pressão e temperatura extremas fundem elementos leves em elementos mais pesados, formando camadas internas distintas.
O que a assimetria em Cassiopeia A revela? A distribuição irregular de elementos indica que a estrela original tinha uma estrutura interna assimétrica antes de explodir, mostrando processos estelares complexos.
Outros elementos foram encontrados em Cassiopeia A? Sim. Observações anteriores identificaram ferro, silício, enxofre, oxigênio e possivelmente fósforo no remanescente.
Como essa descoberta afeta nossa compreensão da vida? Ela demonstra como elementos essenciais à vida terrestre foram forjados em estrelas distantes, conectando diretamente a morte estelar à existência humana.

Indicação de Leitura

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Fonte: Artigo ”NASA-JAXA XRISM Finds Elemental Bounty in Supernova Remnant” Publicado em science.nasa.gov

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